Se vale a pena vir de longe para fazer compras no Barro Preto, imagine morar por lá. Entre as vantagens apontadas por moradores estão a infraestrutura, com agências bancárias, escolas, supermercados, bares e restaurantes, padarias, armarinhos e, claro, o polo da moda.
“Aqui tem tudo. Fica próximo do Mercado Central, tem escolas, hospitais, lojas de roupas. Meu carro quase não sai da garagem”, afirma o psicólogo Carlos Roberto Siqueira, que se mudou de Contagem para um edifício na avenida Augusto de Lima em 2007.
Morador do Barro Preto desde a infância, Leonardo Jardim recorda o tempo em que podia brincar na Praça Raul Soares, quando andava de bicicleta no local à noite. Agora, segundo ele, não dá para passar nem durante o dia por causa do risco de assalto por lá.

“O bairro é tranquilo, não vejo perigo em sair à noite. Mas a praça é perigosa por causa das pessoas que ficam ociosas ali. Muitos moradores de rua dormem em frente ao Tribunal do Trabalho em busca de segurança; esses não incomodam. Os que incomodam são aqueles que ficam na praça”, diz Leonardo.
Segundo a Polícia Militar, os sem-teto na Raul Soares são um problema social. “São necessárias políticas públicas para evitar a ocupação inadequada da praça”, afirma o major Vanderlan Rolim, da 5ª Companhia do 1º Batalhão.
Marco zero de BH, a Praça Raul Soares está no cruzamento de quatro avenidas que ligam as regiões Leste e Oeste, Norte e Sul da cidade; são elas: Bias Fortes, Augusto de Lima, Olegário Maciel e Amazonas, todas passando pelo Barro Preto
Cultura
Vizinho do Barro Preto, o crítico de música José Carlos Buzelin lembra que o bairro abriga a maior sala de concertos do Brasil: a Sala Minas Gerais. “Temos também grandes empresas de móveis que nasceram aqui e marceneiros, verdadeiros artistas locais. Um deles projetou minha mesa, em tamanho exclusivo”, ressalta ele, lembrando que o Cine Candelária, inaugurado em 1952 e desativado em 2004, após um incêndio, foi um ícone do Barro Preto.

ARTISTAS LOCAIS – A mesa feita sob medida para a sala do crítico de música José Carlos Buzelin foi projetada por um marceneiro do Barro Preto