Um argentino de 76 anos, há 40 vivendo nos Estados Unidos, é o responsável por aprimorar a técnica do pugilista brasileiro Esquiva Falcão, que neste sábado enfrentará o norte-americano Pubilo Pena apenas sua segunda luta como profissional, sábado à noite, no Hotel MGM, em Las Vegas.
Miguel Diaz, integrante do Hall da Fama do boxe desde 2008 e que já esteve no córner de grandes campeões como Floyd Mayweather, Manny Pacquiao e Miguel Cotto, é um dos nomes mais conhecidos da nobre arte. Apontado como um dos melhores cutmans (responsável por cuidar dos ferimentos) de todos os tempos, Miguel está entusiasmado com o aprendizado do boxeador nacional. "Ele é muito humilde, concentrado e dedicado nos treinamentos."
Filho de um pugilista dos anos 20, Miguel Diaz afirmou que o "crescimento técnico" de Esquiva tem sido muito grande. "Nossa preocupação maior foi melhorar sua pegada e estamos conseguindo." Como Esquiva é canhoto, a sua direita recebe um tratamento especial. "Temos trabalhado a direita para que seja aplicada em gancho, tanto em baixo (na cintura) como em cima (no rosto). A esquerda fica guardada para o direto", revelou o treinador, que tem um método tradicional no boxe. "Digo para o Esquiva que é preciso não desperdiçar golpes. Por isso, nos primeiros rounds o foco são ombros, peito e braços do rival. Você cansa o adversário nos três primeiros rounds e aí parte para agredir a cabeça e liquidar a luta."
Miguel afirmou que utilizou sparrings da categoria supermédio (até 76 quilos) nos treinamentos e gostou do desempenho de Esquiva. Aliás, peso não é problema para o brasileiro, segundo o treinador. "A luta foi acertada para 162 libras e hoje (quinta-feira) ele está com 161. Se for necessário, ele pode até lutar na 154 (categoria médio-ligeiro), mas o melhor mesmo é ficar nas 160 libras (peso médio)."
Miguel não tem dúvidas de que Esquiva vai chegar ao título mundial, mas não tem pressa. "O momento é de aprendizado. Vamos construir uma carreira sólida, para não cair de uma hora para outra." Sobre o ringue de sábado à noite, às 16 horas de Brasília (20 horas em Las Vegas), Miguel foi direto. "É um bom lutador, mas vai perder."
http://www.estadao.com.br