Antigo celeiro de craques, futsal mineiro agoniza com a má gestão e falta de incentivo

Da Redação *
esportes@hojeemdia.com.br
28/10/2016 às 20:35.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:26

(Divulgação/Facebook )

Dois títulos da Liga Futsal, três da Taça Brasil, um Campeonato Sulamericano e um Mundial de Clubes. O futsal de Minas Gerais, além das inúmeras conquistas, se notabilizou pelos grandes times, pelos fortes campeonatos, e por ser um celeiro de craques. Entretanto, o cenário atual é bem diferente do vivido nas últimas decadas, em que o futsal de Minas Gerais era referência para o restante do Brasil. Desde 2012, o estado conta apenas com um represenante na Liga Nacional de Futsal - o Minas Tênis Clube. Atualmente, a equipe da Rua da Bahia é a única profissional do estado.  Clubes tradicionais como Atlético, Olympico Club, Praia Clube, Recreativo, Saraca e Fildalféia, já não possuem times na categoria adulto. Alguns desses, inclusive, desativaram todo o departamento de futsal. No final dos anos de 1990, o Atlético, comandado por craques como Manoel Tobias, Falcão e Lenísio, foi bicampeão Brasileiro e conquistou o título Mundial, em 1998.  O reflexo da ausência dos principais times do estado está nos campeonatos organizados pela Federação Mineira de Futsal.  Em 2016, a falta de interesse dos clubes, fez com que o Campeonato Metropolitano, uma das principais competições do estado, não fosse disputado. Já o Campeonato Estadual, ainda não tem data, local, fórmula de disputa, nem número de participantes definidos. A expectativa é de que apenas cinco equipes participem do torneio: SupermecadosBH/Minas, Tupi-JF, Sociedade Esportiva Amigos-TO, Uberândia e Prefeitura de Padre Paraíso. O número se assemelha ao dos últimos dois anos, em que apenas seis equipes disputaram a principal competição do estado. Importante ressaltar, que apesar de toda a prepração dos clube, sejam eles profissionais ou amadores, o torneio foi realizado em dois fim de semanas, em que as equipes disputaram no máximo seis jogos.  O fixo Ciço, campeão Mundial com Seleção Brasileira em 2008, é o principal jogador do SupermercadosBH/Minas, que busca retomar o caminho das conquistas.Luan Amaral/ ADC Intelli / N/A Em relação ao cenário atual do futsal mineiro, o jogador foi incisivo, destacando as dificuldades encontradas pelos atletas em Minas Gerais.  "Não pode um Estadual ter cinco equipes. Não pode um Estadual ser realizado só no fim do ano. Não pode, quem vive disso, como o Minas, os jogadores do Minas, ter um campeonato, infelizmente, tão fraco. É uma coisa que chega a beirar o absurdo. Mas é uma coisa que é geral do nosso esporte, que é do Brasil, que se não melhorar lá em cima, que é a confederação, o reflexo vem aqui em baixo", destacou Ciço.  Para Rafael Cozzi, treinador das equipes sub-17 e sub-20, e último treinador da equipe adulta do Olympico, a crise no futsal mineiro se dá basicamente por dois motivos.  "Um deles é a questão financeira. Em qualquer setor, hoje em dia, a questão financeira pesa muito. A outra questão é a gestão. Não tenho dúvidas que precisamos de uma gestão melhor preparada. A federação teve um presidente por mais de 30 anos. A federação não toma conta do esporte só da capital, toma conta de todo o estado. O Praia já cosneguiu jogar a Liga com o dinheiro da Pepsi, há alguns anos, mas são projetos curtos, pontuais. Então, vejo essas duas questões, a  financeira, a falta de apoio dos patrocinadores, mas a principal questão é a gestão da federação". Federação se defende  Muito da situação atual do futsal mineiro se deve ao legado deixado pelo ex-presidente da Federação Mineira de Futsal (FMFS), Marcos Madeira, que esteve à frente da instituição por mais de 30 anos. Madeira atualmente é presidente da Confederação Brasileira de Futsal (CBFS). A FMF atualmente é comandada por José Raimundo de Carvalho, de 59 anos, que assumiu o cargo em março desse ano.  Sobre os questionamentos ao Campeonato Estadual, José Raimundo se defendeu, alegando dificuldades em modificar o modelo da competição.  "Minas Gerais possuiu uma grande extensão territorial e isso dificulta a realização de um Campeonato Estadual com uma duração maior, em virtude de questões como a logística das viagens, o transporte e a hospedagem das equipes, por exemplo. Além disso, também precisamos facilitar a vida dos nossos atletas, na medida do possível. Muitos jogadores precisam conciliar a participação nas competições e o dia-a-dia nos clubes com outras atividades acadêmicas ou profissionais".  O mandatário também indicou qual o caminho a ser seguido, na busca da recuperação do futsal mineiro.  "No momento, precisamos viabilizar alguns projetos pela Lei de Incentivo ao Esporte. Temos alguns aprovados, outros ainda pendentes, nas instâncias federal e estadual, mas ainda esbarramos na questão da captação de recursos. Já visitamos diversas empresas e, infelizmente, ainda não recebemos um retorno concreto". Reflexo na Seleção Pentacampeã mundial, a seleção brasileira vêm de uma traumática eliminação para o Irã, nas oitavas de final da Copa do Mundo de Futsal, disputada na Colômbia, em setembro.  A derrota marcou a despedida do craque Falcão, que, aos 39 anos, disputou sua última competição oficial com a camisa verde e amarela. Quem também deixou a Seleção foi o técnico Serginho, assim como vários membros da comissão técnica.  A CBFS não definiu o nome do novo técnico. Desse modo, André Bié, técnico do time sub-20, vai comandar o Brasil no amistoso com o Paraguai, neste domingo (30), às 10h, em Sorocaba.  * Colaborou Lucas Borges 

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