Alexandre Grasseli está perto de fazer história na Angola

Henrique André - Hoje em Dia
22/11/2014 às 17:33.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:07

(Divulgação)

Todos sabem que Cruzeiro e Atlético decidem na próxima quarta-feira (26), a final da Copa do Brasil. No entanto, o que muita gente não sabe é que no continente africano um treinador brasileiro terá a oportunidade de levantar o caneco de uma competição com o mesmo peso. Alexandre Grasseli, treinador do Petros de Luanda, disputará neste domingo a grande decisão da Taça da Angola.   "O momento do nosso time é de muita maturidade. Temos um trabalho consolidado de 11 meses e durante este período fizemos muitos ajustes no elenco", conta Grasseli.   Caso conquiste o título, o brasileiro, que já passou por Cruzeiro e América, levará o time angolano à terceira conquista, se consolidando como o maior vencedor do país.   A partida, contra a equipe do Benfica, será realizada no estádio Nacional 11 de Novembro. De acordo com o treinador brasileiro, o clube de Luanda, em 2015, se tornará exemplo de gestão no país.   Como foi o campeão da edição passada, o Petros já entrou na terceira fase da competição. Nela, derrotou o time do 4 de Abril e, em seguida, o Libolo, atual campeão nacional. Já o Benfica, terceiro colocado no Girabola - que pode ser comparado ao Campeonato Brasileiro - passou pelo Kabuscorp, um dos principais clubes angolanos, e agora decidirá a Taça.   Abaixo um bate papo com o treinador brasileiro Alexandre Grasseli. Confira:     No próximo dia 15 de dezembro você completa 1 ano de contrato com o Petro de Luanda, uma das equipes mais populares do futebol angolano. Olhando em retrospectiva, quais foram seus melhores momentos ao longo deste ano?   Sem dúvida uma das equipes mais influentes do futebol angolano de muita historia, conquistas e glorias. Penso que tivemos dois bons momentos o primeiro logo no início da temporada iniciamos uma competição continental a Copa Nelson Mandela, competição que o Petro a 10 anos não passava da primeira eliminatória e com méritos conseguimos chegar a ultima eliminatória passando por adversários tradicionais como Ismailia do Egito. O outro bom momento é o que estamos vivendo na Taça da Angola classificados para a final com chances de ser tricampeão e conquistar o primeiro título no meu primeiro ano de futebol angolano.   Você que já trabalhou no América e no Cruzeiro como vê o atual momento do futebol mineiro?    Um momento iluminado! Perceba os resultados de Cruzeiro, Atlético, América,  Boa e Tombense. O titulo da serie D credencia o bom trabalho da Tombense, o Boa segue firme na luta pelo acesso a serie A do brasileiro, já o América ainda tem chances porém por questões administrativas, ou seja, extra campo ja poderia estar classificado a serie A, o Atletico pela final da copa do Brasil e o bom momento no brasileiro e o grande destaque na minha opinião o Cruzeiro que vai ser Bi campeão com todos os méritos. Sobre o Cruzeiro tenho grande orgulho pelos jogadores com quem trabalhei e pude contribuir de alguma forma na sua formação como Lucas Silva, Alisson, Walace (recem negociado com Monaco), Vinicius Araújo e Mayke são jogadores de muito futuro, parabéns a formação estrelada.    No Brasil, o futebol angolano é muito pouco conhecido, mas vem se desevolvendo a cada ano. Temos até um jogador Angolano o Geraldo no Coritiba. Como surgiu a oportunidade de treinar um grande clube na Angola? Qual o papel da Live em todo esse processo?    Realmente o futebol Angolano vem crescendo sobremaneira e acredito que em pouco tempo será ainda mais valorizado, estou e quero contribuir de alguma forma para que isso aconteça, por isso acredito que essa oportunidade é muito valiosa. Agradeço a Live na pessoa do Bernardo Caixeta pelo profissionalismo na intermediação do contato com o Petro de Luanda. No inicio não tínhamos muitas informações em relação ao futebol Angolano e a Live foi fundamental a medida que intermediou todo o processo no Brasil bem como em Luanda e essa excelente oportunidade profissional pode se concretizar.   A pressão sobre os treinadores na Angola é parecida com a brasileira, em que uma pequena série de resultados negativos já é suficiente para colocar os treinadores sob risco de demissão?   Acredito que resultado é termômetro de todo treinador em qualquer clube do mundo. Porém aqui em Luanda especificamente no Petro de Luanda, sob a administração do presidente eleito Tomas Farias o resultado é uma parte do processo. Temos um projeto no Petro de um trabalho a longo prazo que tem inicio em 2015 até 2018. Esse é um projeto do clube definido de acordo dom bases técnicas e administrativas coerentes que vai passar por várias etapas e como eu disse tenho certeza que posso contribuir para o sucesso.   É possível comparar a estrutura do Petro com a dos clubes brasileiros? O que o clube oferece em termos de estrutura e como isso favorece novos aprendizados? A questão salarial, qual a média dos jogadores e treinadores no país?   