
Quintais, mestras da culinária local, cansanções, gondós, beldroegas, guisadinhos, uma cidade periférica e suas riquezas foram tema de discussão que envolveu chefs, referências da gastronomia mineira, socióloga da alimentação e representante da Secretaria do Turismo de Minas no 1º Seminário do Festival Igarapé Bem Temperado (IBT), que chegou à 12ª edição.
Há 15 anos, o idealizador do festival, Carlos Stan, e a esposa e historiadora Cássia Resende começavam uma pesquisa sobre a história de Igarapé, cuja origem remonta as expedições tropeiras em Minas. Do estudo surgiu o desejo de trabalhar, resgatar e divulgar os costumes e saberes da culinária caipira local.
Começo
Assim nasceu, em 2005, o Igarapé Bem Temperado, que tem como estrelas senhoras com mais de 60 anos, guardiãs das receitas e modos de fazer culinários da cidade.
Com este grupo, o trabalho acontece durante grande parte do ano sendo realizados pela equipe do projeto: oficinas de memória culinária, cursos de capacitação e treinamento, visitas, cafés e encontros. Nessas experiências, vai se construindo a edição seguinte da festa na praça, onde culmina o Festival, sempre em meados de julho.

“Ao longo da trajetória fomos percebendo muitos desdobramentos como o ganho de auto estima das mestras, o reposicionamento social delas, a melhoria da condição econômica das famílias participantes do evento”, destaca Carlos Stan.
“Foi pensando na relevância dessas características do IBT que decidimos realizar um seminário, convidando profissionais de referência, que conhecessem a experiência do festival, reapresentando-o para o público apreciador. O retorno foi muito positivo” explica a gestora do festival, Letícia Cabral.
Participantes
O Seminário contou com a presença da Dra. Mônica Abdala, pesquisadora da sociologia da alimentação, docente na Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e autora do livro Receita de Mineiridade, que veio para Igarapé especialmente para o seminário.
Além dela, os chefs Eduardo Avelar, dedicado ao projeto Territórios Gastronômicos, e um dos criadores da ONG Conspiração Gastronômica, e Edson Puiati, pesquisador e coordenador do curso de graduação em gastronomia da Una.

Para discutir a importância de Festivais como o IBT no desenvolvimento do turismo gastronômico no estado, participou a Coordenadora Especial de Gastronomia da Secretaria de Estado do Turismo, Nathalia Farah.
“Entendemos a realização deste seminário como um marco na história do IBT e reflexo de um processo de amadurecimento do festival”, afirma Carlos Oliveira Stan.