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O Bom Senso FC acusa a CBF de estar "sem presidente", depois que Marco Polo Del Nero decidiu não viajar para a reunião decisiva da Fifa sobre o futuro da gestão do futebol mundial. Para o grupo que reúne os jogadores, o dirigente precisa convocar novas eleições. "Del Nero já não foi à Copa América e não ir à Fifa é mais um vexame", disse o grupo, em nota exclusiva enviada à reportagem. "Já é quase confissão de culpa", indicou. "A CBF precisa urgentemente chamar novas eleições com novas regras. Está, na prática, sem presidente", disse o grupo.
Del Nero não participará na segunda-feira do encontro convocado pela Fifa para debater a reforma da entidade e sua eleição. Oficialmente, Del Nero explicou para a entidade máxima que a CPI do Futebol no Brasil o obrigava a permanecer no País. Mas, conforme a reportagem revelou com exclusividade, o FBI o investiga por corrupção e não descarta uma prisão. Del Nero, portanto, optou por evitar a viagem para não correr riscos.
O encontro era considerado pela Uefa e por vários dirigentes como "um dos mais decisivos nos mais de cem anos da Fifa". Nesse encontro, porém, o Brasil não terá nem voz e nem voto. Numa carta, Del Nero explicou à Fifa que a instalação da CPI, além da MP do Futebol, o obrigavam a permanecer no País. Segundo ele, esses dois assuntos impediriam sua saída, mesmo que por 24 horas.
Na Fifa, dirigentes que comandarão a reforma da entidade já deixaram claro que o Brasil "deixou de existir" na gestão do futebol desde a eclosão da crise. Um dos pontos fundamentais será a escolha de candidatos e, sem sua presença, Del Nero não poderá nem mesmo influenciar no processo.
A CBF também ficará de fora dos debates sobre a nova composição do governo da Fifa e de sua reforma, o que significa que perderá espaço na nova entidade que será erguida ao final do processo. "O Brasil não terá uma posição de força na nova Fifa", admitiu um alto dirigente europeu.
INVESTIGAÇÃO - A reportagem revelou que as autoridades suíças não descartavam pedir para ouvir Del Nero, caso ele pisasse em Zurique. Mas o maior risco para o brasileiro é ainda o FBI, que o investiga. A apuração nos EUA revelada com exclusividade pela reportagem se debruça sobre pagamentos feitos por José Hawilla, dono da Traffic.
A Justiça aponta como o empresário brasileiro foi obrigado a compartilhar um contrato que tinha com a CBF para os direitos da Copa do Brasil com a Klefer a partir de 2011. As duas empresas ainda entraram em acordo para dividir o pagamento de uma propina entre Del Nero e Marin.