Na casa de Alexandre Kalil, 25 de março é um dia duplamente especial. Nesta quarta-feira, enquanto o Galo completa 107 anos de história, o ex-presidente alvinegro celebra o 56º aniversário. A pressão do cargo já não existe. Agora, o tempo é dividido entre os momentos com a família, a paixão por motos e os serviços da Erkal Engenharia, empresa fundada pelo pai, Elias.
Como “só mais um torcedor do Galo”, Kalil conversou com o Hoje em Dia de forma descontraída e disse que, se pudesse escolher um presente, optaria pelo bicampeonato da Libertadores em vez da construção de um estádio próprio.
Como está a vida após a presidência do Atlético?
Tranquila, descansado. Trabalho normalmente, cuido das minhas coisas e toco a vida, com a sensação de dever cumprido nesses seis anos como presidente.
Qual é a sua análise do momento do Galo?
Acho que está indo muito bem. Temos que ter muita paciência neste começo de ano. Precisamos lembrar o tanto que erramos quando assumimos o Atlético (em 2008). Hoje, o presidente erra menos do que eu errei. Nós tivemos que reconstruir tudo naquela época. Então, agora, o caminho está melhor construído.
Como é a sua relação com Daniel Nepomuceno (atual presidente)?
Ele liga para mim a hora que ele quiser. Meu telefone está sempre disponível. Estou sempre à disposição.
E ele tem ligado muito?
Até que não. Sempre que teve alguma coisa, ele ligou. Mas o telefone apitou pouco neste tempo. Ele me liga até menos do que eu gostaria (risos). Ele está acertando sem precisar me ligar.
O senhor sente falta de ser presidente do Galo?
Nenhuma. É muito melhor ser torcedor. Eu sofri muito na presidência, e isso ninguém lembra. Não sinto saudade, e acho que não é algo para ter esse sentimento. Foi algo que passou para mim. Ser presidente do Atlético foi uma honra, um orgulho. Mas acabou. Meu ciclo teve fim, e fiz o que gostaria de ter feito, que era ajudar o clube de forma efetiva. Pergunta para os outros ex-presidentes se querem ser de novo? Não querem.
Mas não almeja voltar a presidir o Atlético?
Nunca. Nunca mesmo. Já me dediquei demais ao Galo. Minha Nossa Senhora! Só faltei cortar os pulsos e dar meu sangue pelo clube.
Foi muita dor de cabeça?
Não foi isso. Todo mundo tem um ciclo, e eu cumpri o meu. Deus me iluminou bem para isso. A minha ideia foi sempre de acabar com o “continuísmo” no Atlético. E a torcida tem que proteger o presidente. Toda vez que o presidente se sentir protegido, ele vai deixar o sucessor melhor preparado que ele. Se a torcida xingar um presidente de bem, ele vai cair. E, se cair, volta a turma do mal.
Que presente gostaria de ganhar do Galo em 2015?
Acho que o bicampeonato da Libertadores cairia muito bem para mim (risos).
Mas o grande presente seria o estádio, não?
Acho que essa é uma pressão boba. Um estádio mal feito vai ser o que aconteceu com o Corinthians. O Corinthians está quebrado, falido. Tem que ter muito cuidado. Estádio o Atlético já tem, e tem dois. Quer dizer, um é estádio, o outro é o nosso salão de festas. Então, se já temos dois, pra quê três? Mas, entre estádio e bi da Libertadores, fico com a taça.
Como tem passado o tempo livre? Viaja bastante?
Viajo sempre que posso com minha moto, já fui pro Rio de moto. Quando não tenho compromisso, frequento mais minha casa de campo nos fins de semana com meus filhos. Estou mais perto da minha família e dos meus amigos.
O senhor já voltou para as arquibancadas?
Neste ano, eu ainda não fui a nenhum jogo. Estou dando um refresco. Mas pretendo voltar em breve. Acho que, se eu for e acontecer alguma coisa, eu mais atrapalho do que ajudo. Tenho muito medo de atrapalhar o clube. Quanto menos eu falar e aparecer, melhor.
E a saúde? Aquele mal súbito em dezembro foi só um susto? (Foi internado em BH após passar mal durante viagem a Goiás)
Está tudo bem. Foi só um susto, sim. Se eu não trombar de moto, vou durar muito ainda (gargalhadas).