A volta do velho xodó da Massa

Felipe Torres- Hoje em Dia
29/03/2014 às 07:35.
Atualizado em 18/11/2021 às 01:49
 (Flávio Tavares - Hoje em Dia)

(Flávio Tavares - Hoje em Dia)

Em questão de segundos, se percebe que o Atlético exerce o papel de “melhor amigo” de Fillipe Soutto. O Galo esteve presente em todos os grandes momentos da vida do volante. Afinal, dos 23 anos do jovem, 18 foram dedicados ao clube.    Porém, quis o destino que no momento de maior glória do alvinegro, Soutto estivesse longe. Durante a histórica campanha da conquista da Copa Libertadores, ele defendia as cores do Vasco. “Acompanhei tudo do Rio”, lembra.    Agora, Fillipe Souto voltou para ficar. Recuperado de uma lesão no cotovelo direito, o atleta pode entrar em campo pela primeira vez na temporada neste domingo (30), às 18h30, diante do América, no segundo jogo da semifinal do Mineiro, no Horto.    Fillipe Soutto recebeu o Hoje em Dia em sua casa e se mostrou otimista com a chance de recuperar o posto de xodó da Massa.    Retorno    “Fiquei muito feliz ao voltar para o Atlético. Quando o Paulo Autuori assumiu o comando técnico e pediu a minha permanência, foi fantástico. Esse era o meu desejo. Fui relacionado para o primeiro jogo do ano. Só que, logo depois, me lesionei. Agora, estou 100%, bem fisicamente, na expectativa de ter uma oportunidade de vestir novamente a camisa do Galo. Acabei relacionado para a primeira semifinal do Mineiro, contra o América. Fiquei contente e na esperança de jogar”.    Semifinal   “O Autuori não falou nada comigo de atuar domingo. Mas o Paulo tem por característica treinar da mesma forma todos os jogadores do elenco. Ele monta o treino com essa meta. O que faz com o atleta titular, faz com o reserva, o garoto que acabou de subir da base, o cara que volta de lesão. Gosta de deixar todos preparados para atuar”.    Autuori   “O Paulo é um cara muito humano, que se preocupa não só com o atleta, mas com a pessoa, o pai de família. Isso é raro no futebol. Além disso, mostra competência, que sabe planejar e executar todo o processo do trabalho. Ele nos cobra o alto nível, mas entende nossas dificuldades. Seu comportamento gera em nós, jogadores, uma vontade de ajudá-lo muito grande. Quando o treinador caminha ao nosso lado, cria-se esse sentimento”.    Saída    “Em 2013, eu fiz o pedido para sair. Só eu sei o que passei no Galo para chegar ao profissional, para ter meu trabalho reconhecido, e depois não ter. Foi um momento de dificuldade. Queria recuperar minha confiança, minha alegria no futebol. Em 2012, tive poucas oportunidades. Fui com o aval do Cuca (técnico), Eduardo Maluf (diretor de futebol) e Alexandre Kalil (presidente). No Vasco, tive bons e maus momentos. Mas costumo olhar pelo lado positivo. Voltei mais maduro, com novas experiências. Serviu também como combustível para eu valorizar o que o Atlético me oferece”.   Frustração   “No ano de 2012, até tive uma sequência boa, mas não era a preferência do Cuca. Sempre que ele tinha a oportunidade de me tirar do time, me tirava. Eu respeitava, mas sabia que vinha acontecendo com frequência. Me machuquei e, quando voltei, a situação continuou a mesma”.    Libertadores   “Um misto de sentimentos ao ver o Galo ganhar. Primeiro alegria, por saber que o clube merecia esta conquista, que foi um momento especial. Um pouco de frustração por não estar fazendo parte, logo eu que passei minha vida toda no Galo. Eu saí e as coisas aconteceram. Eu vi todos os jogos da Libertadores, fiquei ligado, torcendo muito pelos meus amigos. Assisti à final com minha família no Rio, vi a felicidade dos ex-companheiros”.   Clube   “Pra quem esteve no Atlético no período em que caiu para Segunda Divisão, em que aconteciam atrasos de salário, o CT não funcionava bem, saber que o clube conseguiu comemorar o título da Libertadores é fantástico. Assim que voltei, senti a mudança de ambiente, o clima todo diferente. Em campo, a pressão é maior, mas o respeito dos adversários também cresceu. Espero fazer parte de novas conquistas”.    Amigos   “Este ano tenho dividido quarto com o Pierre, que é um amigo muito íntegro. Já conhecia o Marcos Rocha e o Eron, da base. Também converso muito com o Victor, o Réver e o Guilherme, com quem tenho mais contato. Meu grande amigo mesmo era o Bernard, que foi embora. O ambiente é ótimo.    Base   Eu cheguei ao Atlético em 1996, aos 5 anos, na escolinha. Fiquei na base até 2009, quando subi pela primeira vez. Até a pré-temporada de 2011, com o Dorival Júnior, treinava no profissional e jogava pelo Júnior. Durante todo este tempo, passei por momentos de dificuldade e pensei em desistir. Superei a desconfiança dos outros. Mas todas essas fases me ajudaram a chegar aonde cheguei, e vão me ajudar a conquistar mais coisas”.    2014    “O time não está desmotivado. Como o Paulo Autuori sempre gosta destacar: ‘Ganhar a Libertadores é difícil, mas ser bicampeão é muito mais’. Essa se tornou nossa motivação. Mas isso de jogar bem é relativo. Os resultados vão vir. O elenco é muito forte”.    Ronaldinho   “Quando o Ronaldo chegou, eu tomei um susto, como qualquer outra pessoa. Nada da negociação vazou para nós. Na verdade, era um dia de treino normal. Pela manhã, saíram algumas notícias falando que ele poderia vir. Eu não acreditei e fui treinar. Não botei fé mesmo. No momento em que entrei na Cidade do Galo, vi imprensa do mundo inteiro, helicóptero e aquela bagunça. Eu pensei: ‘Ah, deve ser verdade! Para mim que eles não prepararam essa recepção’. Daí, nos trocamos e fomos comer no refeitório. Eu sentei junto ao Bernard e outros atletas. De repente, o Ronaldinho entra no local e vem nos cumprimentar. Eu travei na hora, o cumprimentei e comentei: ‘Nossa, é o cara mesmo’. O Ronaldo se trocou e dali a 15 minutos estava no campo, com o helicóptero quase batendo na cabeça dele. R10 é um cara simples, amigo e muito humilde. Merece tudo de bom”.    Bernard   “Bernard conseguiu contradizer o que todos falavam sobre ele. Eu passei dificuldades na base, mas o Bernard passou muito mais. A descrença em relação ao seu futebol foi muita, principalmente pelo seu tamanho e físico. Muitos duvidavam que vingaria. Mas o Bernard conseguiu provar o contrário e eu fico muito feliz. Temos uma amizade bacana mesmo e todas as vezes que falo com ele sinto que está realizado. Espero que vá para a Copa, continue evoluindo na carreira. Quero voltar a jogar com ele depois”.    Hobbies “ Sou tranquilo, gosto de ficar em casa. Vou à igreja, saio com minha família, amigos e namorada. Mas, na maior parte do tempo, prefiro estar em casa, bem tranquilo”.  

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