'Nosso objetivo é ficar entre os 10 primeiros da Série B', afirma Roger Silva, técnico do Athletic
Em sua 3ª passagem pelo Esquadrão de São João del-Rei, treinador também fala sobre importância da SAF, que possibilita trabalho de longo prazo no clube

O ano de 2025 do Athletic, time de São João del-Rei, no Campo das Vertentes, promete ser agitado. O clube, que vem se tornando exemplo de gestão, vai disputar a Copa do Brasil, a Série B do Brasileirão e, agora, o Troféu Inconfidência, torneio que já faturou no ano passado.
Desde a conquista, o time do interior de Minas é comandado por Roger Silva. O treinador terá a missão de guiar o clube ao inédito bicampeonato. O ex-centroavante deu detalhes sobre a expectativa para a primeira disputa de segunda divisão do clube e os benefícios de se trabalhar em uma SAF. Confira a entrevista ao Hoje em Dia.
Mesmo não classificado para as finais do Mineiro, o Athletic teve uma das melhores campanhas do campeonato, disputado com gigantes como Atlético e Cruzeiro. O que você pode destacar da campanha?
Primeiro, agradecer a Deus por tudo que a gente tem vivido nesse tempo. É manter a base de um ano para o outro, acho que essa tem sido a ideia ao longo desses três, quatro anos que estou à frente. Sempre tentar manter a base titular ou 70%, 80% daqueles que já estão no processo para o próximo ano. Acho que isso faz toda a diferença. Você larga na frente, tem jogadores que conhecem o teu perfil de trabalho, modelo de jogo e até mesmo a minha personalidade, o meu trato com os atletas, o nível de cobrança. Com certeza é uma das receitas, manter uma base de um ano para o outro, com menos troca possível e aumentando o nível da equipe.
Esta é a sua terceira passagem pelo clube e em todas você manteve um trabalho a longo prazo. Os resultados em campo se devem a essa continuidade? Na SAF essa permanência é mais normalizada?
Não tenho dúvida que manter a base a longo prazo é receita de sucesso. Se você pega o Palmeiras nos últimos cinco anos, se você pega o Fortaleza, que pra mim é um modelo de gestão a ser copiado, se você pega o Mirassol, que é um emergente que acabou de subir, você vê modelos muito parecidos com o Athletic. Mantendo sempre uma grande parte dos atletas, acreditando na comissão técnica, tendo poucas trocas de treinadores. Acho que essa é uma ideia a longo prazo e que dá certo. É a minha terceira passagem e a gente vai colhendo frutos de um planejamento. Eu acredito que passa por essa sequência e por um planejamento bem feito de todos. Diretoria, comissão técnica e a base dos atletas, que para mim, é imprescindível para você ter uma sequência de vitórias.
Você já atuou tanto como jogador quanto como treinador em diversos clubes, enfrentando todo tipo de situação. Qual a principal diferença desses clubes para uma SAF, como é o caso do Athletic?
Acho que é uma mudança gritante da minha carreira de atleta para treinador no modelo dos clubes, no modelo de gestão. Acho que com a SAF, a coisa anda mais profissional, anda mais no modelo da empresa. Está mais próximo daquilo que a gente vê como um modelo empresarial, algo bem voltado a isso. Mas o futebol, ele tem as suas diferenças, que é a paixão, a torcida, o amor pela instituição. Então acho que houve uma mudança muito grande e acredito que vem para mudar, vem para ser melhor, acho que essa é a minha fala. A SAF deve profissionalizar um pouco mais o futebol, a gente acredita nisso, fielmente, que vem para agregar. A SAF vem para trazer benefícios aos clubes, deixar os setores mais profissionais. Mas o meu pedido é que o amor, a paixão e o calor da torcida nunca acabem.
Pela primeira vez, o Athletic vai disputar a Série B do Campeonato Brasileiro. Até onde você acredita e quer chegar com o Athletic na competição?