O Petro hoje é um clube que oferece de forma objetiva tudo que uma equipe necessita para o desenvolvimento do dia a dia de um clube de futebol. Conta com um campo de grama natural e outro sintético, uma sala de musculação e vestiários novos entregues no inicio do corrente ano, um refeitório, um auditório enfim uma estrutura boa de trabalho. Porém o projeto é que o Petro se desenvolva não somente no aspecto administrativo organizacional e sim também no aspecto estrutural com a construção de um novo Centro de Treinamento moderno que possa agregar todas as categorias. Em relação ao mercado de jogadores e treinadores Angola conta com um mercado bem aberto cada equipe pode ter 5 estrangeiros e atualmente conta com treinadores de diversas partes do mundo.    Como funciona o calendário Angolano? Quais competições vocês disputaram ao longo desse ano? Também tem competições internacionais com a libertadores da América? O Petro participou?    Temos quatro competições ao longo do ano. O Girabola que é nosso campeonato nacional, A Copa Nelson Mandela, a Taça da Angola e a Supertaça. A competição que podemos comparar com a Taca Libertadores é a Copa Nelson Mandela em que esse ano fizemos uma boa apresentação passando por quatro eliminatórias, feito que não acontecia a 10 temporadas.   Como você enxerga as perspectivas do futebol angolano? O país tem condições de voltar a uma Copa do Mundo, repetindo 2006?      Acredito que o caminho é uma maior organização e trabalho a longo prazo, apostar no trabalho sem imediatismo além de valorizar os muitos talentos jovens que Angola produz. Por exemplo esse ano ano no nosso trabalho revelamos bons jogadores que vejo em condições de vestir a camisa da seleção Angolana de futebol, casos como o do Diógenes meia, Carlinhos também meia, Abdul zagueiro e Filhão atacante ainda lançamos do sub 20 esse ano para o profissional 3 jogadores de muito potencial, dois atacantes Paizinho e Mavambo e um zagueiro Tomé. Peso que esse é o caminho para Angola repetir o feito de 2006.   Qual a relação do angolano com o futebol? É o esporte mais popular do país? Quais campeonatos internacionais os angolanos acompanham? Você identifica algum trabalho específico de popularização de marca de clubes internacionais no país, como lojas ou realização de amistosos?   O futebol é sem dúvida a grande paixão do Angolano. Clubes como o Petro arrastam multidões em grandes jogos. No que se refere ao futebol internacional admiram muito o futebol brasileiro apesar de que é inegável que os resultados da copa do mundo não foi o que todos esperavam, acompanham também o futebol Português além é claro dos grandes campeonatos do mundo Alemão, Inglês e Espanhol. Como eu disse o futebol é a paixão do povo Angolano. Num passado mais ou menos recente Angola recebeu grandes equipes tais como Vasco e Portuguesa, equipes do primeiro escalão de Portugal. Vejo que esse intercambio de escolas é fundamental para o crescimento do jogador Angolano.   Você enxerga possibilidade de um maior desenvolvimento de intercâmbio entre o futebol brasileiro e o angolano, como por exemplo a vinda de jogadores africanos para temporadas de treinamento em clubes brasileiros? Os atletas angolanos têm algo a oferecer, em termos de talento, ao futebol brasileiro?    Geraldo jogador do Coritiba é o grande exemplo que o jogador Angolano tem potencial. O mercado mundial do futebol ainda não se despertou para o futebol Angolano. O jogador Angolano tem grande potencial, o que estamos fazendo no Petro é o inicio da consolidação desse talento é valorizar o jogador Angolano desenvolve-lo até o ponto que se torne atraente ao olhos do futebol mundial e o intercambio com o Brasil  é uma das ferramentas para esse projeto.   Entre seus atletas atuais, há algum que poderia ser aproveitado por um grande clube brasileiro? Qual(is) e qual as principais características dele(s)?   Como citei anteriormente alguns nomes se destacam atualmente no elenco do Petro as características mais marcantes são o futebol de dribles e o vigor físico o que na minha opinião tem muito haver com os grandes nomes do futebol mundial.   Você tem contrato até o final de 2015, pretende cumprir o contrato ou já teve sondagens?  Em que a experiência na Angola irá ajudar num eventual retorno ao Brasil?    Sondagens no futebol é muito comum todos nós treinadores que trabalhamos em grandes equipes convivemos com isso naturalmente. Porém meu foco hoje é no projeto Petro de Luanda tenho grandes desafios a serem cumpridos, metas a serem alcançadas e o ano de 2015 pode ser muito gratificante e de sucesso. Me sinto muito feliz aqui em Luanda e isso é o que mais importa na minha relação profissional com o Petro, o clube acredita no meu trabalho e quando esse casamento acontece bons resultados se concretizam. 

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