'Victor, O Menino Selvagem' resulta do encontro entre diferentes linguagens

Jéssica Malta
Publicado em 06/09/2019 às 08:55.Atualizado em 05/09/2021 às 20:26.
 (MJC COLOMBES /DIVULGAÇÃO)
(MJC COLOMBES /DIVULGAÇÃO)

Abandonado em uma floresta pela família, um garoto é descoberto vivendo em um ambiente selvagem aos 10 anos de idade. É essa história de sobrevivência que a companhia francesa Zaï traz no espetáculo “Victor, O Menino Selvagem”. Inédita na América Latina, a montagem tem apresentação única em BH neste domingo, no Sesc Palladium. 

Misturando linguagens como o teatro de sombras e a técnica circense do mastro chinês, o espetáculo busca apresentar ao público o universo construído pelo garoto. Justamente por se tratar de um mundo mais abstrato, a peça aposta nos símbolos. “As sombras e a projeção de imagens e objetos têm esse poder sugestivo fantástico. A simplicidade das silhuetas em preto e branco, a capacidade de brincar com formas e dimensões, assim como a capacidade de esconder os fios do espetáculo são astúcias que permitem-nos levar o espectador a outro lugar”, sublinha o diretor Arnaud Préchac.

A música é outro ponto destacado. “Ela sustenta a trama visual, trazendo uma cor emocional, como no cinema. Mas com a diferença de que a música é executada ao vivo, assim o suspense e a tensão são mantidos pela trilha que acompanha o personagem e o espectador”, explica o diretor.

Arnaud Préchac pontua que a reunião dessas diferentes linguagens e a opção pelo não uso de palavras tem como objetivo propor uma viagem que não seja muito racionalizada. “Nosso objetivo é não intelectualizar demais. Esperamos que essa história dê ao espectador o prazer de interpretar cada imagem e símbolo”, afirma. Ele destaca, ainda, que a vantagem dessa escrita multidisciplinar é atuar em diferentes lugares do sensível em permitir, também, vários ângulos de visão de acordo com a imaginação de cada pessoa.

A produção das sombras, que traz a atuação de atores reais por trás de uma tela, também é uma forma de provocar o espectador, tão acostumado a um universo digital. “Propomos uma nova maneira de olhar para a tela, já que por trás dela existe mundo paralelo real. Por trás da imagem projetada, há uma ação artesanal viva”, conta. 
Inspirações

Nascido do encontro de artistas com diferentes linguagens – um mímico, um ilustrador e um músico – o espetáculo carrega um pouco das inspirações e experiências de cada um dos envolvidos em sua construção, feita de forma coletiva. “Queríamos reunir nossas sensibilidades e nossos meios de expressão para juntos contar uma história em um palco”, explica Préchac.

Além das inspirações internas, o diretor conta que o grupo se espelhou em outros trabalhos e campos como a animação, as histórias infantis, as artes visuais, os primeiros filmes do cinema mudo, a música dos filmes de aventura, a música clássica e o jazz, gestos burlescos e animais. 

Serviço
Espetáculo “Victor, O menino selvagem”, domingo, às 17h no Grande teatro do Sesc Palladium (R. Rio de Janeiro, 1046 – Centro)
Ingressos: R$25 (inteira) e R$12,50 (meia)

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