Bom, nós somos o debutante na Série B. Eu acredito que o nosso trabalho tem que ser simples e humilde em dizer que o nosso grande objetivo é a permanência, ficar entre os 10 primeiros. Fazer uma Série B consistente, de boas pontuações, fazendo valer o fator casa onde a gente sabe que nós somos muito fortes e isso tem que prevalecer. O nosso torcedor faz toda a diferença, em São João del-Rei. É fazer valer o fator casa e depois sonhar. Eu acho que essa é a ideia. O Athletic precisa estar no primeiro bloco dos 10, se manter nele firme e fiel durante grande parte do campeonato e depois sonhar. E na reta final, sonhar com acesso. Claro, acho que todo mundo sonha. Mas hoje a gente entende que a permanência é o melhor. Uma grande vitória, um grande êxito, uma equipe que voltou ao futebol há oito, nove anos, é um grande feito se nós conseguirmos permanecer fazendo um campeonato seguro, essa é a nossa ideia. Montar uma equipe com 25, 26 atletas prontos para jogar e que a gente possa realmente fazer um campeonato seguro.
Recentemente, o Athletic fez uma série de obras na Arena Sicredi, incluindo o aumento na capacidade de torcedores para a disputa da Série B. O quanto jogar em casa, em São João del-Rei, pode ajudar o Esquadrão na competição?
Nós precisamos muito do nosso estádio, principalmente na Série B. A gente sabe que a gente é muito forte em São João del-Rei, o torcedor nos abraça mesmo, dificilmente sobra um ingresso. A gente sabe que a torcida é apaixonada pelo esquadrão, a cidade é movida pelo futebol, pelas conquistas, por tudo aquilo que a gente tem conquistado dentro de campo e eles têm nos ajudado muito. A casa está ficando bonita, estão reformando as arquibancadas, colocando arquibancadas novas. A gente está passando por um processo de reforma que é pra receber todo mundo melhor, poder entregar um gramado melhor também para quem vai nos visitar. Mas faz toda a diferença, a gente precisa muito da nossa casa e todo mundo sabe o quão forte é o Athletic que, se eu não me engano, tem uma média de 80% de vitórias dentro de casa. Então é uma média que a gente precisa manter mesmo, acreditar que isso faz toda a diferença e buscar dentro de casa sempre.
O jogo da final contra o Volta Redonda, na Série C, talvez tenha sido a sua maior decepção na sua carreira de treinador. A perda daquele título foi um dos motivos para você renovar e tentar conquistar algo mais pelo Athletic?
É, realmente eu fiquei muito triste com a derrota para o Volta. Eu acreditei muito que nós poderíamos reverter dentro de casa, até por aquilo que foi feito durante toda a Série C. Mas ficou a tristeza por não ter ganho, mas também ficou o sentimento de querer vencer, de querer conquistar um título, de tentar um acesso na Série B. Claro, primeiro o objetivo, mais uma vez eu reitero que é a permanência e estar entre os 10, mas por que não sonhar? Eu acho que isso nos motivou a ficar, nos motivou a renovar, nos motivou a continuar com esse projeto, tão vitorioso que tem sido. E nos trouxe mais experiência.
Você foi um grande centroavante e os três times da capital estão vivendo um grande período de jogadores da posição. O Gabigol no Cruzeiro, o Hulk no Atlético e o próprio Jonathas, atualmente no América e que você treinou no Athletic. Como você avalia o momento desses jogadores e qual deles é sua aposta para artilheiro do ano em Minas?
Cara, realmente acho que Minas com grandes noves. Tem o Hulk, Deyverson também, tem Gabigol. Daqui a pouco o Lincoln (Athletic) está recuperando a carreira, é um jovem ainda, mas tem tudo para ser um grande nome no mercado brasileiro. Tem o Gustavo também que está aqui com a gente, um jovem que é uma aposta do clube. Feliz por o estado ter tantos grandes jogadores e o Athletic está podendo fazer frente.
Se pudesse escolher qualquer jogador do mundo, qual você teria a vontade de ter no elenco e de treinar?
Acho que gostaria de dois. Gosto de dois caras que, para mim, vivem grande momento no clube deles. Eu gostaria de ter o Vinicius Junior. É um cara que vence os duelos, é um cara que chama a responsabilidade, faz a coisa acontecer. E eu gostaria de ter o Rodrygo também, se eu pudesse ter os dois. Com certeza, faria toda a diferença. Gostaria de ter os dois por tudo que eles têm entregado durante esses anos, pela performance do Real Madrid e por serem brasileiros também.
Quais são os planos de carreira do treinador Roger?
Com certeza fazer uma grande Série B. A gente precisa montar uma equipe forte, consistente, que entenda aquilo que a gente quer, o modelo de jogo e que realmente a gente possa fazer um grande ano juntos novamente. O plano é esse, que eu possa permanecer, fazer uma grande série B, como eu já disse: consistente, firme, esse é o plano do Roger no momento.