Os 230 mil usuários do metrô de Belo Horizonte amanheceram ontem sem esse importantíssimo meio de transporte. Os metroviários decidiram na véspera fazer greve de 24 horas. Seu sindicato justificou a paralisação, dizendo que eles estão preocupados com a possibilidade de privatização do metrô e que isso poderia resultar em demissão em massa e aumento das tarifas. Há nisso um equívoco e, sem dúvida, precipitação.
Os grevistas não levam em conta aqueles para os quais realmente trabalham: os usuários do metrô, que nem ao menos foram avisados com a devida antecedência sobre a greve. Desprezaram, além disso, determinação da Justiça para que 70% da frota funcionassem no horário de pico e no mínimo 50% nos demais horários. Na manhã de ontem, a CBTU, a empresa pública responsável pelo metrô construído com os impostos pagos por todos nós, informou que nenhum trem circulou.
O que há é desinformação por parte dos que fizeram essa paralisação. Não se conhece uma proposta para a privatização. Mesmo que houvesse, não haveria desemprego em massa, a menos que a nova gestão descobrisse que o metrô está com excesso de pessoal. Será que a estatal se transformou num “cabide de empregos” desde que começou a operar em 1986?
Existe sim entendimentos entre o governo federal, o governo de Minas e as prefeituras de Belo Horizonte e Contagem, para que o metrô venha a ser ampliado sob nova direção: a da Metrominas – Trem Metropolitano de Belo Horizonte S.A., uma empresa pública criada em 1997 pela Lei 12.590, com a finalidade de planejar, implantar, operar e explorar os serviços de transporte de passageiros sobre trilhos na Região Metropolitana.
Essa empresa estatal, que não difere de muitas outras, incluindo a CBTU, tem como proprietários o governo de Minas e as prefeituras de Belo Horizonte e Contagem. Está vinculada administrativamente à Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas. Ela, inclusive, já fez as sondagens de solo visando à construção da Linha 3, trecho subterrâneo de 4,5 quilômetros, da Lagoinha à Savassi.
Fariam melhor os metroviários se, em vez de cruzarem os braços, como já se está tornando um hábito, se movimentassem para que o metrô seja ampliado, para que sirva a um maior número de usuários, proporcionando mais empregos e bem-estar para todos.
Essa conscientização tem feito falta ao Brasil, como um todo. Por isso, é elogiável a iniciativa do Tribunal Regional Eleitoral mineiro. Na véspera dessa greve absurda, pôs um ônibus para ir a escolas em Belo Horizonte para incentivar os jovens com idades entre 16 e 17 anos a tirarem seus títulos eleitorais. E a votarem, conscientes da importância de escolher bons candidatos, em outubro próximo.
Soluções de problemas, como o do metrô, começam em geral nos resultados das eleições.