Quis o destino, ou melhor, a direção da Primeira Liga, que Cruzeiro e Atlético duelassem logo no segundo jogo oficial de ambos os clubes neste ano. O clássico pela rodada inicial da competição interestadual, marcado para as 19h30 de quarta-feira, envolverá duas equipes ainda em fase de recondicionamento técnico, tático e físico. Algo que afetará diretamente no rendimento dentro de campo.
A realização deste embate entre os rivais logo na segunda semana de temporada ainda será válido para um torneio de pouco peso, tendo em vista as pretensões da dupla mineira em 2017. Nada, porém, poderá afetar a sede de vencer o maior rival. Missão a cargo de Mano Menezes e Roger Machado, claramente incomodados por um encontro tão aguardado ter sido marcado logo de cara.
“É difícil um clássico tão cedo. As equipes estão começando a se desenhar. Mas a nossa vida de treinador não é mole nunca, essa será só mais uma dificuldade, e vamos conviver com ela”, avaliou o cruzeirense. “Segunda partida da temporada ser um clássico… Às vezes, quem faz o calendário não pensa nem um pouquinho no treinador. Mas faz parte”, acrescentou o comandante atleticano.
A Primeira Liga decidiu por reunir times próximos geograficamente na definição dos grupos. Assim, Raposa e Galo estão na mesma chave, assim como Joinville e Chapecoense, ambos de Santa Catarina.
31 mil ingressos haviam sido vendidos de forma antecipada até a última parcial divulgada pelos clubes, na noite de segunda-feira. Atleticanos compraram 15.819 e cruzeirenses, 15.564.
O aspecto a ser comemorado e preservado pelas torcidas é que ambas poderão comparecer ao Mineirão em igualdade. Desde a reinauguração do Gigante da Pampulha, em 2013, que o maior espetáculo mineiro não tinha 50% de alvinegros e 50% de celestes disputando quem canta mais alto nas arquibancadas.
“O Mineirão dividido é bom. Porque os clássicos foram feitos pra ser jogados assim. E eu espero que as duas torcidas aproveitem a oportunidade para mostrarem que é possível a gente fazer isso em outras oportunidades também”, conclui Mano.
Por outro lado, os 60 mil ingressos colocados à venda pelos dois clubes são destinados a uma partida marcada para uma quarta-feira às 19h30, o que promete provocar ainda mais impacto no caótico trânsito na “hora do rush” da capital.
BUROCRACIA E DESFALQUES
O clássico bem que poderia marcar as estreias do meia Thiago Neves e do volante Elias nos respectivos clubes. Os dois principais reforços para 2017, porém, deverão acompanhar o jogo como espectadores.
Thiago depende da documentação do Al Jazira para ser inscrito no Boletim Informativo Diário da CBF. Vale lembrar que ele conseguiu a rescisão de contrato na Fifa, por falta de pagamento de salários.
Já Elias, anunciado oficialmente na última sexta-feira, ainda não tem data definida para chegar à Cidade do Galo. Mesmo treinando na Europa, ele dificilmente teria condições de jogo, uma vez que vinha atuando ocasionalmente pelo Sporting-POR e não entra em campo desde o dia 8 de janeiro.
As equipes serão desfalcadas ainda por figuras importantes que se encontram lesionadas ou em fase final de tratamento. Os capitães, por exemplo, não devem jogar. O goleiro Fábio e o zagueiro Leonardo Silva já foram liberados para treinar após contusões, mas ainda recuperam o ritmo – o cruzeirense não atua desde agosto do ano passado, e o atleticano, desde outubro.
Na Raposa, o zagueiro Dedé e o atacante Judivan seguem poupados, e o volante Lucas Romero virou dúvida. No Galo, o goleiro Victor está vetado por lesão, o zagueiro Erazo ainda faz reforço muscular, o meia Luan sentiu dores no joelho direito, e o atacante Fred está suspenso.
‘PIMENTA’
Logo após vencer o Villa Nova na estreia do Campeonato Mineiro, o técnico cruzeirense “cutucou” os adversários, colocando um ingrediente adicional de provocação ao Atlético.
Ao comentar a vitória por 2 a 1 sobre o Villa Nova, Mano ressaltou que ela foi “limpa, sem pênalti duvidoso”. O técnico, obviamente, se referia ao gol que decretou a vitória do Atlético por 1 a 0 sobre o América-TO, no sábado. Fred converteu pênalti sofrido por ele mesmo ao ser agarrado na área. Mas o atacante também puxou o defensor, e a marcação causou revolta e polêmica.
“Ele (Mano) deu uma declaração infeliz. Todo mundo viu que foi pênalti. A gente deixa de lado. Estamos focados, e tenho certeza de que vai ser um grande jogo”, reagiu o zagueiro atleticano Gabriel.