Com a disputa da 18ª rodada no último fim de semana, a Série A passou a ter duas partes iguais, divididas por uma Copa do Mundo, com realidades bem diferentes e a certeza de que financeiramente ainda existe um abismo em relação ao futebol europeu. Isso fica evidenciado pelo fato de a transferência do zagueiro David Luiz, do Chelsea, da Inglaterra, para o Paris Saint Germain ter custado aos franceses mais que o dobro de todo o valor arrecadado nos 180 jogos já disputados neste Campeonato Brasileiro, sendo que quatro deles aconteceram com os portões fechados.
O Brasileirão tem uma renda bruta de R$ 84.424.517,00. O camisa 4 da Seleção Brasileira na Copa do Mundo custou ao PSG cerca de R$ 185 milhões.
A análise dos números da principal competição nacional deixa evidente ainda a importância de o mando de campo ser cumprido nos estádios em que os clubes estão acostumados a atuar, quando jogam em casa, pois a média de público aumentou consideravelmente após o Mundial. Cresceu ainda o número de vitórias dos mandantes.
Antes da Copa, com vários estádios que receberiam jogos da competição ou seriam utilizados como locais de treinamento sem receber partidas do Brasileirão, vários clubes tiveram que atuar fora de suas bases.
Além disso, algumas penas de perda de mando de campo impostas pelo STJD, relativas à Série A do ano passado, também foram cumpridas.
Com a volta dos clubes para casa, após a Copa, a média de público da Série A do Campeonato Brasileiro cresceu 41%, passando de 12.783 para 18.043.
Foram quase 400 mil pagantes a mais.
As 90 partidas disputadas antes da Copa do Mundo levaram 1.150.423 torcedores aos estádios. A partir da 10ª rodada, os 86 confrontos realizados com a presença de público alcançaram um total de 1.551.652 pagantes.
Retranca
Apesar de a Copa do Mundo de 2014 ter igualado a melhor média de gols da competição com 32 seleções, registrada na França, em 1998, com 2,68 bolas na rede por partida, a ofensividade do torneio disputado no Brasil entre 12 de junho e 13 de julho últimos não está sendo repetida na Série A. As primeiras nove rodadas da competição tiveram 200 gols, média de 2,23. Da 10ª à 18ª rodadas, as redes foram balançadas 182 vezes, com a média caindo para 2,03.
Mandante
Nas nove rodadas disputadas antes do Mundial de 2014, os mandantes venceram 43% dos 90 confrontos disputados pelo Campeonato Brasileiro, com 38 vitórias dos times da casa.
Após a Copa, a volta para a casa real fez com que o número de triunfos dos mandantes aumentasse consideravelmente, passado para 53%, pois foram 47 vitórias das equipes que atuavam em seus domínios.
Isso provocou a redução no número de empates, pois foram 30 nas primeiras nove rodadas, e 21 entre a 10ª e 18ª. Nas duas etapas foram registradas 22 vitórias dos visitantes, numa competição em que 19 dos 20 participantes venceram pelo menos uma vez jogando fora de casa. Só o Criciúma ainda não conseguiu um triunfo longe do Estádio Heriberto Hulse.
Quem mais venceu fora de casa foi o Cruzeiro, com cinco vitórias em nove partidas.
Cruzeiro sabe aproveitar mais uma vez a parada
Líder da Série A do Campeonato Brasileiro desde a sexta rodada, o Cruzeiro disparou na ponta após o Mundial. É uma história parecida com a do ano passado, quando a competição também foi interrompida no turno por causa da disputa da Copa das Confederações.
E o segredo parece ser a intertemporada que os comandados de Marcelo Oliveira fazem nos Estados Unidos, prática usada pela primeira vez em 2013, que foi repetida este ano.
Quando o Brasileirão parou, o Cruzeiro tinha 19 pontos, três a mais que Fluminense, Corinthians, São Paulo e Internacional.
Hoje, a distância do time de Marcelo Oliveira para o segundo colocado, que é o Colorado, pulou para oito pontos. Graças aos 23 que a equipe da Toca marcou nos 27 disputados após a Copa. O aproveitamento é de 85%, com sete vitórias e dois empates em nove partidas.
Além do Cruzeiro, Flamengo e Figueirense também lucraram com a parada do Brasileirão. Antes do Mundial, ocupavam as duas últimas posições. Nas últimas nove rodadas, marcaram 18 e 17 pontos, respectivamente, e deixaram a zona de rebaixamento para brigar no meio da tabela.
Galo
O Atlético tem desempenhos muito parecidos antes e depois da parada do Brasileirão. Até a nona rodada, a equipe de Levir Culpi tinha marcado 14 pontos. A partir da 10ª rodada, alcançou 13.