Contratar jogadores hoje tem sido uma missão complicada no mercado do futebol por vários fatores: a escassez de atletas de qualidade, preços estratosféricos, além da forte concorrência ao redor do Brasil e do mundo. Por isso, os executivos da bola precisam ser ágeis e astutos para não perderem chances de qualificar o elenco. Recentemente, o Cruzeiro precisou agir rápido para finalizar a contratação de Ramón Ábila, argentino que chegou há menos de três meses e já caiu nas graças dos cruzeirenses.
Tido como um dos melhores "achados" do Cruzeiro nos últimos anos, Ábila, que já marcou nove gols em 12 jogos pelo clube, tem uma história de negociação cheias de detalhes com a Raposa. O Hoje em Dia conta como foi à saga da cúpula azul na contratação de “Wanchope”, a segunda aquisição mais cara da história do clube – a primeira foi o zagueiro Dedé, que em 2013 custou R$ 14 milhões aos cofres azuis (45% dos direitos do atleta).
Investida pelo jogador
Antes de efetivar a compra de 50% dos direitos econômicos de Ábila por R$ 12,6 milhões (aproximadamente US$ 3,82 milhões), o jogador era um dos três atletas observados e monitorados pelo departamento de futebol do Cruzeiro. Os analistas de desempenho coletavam os mais diversos dados estatísticos e de perfil de outros dois possíveis reforços: o também argentino Darío Benedetto, então no América-MEX, e o equatoriano José Angulo, à época no Independiente Del Valle-EQU.
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Benedetto assinou com o Boca Juniors-ARG no início de junho, enquanto Angulo, vice-campeão da edição 2016 da Copa Libertadores e atualmente suspenso por uso de cocaína, havia acertado com o Granada-ESP. Restava então ao Cruzeiro acelerar sua investida para não perder também Ramón Ábila, que já havia se despedido do Huracán-ARG, seu antigo clube.
Membros da diretoria celeste tinham iniciado conversas com o presidente do Huracán pelo telefone, manifestado interesse em Ábila. No entanto, escutaram do clube argentino e do próprio jogador que havia uma expectativa pela realização de um sonho pessoal do centroavante: jogar com a camisa do Boca Juniors-ARG. E o clube Xeneize poderia fazer naquela época, a qualquer momento, proposta pelo avante.
Lobby de Tévez
Wanchope foi indicado aos Bosteros, justamente, por Carlitos Tévez, que fez forte lobby (em vão) pela contratação do amigo pessoal. Entretanto, o clube argentino preferiu não investir US$ 8 milhões na contratação de Ábila, o que abriu precedente para o Cruzeiro contratá-lo. O Boca naquela ocasião já havia contratado o jovem Walter Bou – irmão de Gustavo Bou, do Racing – e o próprio Darío Benedetto, que custou aproximadamente US$ 5 milhões aos cofres Xeneizes. Ao saber do acerto do Boca Jrs. com Benedetto, a diretoria do Cruzeiro mandou com urgência um emissário a Buenos Aires. A intenção era negociar e fechar imediatamente o acordo com Ábila.
O argumento trabalhado pela diretoria celeste foi o fechamento da janela de transferências internacionais, a grandeza do Cruzeiro no cenário futebolístico do Brasil, e a possibilidade de ganho salarial superior aos pagos na Argentina. E, claro, o fato de o Boca Juniors ter optado pela não contratação de Ábila, o que impossibilitaria naquele momento à realização do conhecido sonho de Wanchope: vestir a camisa azul e amarela.
Sem o Boca no caminho, a oferta cruzeirense seduziu o Huracán, que por intermédio do presidente Alejandro Miguel Nadur, dava por encerrado o leilão ao qual o jogador havia sido inserido. É que o Cruz Azul-MEX era um dos clubes também interessados na contratação do avante. Enquanto aguardava o contrato de compra de Ábila ser redigido, Thiago Scuro, que viajou à Argentina, tomou conhecimento de diversos clubes, principalmente do Brasil, que queriam atrapalhar e/ou atravessar o acordo da Raposa com o Huracán-ARG. O Internacional seria uma dessas equipes.
Concorrência falha
Segundo apurações da reportagem, houve contatos telefônicos e conversas com um tom forte, solicitando que os dirigentes de outras agremiações interessados tardiamente em Ábila deixassem o negócio, pois naquele momento o jogador já havia acertado com o Cruzeiro.
No dia 27 de junho, Ramón Ábila desembarcou em Belo Horizonte, foi à Toca II onde deu início aos procedimentos médicos - exames. No dia 1º de julho, Ábila fez o seu primeiro treino na Toca II. 15 dias depois o jogador fazia sua estreia em partida oficial, contra o Fluminense. A Raposa perdeu por 2 a 0 em Edson Passos, na Baixada Fluminense. Em 20 de julho, contra o Vitória, pela Copa do Brasil, o atacante marcou o seu primeiro gol com a camisa estrelada.
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