
Ídolo da torcida do Atlético, Luizinho – com grande participação nas campanhas do time na década de 1980 – contribuiu, decisivamente, por sua experiência e categoria, para a conquista da primeira Copa do Brasil pelo Cruzeiro, em 1993 diante do Grêmio. Apesar desse elo com os rivais, ele não fica em cima do muro. Dono de personalidade forte, o ex-zagueiro diz que o Galo entra com uma vantagem: a torcida.
“O Atlético é imprevisível, faz coisas impressionantes. Ela (torcida) faz a diferença. Joguei nos dois (times), mas a torcida do Atlético é diferente. Quando o jogador entra em campo, ele tem que correr. Basta ver o que aconteceu contra Corinthians e Flamengo (ambos tinham vencido por 2 a 0 e começaram na frente seus jogos no Mineirão), que acabaram goleados por 4 a 1). Não fosse a torcida, os jogadores não jogariam daquela forma, com aquele sangue, para fazer o que fizeram, superando os resultados que eram vantajosos para esses dois times”, frisa.
E dá outro “chute” no politicamente correto. Avisa que vai torcer pelo Atlético. “Vou torcer pelo Atlético, por causa dos meus filhos e da minha esposa, que são atleticanos. Eu também sou atleticano, apesar de respeitar a torcida do Cruzeiro, onde sempre fui muito bem recebido. Mas o meu coração é atleticano”, observa o ex-jogador, que é amigo de Marcelo Oliveira, técnico cruzeirense.
Apesar disso, Luizinho, velho conhecedor da rivalidade, não acredita em favoritismo nesta decisão histórica em nível nacional entre os dois times.
“Não há favoritismo quando tem Atlético e Cruzeiro. Um deles pode estar mal, mas na hora em que se encontram a história é outra. É briga de cachorro grande”, antecipa.
Mas o ex-jogador, aos 56 anos, ainda se recorda – nos mínimos detalhes – da conquista da Copa do Brasil em cima do Grêmio.
“Quando a gente empatou lá, no Olímpico, por 0 a 0, tomei o terceiro cartão amarelo e não joguei a final. Depois de termos segurado toda aquela pressão, com o empate, tínhamos trazido a decisão para nossa casa. E dentro de casa, com a torcida do Cruzeiro empolgada, seríamos campeões”, recorda.

Bairrismo
Mas uma coisa tem tirado Luizinho do sério: o bairrismo da imprensa do Rio de Janeiro e de São Paulo no tratamento da final da Copa do Brasil.
“As duas equipes vão disputar a final da Copa do Brasil. O Cruzeiro está na frente do Brasileiro, o Atlético faz grande campanha. Mas é impressionante o bairrismo da imprensa carioca e paulista, falam de Corinthians e Flamengo, é revoltante”, critica.
Currículo
Luizinho (Luiz Carlos Ferreira) era um zagueiro clássico e técnico, pouco afeito aos chutões. Ele começou a carreira no Villa Nova, de Nova Lima, foi negociado ao Atlético, onde despontou a partir de 1989 para o cenário nacional.
Fez parte do grande time do Galo de Reinaldo, Cerezo, Paulo Isidoro e comapanhia. Seu futebol vistoso o levou à Seleção Brasileira, onde disputou a Copa do Mundo de 1982, na Espanha. Do Galo se transferiu para o Sporting, de Lisboa, onde jogou de 1990 a 1992. Quando retornou ao futebol brasileiro, foi contratado pelo rival Cruzeiro. Com a cores azul e branca conquistou também a Supercopa, em 1992.