Faltava um minuto para o Botafogo dar adeus ao sonho (ainda que matemático) da Libertadores. Até os 47 minutos do segundo tempo, o empate por 2 a 2 com o Vasco, na noite desta quinta-feira no Engenhão, seria a pá de cal em suas pretensões. Mas os clássicos costumam surpreender, com heróis improváveis e reviravoltas inesperadas. O garoto Bruno Mendes, de apenas 18 anos, vestiu a capa de super-herói e fez o gol do desafogo aos 48, ele que já havia marcado o segundo gol da vitória botafoguense por 3 a 2, pela 31º rodada do Campeonato Brasileiro.
"Temos que pensar jogo a jogo. É muito difícil (a classificação para a Libertadores), mas quando faltar três jogos vamos ver se podemos chegar lá", disse o goleiro Jefferson. Mendes, em sua primeira partida como titular, só atuou por ter marcado um belo gol, também nos acréscimos, no empate por 1 a 1 com o Grêmio, na última rodada. O técnico Oswaldo de Oliveira optou pelo menino em detrimento de Rafael Marques. O rapaz respondeu com os dois gols que fecharam a virada que mantém o Botafogo vivo.
A noite histórica do atacante vindo do Guarani ofuscou um momento marcante para Carlos Alberto. O meia vascaíno poderia ter saído ele como herói da partida, ao marcar os dois gols da sua equipe, seus primeiros na Série A depois de 52 jogos.
A derrota deixa o Vasco a cinco pontos do São Paulo, o quarto colocado - 55 a 50 pontos, e complica a vida dos cruzmaltinos na tentativa de voltar à Libertadores pelo segundo ano consecutivo. Na próxima rodada, a equipe recebe o Internacional, na quarta-feira, em São Januário.
Com 44 pontos, a situação dos botafoguenses, na 7ª posição, não é nada fácil. Mas ainda é possível acreditar. O adversário agora é o Figueirense, em Santa Catarina, também na quarta-feira.
O JOGO - Foram três gols em um animado primeiro tempo. Empurrados pela necessidade da vitória, as duas equipes avançavam e cediam espaços na retaguarda. Aos 24, Fellipe Bastos lançou Éder Luís em um deles. O cruzamento encontrou Carlos Alberto bem posicionado para tocar de letra e fazer o gol que encerrou o seu longo jejum.
A reposta veio cinco minutos depois, quando Bruno Mendes ganhou de um lento Dedé e cruzou para Elkeson apenas tocar para o gol vazio, depois da tentativa de corte de Juninho Pernambucano.
O time cruzmaltino voltou à frente novamente com Carlos Alberto, que converteu a chance criada na raça por Felipe. Depois de cortar um passe equivocado, o veterano ganhou na corrida e na dividida do jovem Dória e rolou para o meia improvisado de centroavante justificar a confiança do treinador.
Infelizmente para os poucos torcedores que se animaram a encarar um clássico na noite de quinta-feira que o sono bateu também nos jogadores. O nível da partida caiu muito na segunda etapa.
Ao observar como sua defesa estava exposta, o técnico Oswaldo de Oliveira mudou o meio de campo do Botafogo. Saiu Fellype Gabriel e entrou Lodeiro e Renato saiu para a estreia na competição de Marcelo Mattos, que não atuava desde uma cirurgia no púbis antes do início do Brasileiro. Como mágica, sua equipe empatou. Gabriel caiu pela direita e cruzou para Bruno Mendes desviar, a bola tocou em Dedé antes de entrar.
O empate parecia inevitável quando um chutão da intermediária defensiva do Botafogo encontrou Mendes, que ajeitou e acertou um violento chute no canto de Fernando Prass, perto dos 48 minutos.
O gol que faz o torcedor alvinegro ainda alimentar o sonho de voltar ao principal torneio do continente depois de 17 anos.
FICHA TÉCNICA:
BOTAFOGO 3 x 2 VASCO
BOTAFOGO - Jefferson; Jadson, Antônio Carlos, Dória e Márcio Azevedo; Gabriel, Renato (Marcelo Mattos), Seedorf e Fellype Gabriel (Lodeiro); Bruno Mendes e Elkeson (Rafael Marques). Técnico: Oswaldo de Oliveira.
VASCO - Fernando Prass; Jonas (Jhon Cley), Dedé, Douglas e Wendel; Nilton, Fellipe Bastos (Eduardo Costa), Felipe (Thiago Feltri) e Juninho Pernambucano; Carlos Alberto e Éder Luis. Técnico: Marcelo Oliveira.
GOLS - Carlos Alberto, aos 24 e aos 37, e Elkeson, aos 29 minutos do primeiro tempo. Bruno Mendes, aos 30 e aos 48 do segundo tempo.
CARTÕES AMARELOS - Elkeson, Márcio Azevedo, Seedorf; Wendel.
ÁRBITRO - Rodrigo Nunes de Sá (RJ).
RENDA - Não disponível.
PÚBLICO - 5.015 pagantes (7.525 no total).
LOCAL - Estádio Engenhão, no Rio de Janeiro (RJ).
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