Ao ídolo, com carinho: o tetra de Lewis Hamilton que orgulharia Ayrton Senna

Rodrigo Gini
Hoje em Dia - Belo Horizonte
30/10/2017 às 21:11.
Atualizado em 02/11/2021 às 23:28
 (Clive Mason/AFP)

(Clive Mason/AFP)

Ele tem a velocidade no nome – muita gente não sabe, mas o pai, Anthony, resolveu homenagear o multicampeão olímpico Carl Lewis, invertendo os nomes. Além disso, a história do menino de 10 anos, que, ao receber uma premiação da revista inglesa Autosport como destaque no kart fez questão de procurar na cerimônia o ex-homem-forte da McLaren Ron Dennis, manifestando o desejo de um dia defender a lendária escuderia, entrou para o folclore do automobilismo.

Não só Lewis Carl Hamilton conseguiu, do empresário, o suporte financeiro que se tornaria inviável para a família de classe média, como pagou a confiança com juros e correção, vencendo tudo no caminho até a F-1. E, quando muito se fala da precocidade de Max Verstappen, o piloto de Stevenage fez ainda mais, duelando pelo título já em sua primeira temporada na categoria máxima do automobilismo mundial (2007).

O que veio em seguida só ajudou a transformá-lo num dos maiores nomes das pistas em todos os tempos, sempre movido pela inspiração de um campeão bastante conhecido dos brasileiros e ainda presente, apesar dos 23 anos de saudade. O pequeno Lewis não escondia que, entre os sonhos, estava o de emular a trajetória de Ayrton Senna. Já havia superado em 2016 o número de vitórias e, um ano antes, igualado os três títulos do paulista.

Com o capacete pintado por Allan Sidney Mosca, filho de Sid Mosca, que criou a identidade visual de Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet e de Senna; e com direito às bênçãos do Cristo Redentor na decoração do equipamento, o britânico chegou ainda mais longe, numa temporada que prometia desfecho bem mais acirrado a julgar pelo começo. Se a festa pelo tetracampeonato veio domingo na Cidade do México, com dois GPs de antecipação, foi apenas na Itália (13ª das 20 etapas) que ele conseguiu superar na pontuação o rival Sebastian Vettel, autor de um começo de campeonato mais consistente. Muito graças às impressionantes 11 poles, que o fizeram não apenas superar o ídolo, como também a Michael Schumacher e se tornar o melhor da história no quesito.

Com 32 anos e no auge da forma, Hamilton pode perfeitamente mirar o hepta de Schumacher – depois de rumores no início da temporada de que poderia pendurar macacão e sapatilhas caso chegasse ao tetra, ele já deixou claro que buscará ao menos o penta com o mesmo empenho. O piloto da Mercedes 44 pode bater no peito e lembrar que, em ao menos duas de suas conquistas (2008 e a deste ano), não contava com um equipamento muito superior ao da concorrência, o que só valoriza os feitos.

Metamorfose
O novato tímido que dava trabalho aos jornalistas com as frases quase inaudíveis nas entrevistas passou por uma verdadeira metamorfose em uma década na F-1. Resolveu assumir o lado bon-vivant e se tornou figura fácil em eventos de música, cinema e do esporte. Namorou a cantora Nicole Scherzinger e hoje tem, entre os amigos, nomes como Neymar (a quem chama de 'irmão de outra mãe'); os cantores Rihanna e Pharrell Williams.

Passeia pelo mundo com seu jatinho executivo e faz questão de aproveitar os momentos livres em locais paradisíacos, tudo devidamente registrado nas redes sociais. Nada disso, no entanto, é capaz de tirar o foco naquilo que sabe fazer de melhor. Uma vez na pista, concentração e seriedade são máximos. O que, com o talento bem acima da média, é a receita perfeita para vencer e fazer a festa. 

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