O seu currículo faz inveja a qualquer craque. Afinal, qual jogador não gostaria de ter conquistado a Tríplice Coroa (pelo Cruzeiro), o Brasileiro (Santos), a Liga Espanhola (Real Madrid) e a Copa Libertadores (Atlético)?    Patrícia Teixeira se tornou uma referência da nutrição esportiva. Há 13 anos, coleciona feitos pelos clubes por onde passa. No Dia Internacional da Mulher, a nutricionista do Galo, que ainda encontra tempo para cuidar das filhas Vitória e Bruna, que nasceu há três semanas, recebeu o Hoje em Dia em sua casa e falou sobre a experiência de trabalhar no alvinegro.    Patrícia comentou a relação com os jogadores, as refeições dos astros e, é claro, sobre Ronaldinho Gaúcho. “Só tenho a elogiá-lo”, revela.    Trabalhar num universo basicamente masculino te incomoda? Não. Às vezes, me sinto um ‘peixe fora d’água’. É um universo masculino. Mas trabalhar com homens é positivo, eles são objetivos. Isso ajuda. Sempre impus respeito e tiveram respeito comigo. Você se adapta. Porém fico mais sozinha nas viagens, porque os atletas ficam juntos, têm a mesma cabeça, a mesma rotina. Estou acostumada. São quatro anos no Atlético já e 13 na nutrição esportiva.    Como é sua atividade no dia a dia do Galo? O foco é no futebol. Colhemos o sangue de cada jogador. Fazemos um questionário abrangente sobre os seus hábitos alimentares. Visito a casa dos jogadores, tenho contato com as esposas, mães ou pessoas que cuidam da alimentação deles. Também tem a dieta individualizada. Cada atleta recebe indicações personalizadas. Além disso, sou responsável por indicar a alimentação nas viagens e tudo mais. Em todo processo, a pré-temporada é muito importante.   Mas os titulares do Atlético tiveram apenas nove dias de pré-temporada em 2014. Como trataram isso? Uma coisa que contou muito a nosso favor é que o elenco se manteve quase o mesmo. Então, os atletas já tinham um acompanhamento profissional há muito tempo. Assim, se policiaram durante as férias e chegaram mais preparados. Observamos cada um. Eles fizeram direitinho, de forma compenetrada, seguindo a reeducação alimentar proposta.   Nas viagens, como faz para controlar a alimentação do elenco? É muito importante manter o controle higiênico, para evitar doenças. Mando cardápio com antecedência e qualquer dúvida dos chefs dos hoteis, eles me contactam. Eu geralmente viajo com a delegação. Quando chegamos ao destino, trato de checar tudo na cozinha. Até hoje, nunca me deparei com um quadro de intoxicação. Mas já tive de mudar tudo, “tapar fogo”.    Como são as refeições dos atletas em dia de jogo? A grande refeição é feita a três horas do jogo. Uma hora antes, eu dou uma recarga de carboidrato, ou seja, uma barrinha de cereal, biscoito, um isotônico para reidratar. A “gasolina” do jogador é o glicogênio muscular. Então, se eles têm o máximo de estoque de glicogênio, vão render mais e melhor, principalmente no segundo tempo. Os estudos científicos colocam que uma nutrição adequada aumenta em 30% a velocidade e distância percorrida no segundo tempo.    A questão da cervejinha, do álcool em geral, como fica? Muitas vezes, temos de ter jogo de cintura com os jogadores. Nada é proibido ou imposto, tudo é explicado. Sempre acho que chegar no jogador e explicar cientificamente é a melhor a solução.   O Walter se destacou ano passado com um peso muito acima do recomendado. Como viu seu desempenho? Ele tem técnica. Se acrescentasse a parte física, renderia ainda mais, com certeza. São duas coisas que somam. A velocidade dele seria maior, o cansaço menor, a agilidade melhor. Ele se destacaria muito mais.   O Ronaldinho é disciplinado? O Ronaldo é super tranquilo. Ele tem seu hábito e tratamos de nos adequar a isso. Mas ele também se adequa ao nosso trabalho. O Ronaldinho sempre esteve com o físico 100% bem. Só tenho a elogiá-lo.

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