(Gerard Julien)
Depois de uma vitória histórica diante da Argentina, a seleção brasileira masculina de basquete apresentou erros antigos, que pareciam já superados, e foi atropelada pela Sérvia nesta quarta-feira (10), em Madri. Em meio a um jogo equilibrado o incrível apagão no terceiro quarto - em que foi derrotado por 29 a 12 - determinou a derrota do Brasil por 84 a 56, e o fim do sonho de voltar às semifinais de um Mundial.
Se no domingo a seleção desempenhou um basquete de encher os olhos contra os até então algozes argentinos, nesta quarta teve uma performance muito mais parecida com aquela equipe que passou 16 anos sem se classificar para uma Olimpíada. Isso porque o Brasil voltou a pecar no lado emocional, algo muito comum àquela geração.
O time brasileiro entrou no terceiro período perdendo apenas por cinco pontos, mas após uma falta de Anderson Varejão reclamou demais com a arbitragem. Duas faltas técnicas foram distribuídas, a Sérvia bateu seis lances livres, abriu vantagem e a partir daí o Brasil não conseguiu mais voltar para o jogo. Aos sérvios restou aproveitar o destempero adversário e administrar o duelo.
Melhor para a equipe europeia, que garantiu vaga nas semifinais e agora espera o classificado do confronto entre a dona da casa, a Espanha, e a França, ainda nesta quarta-feira, para conhecer seu adversário. A outra semifinal já estava definida, entre Estados Unidos e Lituânia. Já o time brasileiro volta para casa de mãos vazias, sabendo que precisará melhorar se quiser buscar algo maior nos Jogos Olímpicos do Rio de 2016.
O destaque da vitória sérvia foi o armador Teodosic, autor de 23 pontos e principal nome da equipe quando o jogo ainda estava equilibrado. Bogdanovic ainda contribuiu com 12. Pelo Brasil, Anderson Varejão e Marquinhos, com 12 pontos cada, eram os responsáveis por manter o time no jogo nos dois primeiros períodos, mas afundaram com os outros colegas após o intervalo.
O jogo
O Brasil começou tendo dificuldade para brecar o armador Teodosic, que conseguia espaço para arremessar a cada corta-luz no garrafão adversário. A defesa brasileira melhorou a pressão no perímetro, mas aí os altos alas da Sérvia aproveitaram para infiltrar e fazer bandejas fáceis, sem qualquer contestação.
Quando erravam, os sérvios paravam o contra-ataque brasileiro, ponto onde a equipe de Magnano se mostrou mais forte ao longo deste Mundial, com faltas. Mesmo assim, na marra, Anderson Varejão e Marquinhos mantiveram o time no jogo, indo para o segundo quarto perdendo por 21 a 17.
O segundo período começou com o mesmo cenário e a Sérvia abriu seis pontos de vantagem. Somente quando Alex grudou em Teodosic e os pivôs acertaram a marcação, impedindo as infiltrações do adversário, o Brasil reagiu. A virada veio com bandeja de Marquinhos, a três minutos para o fim do primeiro tempo, mas ainda houve tempo para que os sérvios se recuperassem e fossem ao vestiário com cinco pontos de vantagem: 37 a 32.
A seleção brasileira voltou desconcentrada para o terceiro período e, para piorar, descontou o nervosismo na arbitragem depois de uma falta de Anderson Varejão. Após muita reclamação, Marquinhos e Tiago Splitter receberam faltas técnicas. A Sérvia aproveitou e abriu 16 de vantagem rapidamente.
O apagão se estendeu por todo o período, tanto no ataque, totalmente inoperante, quanto na defesa, que não conseguia sequer incomodar o adversário. E o que se viu no último período foi uma extensão do terceiro. Totalmente batido emocionalmente, o Brasil seguiu assistindo aos arremessos de três do adversário, que ampliou a diferença e depois só esperou o apito final para celebrar a vaga.
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