Toda véspera de Copa as discussões sobre futebol ganham bons ingredientes, e os principais questionamentos são sobre quem será o craque do Mundial ou decidirá os jogos. Geralmente, as apostas recaem sobre os centroavantes ou os meias.

A partir de 12 junho, quando a bola rolar no Itaquerão para Brasil e Croácia, na abertura do torneio de 2014, um outro estilo de jogador tende a roubar a cena. Os pontas, que andavam sumidos desde a década de 1980, pisarão nos gramados brasileiros na condição de grandes estrelas da disputa. Cristiano Ronaldo, Neymar, Hazard, Götze, Pedro, Dí Maria, Robben e Ribéry que o digam.

Prova disso é que Alemanha, Espanha, Argentina, Brasil, Holanda, Portugal, França, Inglaterra, Uruguai e até mesmo a Itália contam com jogadores habilidosos que atuam do meio para a frente pelas laterais, chegando ao ataque com velocidade, mas também ajudando na recomposição. A evolução do futebol nos últimos 30 anos fez com que a posição fosse praticamente extinta. Os times tinham uma dupla de atacantes, com um deles caindo pelos lados.

Retomada

A escalação de dois pontas foi retomada há alguns anos, graças ao sucesso de equipes do futebol europeu que atuavam com dois meias abertos pelas laterais. Hoje, isso é quase uma regra. No badalado clássico de domingo, quando o Barcelona venceu o Real Madrid por 4 a 3, no Santiago Bernabéu, a partida foi recheada de gols que saíram justamente de jogadas criadas pelos pontas modernos ou de pênaltis que eles sofreram. As evoluções física e tática do futebol também foram responsáveis pela reinvenção da posição. A presença dos novos pontas aumenta o poder ofensivo das equipes, pois só se destacam na função jogadores de boa qualidade técnica.

Por outro lado, os pontas modernos têm um papel defensivo importante, que inexistia antigamente. Eles ajudam na marcação dos laterais adversários e também são os responsáveis pelo chamado fechamento do meio-de-campo. Nas funções ofensivas, os pontas modernos também tiveram que se adaptar a algumas exigências. Uma delas é atuar em lado invertido aos pés dominantes. Os destros jogam pela esquerda, os canhotos pela direita. Dessa forma, eles conseguem um ângulo maior para a criação de jogadas e para as finalizações. Além de ganhar mais espaço para os dribles.

Melhor time do mundo na atualidade, o Bayern de Munique, que ontem garantiu o bicampeonato alemão, dando sequência a uma rotina de conquistas que parece não ter fim, usa o francês Ribéry, que é destro, como ponta esquerda. Já o holandês Robben, que é canhoto, atua pelo lado direito. O grupo de Guardiola conta ainda com uma das grandes revelações da função, o alemão Götze, que é o reserva imediato dos dois titulares e exerce a função na seleção do seu país.

Cada vez mais a impressão é a de que o sucesso nos gramados brasileiros será de quem conseguir eficiência jogando pelas chamadas beiradas.

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