
Desprezada pelos grandes clubes brasileiros, a Copa Sul-Americana conhecerá hoje o seu 14º campeão. Às 22h (de Brasília), Independiente Santa Fe-COL e Huracán-ARG disputam o troféu do segundo torneio mais importante do continente. No primeiro confronto, em Buenos Aires, os dois times empataram em 0 a 0.
Apesar de ser “esnobada” pelos brasileiros, a Sul-Americana garante ao vencedor uma vaga na Copa Libertadores do próximo ano e, ainda, um lugar na final da Recopa Sul-Americana.
Nas 13 edições disputadas, o Brasil faturou o caneco apenas duas vezes: a primeira delas com o Internacional, em 2008, e a segunda com o São Paulo, em 2012. Caso o Huracán leve a melhor, esta será a oitava conquista dos argentinos, principais rivais tupiniquins no continente.
RUMO À LIBERTADORES
Se comparada à Copa do Brasil, a Sul-Americana perde em termos financeiros, sendo essa uma das explicações para o esvaziamento. Enquanto o torneio nacional garante ao campeão uma premiação de quase R$ 8 milhões, a competição continental oferece cerca de R$ 800 mil a menos.
Para a edição do ano que vem, classificam-se à Copa Sul-Americana os seis clubes mais bem colocados no Brasileirão após os quatro classificados para a Copa Libertadores. Mas eles perdem a vaga automaticamente se passarem da terceira fase na Copa do Brasil.
Esta foi uma maneira encontrada pela CBF desde 2013 para “consolar” os clubes grandes que saírem precocemente do mata-mata. Mas, na prática, o resultado é a perda de representatividade, pois muitas equipes menores acabaram se classificando para as últimas edições da competição, sem condições de disputar a taça em pé de igualdade.
CAMPANHAS MODESTAS
Na Sul-Americana deste ano, o destaque brasileiro foi a Chapecoense, eliminada nas quartas-de-final pelo atual campeão River Plate.
Mas a grande novidade foi o Brasília, modesto time que não disputou nenhuma das quatro divisões do Brasileirão em 2014 e não participa da elite do futebol nacional há 30 anos.
A equipe se classificou para o torneio continental por ter conquistado a Copa Verde, criada no ano passado e disputada por clubes de pouca tradição das regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil (exceto Goiás), além do Estado do Espírito Santo.
Debutante em competições internacionais, o time foi até as oitavas de final e caiu para o Atlético-PR.
Desinteresse dos clubes grandes anima o América
Um dos beneficiados pela falta de interesse dos grandes clubes na Sul-Americana pode ser o América.
Quarto colocado na Série B do Campeonato Brasileiro deste ano e com vaga garantida na Primeira Divisão, o Coelho tem remotas chances de se classificar para competição internacional na próxima temporada, e a diretoria não descarta essa possibilidade.
“Tudo para o América é mais difícil. Se existe alguma possibilidade, nós vamos trabalhar com ela”, afirma um dos presidentes do Conselho Gestor do clube, Alencar da Silveira Jr.
Para conseguir a vaga na primeira competição internacional de sua história, o alviverde mineiro torcerá para uma série de resultados.
Caso um time com a chamada “pré-classificação” para a Sul-Americana vá à quarta fase da Copa do Brasil, a vaga internacional será repassada ao primeiro time da “fila”, e assim sucessivamente.
Nesta escala, entretanto, o Coelho encontra-se apenas na 14º colocação, atrás de Sport, Santos, Cruzeiro, Atlético-PR, Ponte Preta, Flamengo, Fluminense, Chapecoense, Coritiba e Figueirense (Série A), além de Botafogo, Santa Cruz e Vitória (Série B).
Desde 2013, quando foram alteradas as regras de classificação, cinco times da Segunda Divisão já conseguiram a vaga. Mas a única vez que um quarto colocado na Série B conseguiu disputar a Sul-Americana no ano seguinte foi o Vitória, em 2012. No torneio, o clube baiano foi eliminado ainda na segunda fase.
“Seria um feito importante para a história do América chegar à Sul-Americana. Disputar um torneio internacional pela primeira vez colocaria o clube mais ainda em evidência, dentro e fora do país”, destaca o dirigente alviverde.