(PIGISTE/AFP)
Nascido Cassius Marcellus Clay Junior, imortalizado Muhammad Ali. O maior pugilista de todos os tempos perdeu na madrugada de ontem a batalha contra o mal de Parkinson, que prejudicou severamente a fala e as habilidades motoras nos últimos 30 anos de vida.
A morte, em decorrência de problemas respiratórios, foi anunciada após dias internado em um hospital de Phoenix, capital do Arizona. A perda do esporte repercutiu em todo o mundo.
O americano sagrou-se campeão olímpico, participou da luta do século e foi o primeiro tricampeão mundial dos pesados, dominando os ringues no período mais competitivo entre os grandalhões. O atleta se transformou na primeira estrela globalizada do esporte.
Muhammad Ali, no entanto, extrapolou as lutas nos ringues. Encarou os próprios norte-americanos ao se recusar a ir para a Guerra do Vietnã, foi ativista contra o racismo e converteu-se ao islamismo.
Ali não apenas foi um dos maiores astros da história do esporte, mas também um dos mais brilhantes frasistas do planeta. Com sua impressionante agilidade verbal, provocava os adversários sem piedade. Apesar de parecer arrogante, jamais ganhou a antipatia do público graças ao inigualável carisma.
Não ao Vietnã
Em 1967, quando era campeão mundial, Ali começou uma luta diferente. Recrutado pelo exército, se negou a aceitar o alistamento militar. Alegou a crença religiosa muçulmana como oposição à guerra do Vietnã.
Porém, foi acusado de delito considerado grave. Teve o título retirado, assim como a licença de boxeador.
O atleta foi sentenciado como culpado. Impedido de competir profissionalmente no período, Ali perdeu mais de três anos do melhor momento da carreira. O Supremo Tribunal dos Estados Unidos revogou a condenação apenas em junho de 1971.
Emoção
Muito emocionado com a perda de Muhammad Ali, o presidente dos Estados Unidos Barack Obama escreveu uma carta aberta, em homenagem ao ex-pugilista. Na publicação, fez questão de ressaltar não apenas os feitos no esporte, mas as lutas pelos direitos civis
Talento descoberto aos 12 anos
As dificuldades começaram cedo, já que cresceu no sul segregado dos EUA e sofreu com o preconceito racial. Talvez, por este motivo, tenha abraçado o boxe e aos 12 anos descobriu o talento para o esporte. Na época, teve a bicicleta roubada e fez a denúncia. O policial que o atendeu, Joe Martin, o convenceu de que deveria aprender a se defender, virando seu primeiro treinador no ginásio Columbia de Louisville.
Ali, o filantropo
Depois da aposentadoria, Ali se dedicou à filantropia. Anunciou em 1984 que havia sido diagnosticado com o mal de Parkinson e se envolveu com a arrecadação de fundos para uma fundação em prol dos doentes. Em 1996, emocionou o mundo ao ascender a pira olímpica dos Jogos de Atlanta, com o corpo todo tremendo por causa da doença.
Parkinson foi consequência do boxe
Para muitos especialistas, o transtorno neurológico incapacitante de Ali não foi um acidente, mas o resultado trágico da carreira de mais de três décadas como boxeador. Médicos falaram de “demência pugilística” para descrever os danos cerebrais observados.
*Com agências
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