Rui Maside chegou agitado à sala de imprensa do CT Lanna Drumond, na última quarta-feira, momentos antes do jogo-treino do América contra o Minas Futebol. Ao avistar um dos funcionários do clube, tratou logo de erguer a prancheta, em forma de um campo de futebol, que carregava debaixo do braço.
“Quero as fotos da atividade destes ângulos. Assim, poderemos monitorar melhor a equipa”, pediu. Os demais presentes no local estranharam o sotaque e a palavra “equipa”, empregada por Maside. “Estás a ver como quero?”, continuou orientando.
Não demorou e a nacionalidade portuguesa do auxiliar do técnico Silas estava desvendada. Simpático e estudioso, o ex-jogador Rui Maside, de 50 anos, recebeu o Hoje em Dia para relembrar a carreira como ala na Europa e falar da experiência no Brasil.
O lusitano também comentou a Bola de Ouro conquistada pelo amigo Cristiano Ronaldo e a morte do ídolo Eusébio.
Cristiano Ronaldo ganhou a Bola de Ouro, como melhor de 2013. É o momento dele?
Um jogador não se faz apenas numa temporada. A regularidade do Cristiano Ronaldo é de muito tempo. Todo ano ele quer jogar em alto nível e surpreender. Tanto que se cuida muito fora de campo.
Como é o CR7 fora das quatro linhas?
Fantástico. Todos sabemos da conta bancária do Cristiano Ronaldo. Mas ele não tem nada de grandeza. O presidente do Real Madrid, Florentino Pérez, disse que se ele ganhasse a Bola de Ouro, receberia € 3 milhões. Sabe o que ele fez com o dinheiro? Deu um carro a cada fisioterapeuta do Real, os valorizando e agradecendo. Quando estamos juntos, o Ronaldo é o mais simples e simpático possível.
A morte do Eusébio comoveu o mundo do futebol. Quem era essa lenda dos gramados?
Ele era como um Pelé para nós, um rei. O Eusébio realizou Mundiais memoráveis e levantou muitos títulos com o Benfica. Atuou de forma fenomenal, batia na bola de forma inexplicável. Além disso, era humilde e querido por todos. Tinha muita vontade de estar e conversar com as pessoas. Fará falta.
A Seleção Brasileira é favorita na Copa?
Se a Seleção Brasileira unir organização tática com a qualidade individual dos seus jogadores, ninguém vai conseguir parar a equipe. E o Luiz Felipe Scolari trouxe da Europa como trabalhar a disposição em campo, o que ainda falta aos times do Brasil. Sem dúvida, é um dos favoritos.
Como chega Portugal?
Vem bem, num ótimo momento. O treinador Paulo Bento possui ideias inovadoras e em prol do seu grupo. O time é muito organizado taticamente. Fazendo um bom primeiro jogo, contra a Alemanha, Portugal tem tudo para ir longe aqui.
A Justiça comum pode acabar decidindo os participantes do Campeonato Brasileiro deste ano. Esse imbróglio prejudica a imagem do futebol do país no exterior?
Prejudica sim, ainda mais com a Copa tão perto. Na Europa, também nos deparamos com esses tipos de problema, mas são resolvidos de forma rápida e contundente. Os times são punidos na próxima temporada, com perdas de pontos. Em caso de atraso de dívida ou não pagamento de salários, as equipes caem de divisão. Sem falar que as ligas de clubes organizam os campeonatos. As federações ficam com as seleções e disputas de menor importância. Aqui já deveria ser assim há tempos.
Você destaca um momento que marcou sua carreira no futebol?
Sim. Eu, então ala, era até companheiro do Silas no Sporting de Lisboa, na temporada de 1988/89. Entrei no jogo contra a Real Sociedad, pela agora chamada Liga Europa, e fui expulso ao revidar uma cotovelada do lateral adversário. Só que eu vinha de boas apresentações e a própria Real Sociedad havia encaminhado minha contratação. Depois de tal episódio, eles desistiram e perdi a chance de atuar lá.
Até quando vai sua experiência no Brasil?
Brinco com o Silas que quero mais dez anos de contrato com ele, em qualquer país que esteja. Mas estou feliz em Belo Horizonte e no América. Vamos realizar um ótimo Campeonato Mineiro.