Especialistas apontam o ajuste fiscal como prioridade para a retomada

Giulia Mendes
gandrade@hojeemdia.com.br
Publicado em 12/05/2016 às 20:35.Atualizado em 16/11/2021 às 03:24.
 (Lucas Prates)
(Lucas Prates)

A posse de Michel Temer como presidente interino do Brasil pode levar o país a uma recuperação econômica, mesmo que tímida, já em 2017, na avaliação de especialistas. A posição assumida impõe uma série de desafios espinhosos a Temer para a retomada da confiança e do crescimento, considerando a deterioração de indicadores como PIB, inflação, desemprego e dívida deixados pela administração de Dilma Rousseff.

Mas tudo depende da velocidade com que Temer irá agir, na opinião da professora de Economia da FGV/ Faculdade IBS Virene Roxo Matesco. Segundo ela, a preocupação central do governo é sinalizar um ajuste fiscal, e as primeiras ações deverão começar a aparecer em, no máximo, três dias. “A dívida pública está numa trajetória explosiva e agências estão rebaixando as notas de crédito do Brasil, o que torna a situação do país ainda mais grave. Portanto, a questão fiscal é a mais urgente. Depois, o governo deve discutir reformas, dentro do prazo de 15 dias para aproveitar a ‘lua de mel’ entre Temer e o Congresso”, disse.

Novos impostos

“Nada de excepcional diante das incertezas do momento, considerando que Dilma pode também retomar o posto. Com Henrique Meirelles do Ministério da Fazenda, um dos mais robustos profissionais da área, Temer ganha pontos”. 

Logo após o afastamento de Dilma Rousseff da presidência da República, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou comunicado dizendo que o aumento da participação privada no governo abrirá caminho para a modernização da infraestrutura. Segundo a entidade, com investimentos de apenas 2% do PIB nessa área, o Brasil convive com estradas de má qualidade, portos ineficientes, falhas no fornecimento de energia e inúmeros problemas de logística que encarecem a produção e tiram a capacidade das empresas de competirem no mercado internacional.

Por meio de nota, o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL), Bruno Falci, informou que acredita que o presidente interino terá que executar tarefas quase impossíveis, o que pode inclusive acabar com a boa relação que tem mantido com os oposicionistas de Dilma. “Entre elas está a construção de um governo de coalização nacional”, disse.

Ao longo dos até 180 dias que Dilma poderá ficar afastada, aguardando julgamento do Senado, Michel Temer assume com “plenos poderes”.

“Se Dilma voltar, pode rever todos os atos praticados por ele como decretos, resoluções e nomeações. Com exceção, claro, do que estiver em tramitação no Legislativo”, explica o professor constitucionalista da Una e procurador do  Estado Daniel Cateb. 

Para o professor de Direito Constitucional do Ibmec Vladimir Feijó, há de se esperar que Temer tenha responsabilidade. “É um governo transitório e que pode não se sustentar a longo prazo. Ele não deve tentar uma guinada muito grande, porque isso pode causar mais transtornos ao país, caso Dilma se restabeleça”. 

 

Um país à espera de reformas
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