Administrador de 43 anos usa o curso da água para suprir ausência do mar

Henrique André - Hoje em Dia
18/02/2015 às 08:59.
Atualizado em 18/11/2021 às 06:03

(Arquivo Pessoal)

Bem distante das praias do Havaí, onde o surfista brasileiro Gabriel Medina conquistou o primeiro título do país no Circuito Mundial de Surfe (WCT), o administrador de empresas Paulo Guido, 43 anos, pratica o esporte desde 1988. A grande curiosidade é que a praia de Guido é outra. Nascido e criado em Governador Valadares, cidade localizada a 320 quilômetros de Belo Horizonte, ele pega a prancha e encara as ondas de quase dois metros de altura do Rio Doce.
“Como Minas não tem mar, tive que arrumar uma forma de suprir esta necessidade pessoal”, conta Guido, amante declarado do surfe. Ele conheceu a modalidade em água doce na década de 80, ao assistir vídeos gravados por um amigo que visitara o pai na Suíça.   Especialista nas ondas de água doce, o surfista mineiro, em 2010, mostrou que também se dá bem no mar. Na 4ª edição do Campeonato Mineiro de Surf, que aconteceu em Búzios/RJ, Guido superou todos os adversários e acabou se sagrando campeão. Nos dois anos seguintes, acabou na terceira colocação.   Sobre as diferenças de surfar no rio e no mar, o valadarense explica que a principal mudança é no formato das ondas. “No mar, a onda depende de fatores naturais como o vento. Já no rio, ela é formada pelo volume de água e pelo formato das pedras”, explica.   A melhor época para surfar em Governador Valadares é de dezembro a março. No entanto, com a falta de chuva e diminuição do nível do Rio Doce, as ondas não têm atingido a altura costumeira. “Esta foi a pior época desde que comecei a surfar aqui. Até agora não encarei nenhuma onda de dois metros (de altura)”, conta Guido. Ele mora próximo à beira do Rio Doce há 32 anos.   Por outro lado, quando as chuvas caem em grande volume e enchem o rio, Guido e os amigos surfistas têm um obstáculo pela frente na Corredeira do Urubu: os caldos. “Como a água do rio é mais escura que a do mar, é muito complicado quando levamos um caldo”, conta o mineiro. “A sensação é desesperadora, já que não enxergamos nada pela frente. Quando volto à superfície, vem o alívio”, completa.   Modalidade amadora   Comum na Europa, mas pouco praticado no Brasil, o surfe de água doce não tem nenhuma liga oficial. “Tentamos fazer um campeonato, mas não foi viável. Os custos não compensavam pelo número de participantes. Poucos se interessaram”, conta o mineiro. Para se preparar, Guido pratica canoagem, mountain bike, corrida e frequenta aulas de pilates.   Gabriel Medina é o surfista que mais faturou em 2014   Primeiro brasileiro campeão do mundial de surfe – título conquistado no final do ano passado –, o brasileiro Gabriel Medina, 20 anos, é um dos cinco indicados ao prêmio Laureus, uma das premiações esportivas mais importantes no cenário internacional. Medina concorrerá na categoria melhor atleta de ação.   Entre todos os surfistas que disputaram o Circuito Mundial de Surfe (WCT) em 2014, o brasileiro – nascido em São Paulo – foi o que mais faturou no ano passado. Com US$ 431.500 (R$ 1,153 milhão, na cotação da época), Medina ficou na frente do australiano Mick Fanning, que recebeu US$ 397.000 (R$ 1,061 milhão) em prêmios.    Dentre os brasileiros, Adriano de Souza foi quem mais faturou em premia-ções depois de Gabriel Medina. Ele ficou com US$ 137,500 (R$ 367 mil).    Premiação principal   Já no quesito “melhor atleta do ano” estarão concorrendo ao Laureus o jogador português Cristiano Ronaldo, o piloto Lewis Hamilton, o tenista Novak Djokovic, o piloto de Moto GP Marc Márquez e o golfista Rory Mcillroy. Os vencedores serão anunciados em abril.

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