Foram apenas 124 segundos entre o pênalti cometido pelo zagueiro Leonardo Silva e a cobrança do colombiano Riascos. O suficiente para transformar o goleiro Victor num verdadeiro “santo” para a torcida do Atlético e colocar o dia 30 de maio para sempre no calendário de comemorações alvinegras.
Há exatos dois anos, o camisa 1 garantia a classificação heroica do Galo para as semifinais da Libertadores de 2013, sobre o Tijuana, ao isolar a bola com o pé esquerdo num lance que ganhou música da Massa e tornou-se o símbolo maior da conquista inédita.
O milagreiro do Horto não esconde que teve a vida e a carreira mudadas pela defesa de cinema. Depois daquela partida, foram dois títulos internacionais pelo Galo e a Copa do Brasil conquistada sobre o rival Cruzeiro. Além disso, veio ainda a convocação para defender a Seleção na Copa do Mundo de 2014, disputada em solo brasileiro.
Simultaneamente, desde que Ronaldinho Gaúcho deixou o clube, há cerca de um ano, o “canonizado” goleiro transformou-se no principal ídolo da torcida atleticana, alvo prioritário dos pedidos de autógrafos e fotografias, seja na Cidade do Galo, após os treinos, ou em qualquer outro ponto de Belo Horizonte.
“Impossível não me emocionar, considerando a representatividade que esse lance tem para mim e para o clube. É um lance que eu trato com muito carinho. Não me canso de ver e de falar sobre ele. Ainda mais por receber tanto carinho dos torcedores por causa disso”, confessa o santo.
Cara a cara
O destino “poupou” Riascos de enfrentar o algoz durante os quatro meses nos quais defendeu o Cruzeiro. Mas os dois protagonistas do lance poderão ficar cara a cara nesse domingo (31), às 16h, no mesmo palco do milagre.
Ansioso com a possível estreia pelo Vasco, o colombiano garante que vê o duelo com naturalidade. “Não sinto a pressão. Bateria outro pênalti sem medo. Eu o tomo simplesmente como mais um adversário na minha carreira. Ninguém se lembra de falar que joguei bem e marquei gols nos dois jogos (das quartas de final)”, ressalta o atacante.
Defesa foi divisor de águas nas carreiras dos dois jogadores
A defesa inacreditável aos 47 minutos da etapa final naquele dia 30 de maio foi um verdadeiro divisor de águas para Victor e Riascos. Enquanto o goleiro alvinegro coroou com troféus e convocações a ascensão após ter deixado o Grêmio questionado, em 2012, o colombiano acumulou frustrações ao longo da trajetória profissional.
O erro diante do Galo culminou com a despedida do Tijuana, apenas sete dias depois. Ainda com o mérito da boa participação na Libertadores, com cinco gols marcados (dois no próprio Atlético), o atacante transferiu-se para o Pachuca, também do México.
No entanto, enquanto o milagreiro atleticano ainda colhia os louros do feito, o colombiano não durou nem cinco meses no novo clube. Em baixa, foi negociado para o Monarcas Morelia e fez mais duas campanhas ruins no campeonato nacional.
Foram 11 meses de futebol sem brilho até desembarcar em Belo Horizonte para reforçar o Cruzeiro. Sem oportunidades, acabou emprestado ao Vasco, nesta semana. Nos dois anos desde a defesa de Victor, o atacante participou de 63 partidas oficiais e balançou as redes apenas oito vezes.
Homenagem da Massa
Para comemorar a data especial, torcedores do Atlético se mobilizam por meio das redes sociais em torno do “Dia de São Victor”. Segundo os organizadores, o evento é aberto e tem caráter social, com uma campanha de incentivo à doação de agasalhos para entidades beneficentes.
A festa terá até uma “procissão” em volta do estádio Independência, com direito à “rua de fogo” realizada pela torcida atleticana nos dias de jogos para recepcionar o ônibus da delegação alvinegra no Horto.
Após a passeata, será exibido em um telão o curta-metragem “Quando se sonha tão grande, a realidade aprende”, do diretor Lobo Mauro, filme vencedor do festival Cinefoot 2014. A concentração está marcada para as 16h deste sábado, em frente ao portão do 10 do Independência, na Rua Ismênia Tunes.