Bernard: novo "craque de laboratório" é arma do Galo

Émile Patrício - Hoje em Dia
19/05/2013 às 08:54.
Atualizado em 21/11/2021 às 03:48

Um craque do futebol pode ser fabricado? O questionamento voltou à tona devido à excelente fase pela qual passa o atacante do Atlético, Bernard, de 20 anos. De menino franzino a uma das principais revelações do futebol brasileiro, o jovem, já cobiçado por grandes clubes europeus, é uma das armas do Galo, no jogo de hoje, às 16 horas, diante do Cruzeiro, para selar a conquista do título do Campeonato Mineiro.

Assim como outros grandes craques do futebol mundial, o brasileiro Zico e o argentino Lionel Messi, Bernard quase desistiu da carreira nos gramados devido à baixa estatura. Foi dispensado do próprio Atlético por duas vezes. O sucesso veio após longo tratamento para o crescimento.

Ao chegar à base do clube mineiro, aos 13 anos, o garoto era considerado baixo demais para permanecer. Seu pai desembolsou cerca de R$ 40 mil no procedimento, que consiste em injeções diárias de uma versão sintética do hormônio conhecido como GH (do inglês Growth Hormone, o hormônio do crescimento). Dos 1,55 metro e 37 quilos que Bernard tinha aos 15 anos, ele saltou para 1,64m e 62kg. E ainda espera crescer um pouco mais e alcançar 1,68m.

Maior ídolo da história do Flamengo e um dos grandes nomes da Seleção Brasileira, Zico também passou pelo mesmo tratamento. Ao chegar à Gávea, em 1967, aos 16 anos, media 1,55m e pesava 37 quilos. Após as aplicações, aos 21, ganhou 17 centímetros e 29 quilos. Trabalho que lhe valeu, durante muito tempo, o apelido de “jogador de laboratório”. Sem ele, dificilmente o Galinho de Quintino teria sido o maior da história do time carioca.

Isso porque, conforme o fisiologista do Atlético, Roberto Chiari, o futebol é um esporte de contato. “Dessa forma, o atleta de baixa estatura vai ter uma massa corporal muito menor do que um zagueiro de 1,90m, por exemplo. Em caso de um contato direto, o pequenininho vai levar desvantagem”, explica. Ele observa, porém, que a potência do chute não depende necessariamente da massa muscular.


Apoio na Espanha

O tratamento de Messi, eleito o melhor jogador do mundo quatro vezes consecutivas, começou ainda mais cedo. Na base do Newell’s Old Boys, da Argentina, aos 11 anos, ele foi diagnosticado com o problema hormonal que retarda o crescimento. A família pagou as aplicações por um ano, mas, devido ao custo elevado, teve que interrompê-las.

Depois de procurar apoio em clubes locais, que não quiseram ajudar, o Barcelona entrou na jogada e custeou tudo. Na Espanha, Messi, que media 1,40m, recebia as injeções. Caso tivesse continuado na Argentina, talvez não tivesse alcançado os atuais 1,69m. O menino, contratado pelo custo da terapia de crescimento, é hoje a maior joia do futebol mundial.

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