Entrevista exclusiva com Guto Sousa, presidente da CBFA

17/05/2016 às 01:30.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:28
 (Sidinei Mota/CBFA/Divulgação)

(Sidinei Mota/CBFA/Divulgação)

Após o lançamento oficial do Campeonato Brasileiro Unificado de Futebol Americano, que passa a ser chamado de Superliga de Futebol Americano. Tive a oportunidade de bater um papo com Guto Souza, presidente da CBFA, que está a frente dessa reformulação na entidade que comanda o esporte da bola oval em nosso país. 

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Como a CBFA conseguiu entrar em acordo com todos os times que estavam jogando o torneio Touchdown e nenhum deles deixará de jogar uma competição nacional, não haverá nenhum prejuízo para equipes, atletas e torcedores destas equipes, por outro lado, é uma excelente oportunidade de criarmos um produto de melhor qualidade, e que atrairá mais interesse dos fãs, da mídia e dos patrocinadores.

A unificação é muito importante porque mostra que não há lados diferentes, apenas um lado, de que é daqueles que querem desenvolver o futebol americano no Brasil e fazê-lo chegar num patamar mais elevado de apelo entre os brasileiros.


Quando o Torneio Touchdown anunciou que não realizaria seua edição 2016, nós fomos procurados por alguns times para entender como trabalhávamos o Campeonato Brasileiro, como poderiam fazer para se filiar. Tivemos uma reunião com representantes do conjunto dos times e saímos com uma proposta em linhas gerais para a possível unificação, que foi aprovada por todos já no dia seguinte. A unificação é muito importante porque mostra que não há lados diferentes, apenas um lado, de que é daqueles que querem desenvolver o futebol americano no Brasil e fazê-lo chegar num patamar mais elevado de apelo entre os brasileiros.

Quais os benefícios e ajudas de custo para Viagens e outros gastos, os times que disputarão a competição terão direito?
Com a criação desse novo modelo, estamos focados em um novo modelo de negócio, mais do que um simples campeonato. O departamento de marketing da CBFA tem se reunido com diversas empresas e a depender dos patrocinadores do novo Campeonato, que agora agrega um excelente valor, a união, teremos mais benefícios às equipes.

Na prática não, pois não foram duas ligas que se uniram, não houve fusão, o que houve foi a incorporação de novas equipes no projeto do Campeonato Brasileiro da CBFA, porém, simbolicamente, o peso é semelhante.


Na prática não, pois não foram duas ligas que se uniram, não houve fusão, o que houve foi a incorporação de novas equipes no projeto do Campeonato Brasileiro da CBFA, porém, simbolicamente, o peso é semelhante. Especialmente para os fãs, que poderão ver grandes clássicos e disputas inéditas, agora, realmente, entre os melhores times do Brasil.


Sim, temos contatos com diferentes setores da NFL e estamos desenvolvendo projetos em conjunto. Mas é importante salientar que a NFL, especialmente através da USA Football, que é a Federação Americana, sabe que o Brasil tem uma grande importância estratégica no cenário global para o desenvolvimento do futebol americano. 


Sem dúvida a TV é fundamental na profissionalização de qualquer esporte, em qualquer lugar do mundo. Há muitos anos negociamos com as emissoras de TV, mas para uma emissora se interessar em comprar os direitos de transmissão, em investir no produto futebol americano, primeiro temos que ter um produto atrativo para elas. Por isso é importante, especialmente nesse momento de união, criarmos um produto novo, não apenas mais um campeonato. 


Certamente, isto já está acontecendo. Era muito comum, no cenário anterior, uma emissora dizer: "a gente não vai dar tal matéria porque os torcedores do 'outro' campeonato ficam reclamando nas redes sociais", ou possíveis patrocinadores questionarem a legitimidade de um ou de outra competição, ou mesmo argumentarem que até acreditam no produto, mas que não fecham porque o concorrente está na outra liga e isso divide a atenção. Por isso era tão importante a CBFA abraçar esses times e essa oportunidade. No contexto atual do país, uma mensagem de união, de superar as diferenças em busca de um bem maior, tem um forte apelo.

Ano passado repetimos vimos o Cuiabá Arsenal colocar 14 mil pessoas na Arena Pantanal. Esse ano a final do Campeonato Gaúcho será no Beira-Rio e o Independência, em Belo Horizonte recebeu 6 mil pessoas para a abertura do Campeonato Mineiro. Sem contar que o futebol americano já supera as médias de público do futebol profissional em algumas cidades.


Sim, participei ativamente, ao lado do Julio Adeodato, das negociações e da organização do jogo Recife Mariners x João Pessoa Espectros na Arena Pernambuco em 2014, jogo que recebeu 7 mil torcedores e que foi a primeira experiência do FA nacional em um estádio da Copa do Mundo da FIFA. Ano passado repetimos a dose e vimos o Cuiabá Arsenal colocar 14 mil pessoas na Arena Pantanal. Esse ano a final do Campeonato Gaúcho será no Beira-Rio e o Independência, em Belo Horizonte recebeu 6 mil pessoas para a abertura do Campeonato Mineiro. Sem contar que o futebol americano já supera as médias de público do futebol profissional em algumas cidades. É algo que não tem mais volta. Depois de consolidado o esporte, a tendência é mais estádios receberem o futebol americano. 


Mas pensando em modelo de negócio, em crenças, seguimos uma mesma linha, que é acreditar que o melhor produto esportivo é aquele onde o fator imprevisibilidade é o mais importante. Se você observar os jogos entre Espectros, Mariners, Crocodiles e Arsenal nos últimos anos, verá que 3 foram decididos na prorrogação e outros 4 terminaram com diferença de 1 ou 2 pontos, com viradas de placar no último segundo. Também houve jogos equilibradíssimos no Torneio Touchdown, envolvendo Vasco, Flamengo, Tritões ou T-Rex, por exemplo. É isso que o público gosta: de não saber quem vai ganhar. Da sensação de que tudo pode acontecer. Desse roteiro aberto que só o esporte proporciona. E com o novo formato do Campeonato Brasileiro teremos uma maior possibilidade disso. Hoje, não pra arriscar quem seriam os 8 melhores ao final da temporada, por exemplo. Na NFL, como em todas as ligas americanas, o equilíbrio esportivo é fruto da paridade econômica e de processos como o draft, e os pisos e tetos salariais. Aqui, como não somos profissionais ainda, precisamos primeiramente de um modelo, mas a essência é a mesma.

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