Brasil e Argentina: duelo de alto risco para Mano Menezes

Felipe Torres - Do Hoje em Dia
01/10/2012 às 06:28.
Atualizado em 22/11/2021 às 01:42

(Rafael Ribeiro/Divulgação/CBF)

Mano Menezes pega o currículo na Seleção Brasileira e trata logo de escondê-lo na gaveta. No tópico “Títulos”, consta apenas uma anotação, a de campeão do Superclássico das Américas de 2011, em mais de dois anos de trabalho. O comandante se lembra dos fracassos na Copa América e nos Jogos Olímpicos de Londres. As rugas de preocupação aparecem.

Ele sabe que outra decepção pode custar a própria cabeça no banco de reservas canarinho.
 
Rivalidade
 
O próximo desafio do treinador já está marcado para as 22h de quarta-feira. O Brasil encara a Argentina, no Superclássico desta temporada, em Resistência. Após a suada vitória (2 a 1) há cerca de duas semanas, em Goiânia, o time entra campo pelo empate para ficar com a taça de novo.
 
As estatísticas da Copa Roca (como era chamado o duelo entre 1914 e 1976) e do Superclássico (reeditado a partir de 2011) jogam a favor de Mano. Em 12 edições, a Seleção Brasileira levou a melhor em nove, vencendo 13 jogos, empatando quatro e perdendo nove, num total de 26 confrontos.
 
Os brasileiros não deixam escapar a conquista desde 1940, ou seja, sete décadas de supremacia.
 
Pressão
 

Mas o que deveria ser motivo de alívio se transforma em nova pressão para o treinador. Uma derrota se tornaria histórica e mancharia ainda mais a trajetória dele na Seleção.
 
Assim, talvez nem o presidente da CBF, José Maria Marin, consiga manter Mano em caso de revés. Ao lado do diretor de Seleções, Andrés Sanches, o mandatário banca o técnico até agora.
 
Com a Copa das Confederações de 2013 batendo à porta, o desempregado Luiz Felipe Scolari passou a ser uma sombra e tem o apoio da torcida.
 
Os gritos por Felipão ecoaram alto no Serra Dourada até Neymar balançar as redes da Argentina, em cobrança de pênalti, e decretar a vitória na última partida. “Mano fica”, bradou Marin, no fim do jogo em Goiânia.
 
Gol de mão e taça

Não faltam momentos inesquecíveis nos anos de disputa da Copa Roca para inspirar Mano a dar a volta por cima.

Na edição de estreia, em 1914, o Brasil contrariou todos os prognósticos e ergueu o primeiro troféu da história do futebol do país. Logo no segundo jogo oficial, a Seleção bateu a Argentina, em Buenos Aires.
 
Rubens Salles estragou a festa armada na Cancha de Gimnasia y Esgrima ao cravar o 1 a 0 do placar. E este embate rendeu um episódio marcante no clássico. Aos 20 minutos da etapa complementar, o argentino Leonardi iludiu o árbitro brasileiro Alberto Borgerth, estufando o barbante com a mão.
 
Porém, os próprios adversários hermanos, liderados pelo zagueiro Gallup Lanús, trataram de entregar o companheiro. Constatada a irregularidade, o juiz anulou o lance. O público aplaudiu fervorosamente a decisão de Borgerth.
 
Torneio viu Pelé surgir e marcou a carreira de outros craques
 
Os 60 mil torcedores presentes ao Maracanã naquele 7 de julho de 1957 pediam ao técnico Sílvio Pirilli a entrada de um promissor garoto. Pareciam perceber que um momento histórico se aproximava. Do banco de reserva, Pelé, aos 16 anos, acompanhava atentamente a vitória da Argentina sobre o Brasil (1 a 0), no primeiro duelo da Copa Roca daquele ano.
 
O jovem do Santos, conhecido pelas boas atuações no torneio Rio-São Paulo, ganhou a chance de debutar na Seleção depois do intervalo. Pelé não decepcionou e festejou o gol da igualdade, mas sem evitar a supremacia hermana, por 2 a 1.
 
Destaques

 
A Copa Roca cravou a estreia do Rei do Futebol no esquadrão canarinho e também marcou a carreira de muitos outros atletas.
 
Foi no clássico sul-americano que o ponta Delém, por exemplo, abriu as portas para se tornar grande ídolo do River Plate.
 
O brasileiro, falecido em 2007, brilhou na goleada do Brasil (4 a 1) para cima da Argentina, no segundo embate da disputa de 1960, em Buenos Aires. Acabou contratado pelo clube portenho, pelo qual conquistou muitos títulos.
 
Depois de aposentado, continuou a morar na capital do país vizinho e chegou a treinar o River. O trabalho nas categorias de base lhe consagrou de vez. Tudo porque Delém revelou jogadores talentosos, como Ortega, Crespo, Gallardo, Aimar, Almeyda, Solari e Saviola.
 
“Mineiros” na disputa
 
Marcos Rocha, Bernard e Réver representam o futebol de Minas no atual Superclássico das Américas. Os atleticanos integraram a Seleção que bateu os hermanos em Goiânia, há duas semanas, e estarão em Resistência, na quarta-feira.

Dois jogadores do Cruzeiro e um do Galo foram os primeiros de clubes do Estado a vestir a amarelinha numa Copa Roca. Tostão e Piazza, representantes celestes, além do alvinegro Vaguinho, participaram e venceram a competição em 1971.

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