Foi da necessidade de suprir a carência de interação e atividades voltadas para deficientes que o Programa Educativo do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) desenvolveu o Circuito Sensorial. Ele consiste em ações que dialogam com a exposição “Construções Sensíveis: a experiência latino-americana na coleção de Ella Fontanal”, atualmente em cartaz na instituição.
Coordenador do programa, Mateus Mesquita destaca que a intenção é aproximar o centro cultural dos deficientes em um ambiente aberto a todos os públicos. “Queremos trazê-los, cada vez mais, para o CCBB. Já promovemos outras atividades, mas essa tem cuidado maior com pessoas com deficiência”, conta.
Estações
O Circuito Sensorial é construído a partir de quatro estações. A primeira coloca em cena a tecnologia, permitindo aos visitantes criarem, pela interação com formas geométricas, as próprias composições por meio de um software.
Na segunda, o público pode explorar a Língua Brasileira de Sinais (Libras). “A partir das letras e dos sinais, as pessoas podem criar cartazes que depois serão desmontados. É um exercício para entender o universo da pessoa surda”, explica o educador Milton Lira.
Em outro ponto, o visitante é colocado em contato direto com as formas geométricas. “A estação é composta de objetos criados para serem experimentados pelo tato. Com o contato, eles emitem sons”, expõe Lira.
A ideia é produzir uma sonoridade rítmica de olhos fechados ou com vendas, na tentativa de experimentar sensações de um deficiente visual. “Não é nada melódico, os sons vão sendo gerados com blocos e bolas de gude em timbres diferentes”, afirma o educador.
Ainda com foco no tato, a última estação convida os visitantes à criação de um livro não-objeto por meio de diversos materiais. “Cada um poderá experimentar os objetos e ajudar a montar, coletivamente, esse livro que ficará no Educativo como uma memória”, detalha o educador.
Sensibilização
Para o coordenador Mateus Mesquita, as atividades são importantes não apenas para os deficientes, mas também para sensibilizar àqueles que não possuem necessidades especiais. “Queremos criar um espaço democrático e o primeiro passo para a inclusão é a disponibilidade”, sublinha.
Milton Lira reforça o coro e pontua a importância do contato. “As atividades são um convite para que todas as pessoas possam conviver no mesmo espaço. A inclusão se dá apenas se todos são incluídos nesse universo”, coloca.
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