(Reprodução / Instagram)
Se não fosse pelo badminton, o brasileiro Ygor Coelho poderia ter tido a mesma história de alguns de seus amigos, que acabaram cooptados pelo tráfico de drogas no Rio de Janeiro ou foram mortos, mas está construindo seu nome como melhor jogador do esporte na América do Sul.
Apesar de ser eliminado nesta quinta-feira (02) nas oitavas de final do Mundial em Nanjing, o jovem de 21 anos chamou a atenção e ganhou muitos admiradores na China. Coelho ocupa o 39º lugar do ranking mundial e chegou a eliminar o 11º cabeça de chave, o indiano HS Prannoy, antes de cair para o taiwanês Chou Tien-chen por 21-11, 21-7.
Em alguns momentos, Coelho precisou beliscar a si próprio para entender que a multidão gritando seu nome, o interesse da imprensa e ganhar dinheiro com o esporte é realidade.
Até mesmo falar inglês, uma necessidade ao participar de competições internacionais de alto nível, é algo que nunca imaginou ser possível.
Quando perguntado pela AFP o que estaria fazendo agora se não fosse o badminton, Coelho respondeu: "é uma pergunta difícil, mas certamente que o badminton mudou minha vida.
"Aprendi inglês, viajo pelo planeta, tenho boas experiências e amigos em todo mundo. Aprendi muito com o badminton", valorizou.
Alguns amigos morreram
Coelho deixou a favela do Chacrinha, na zona oeste do Rio, para treinar e viver na França e na Dinamarca.
Mas sua difícil infância em uma comunidade afetada pela violência relacionada ao tráfico de drogas segue sendo parte importante de sua identidade.
Coelho começou a jogar badminton aos três anos graças a seu pai Sebastião Dias de Oliveira, professor de educação física e técnico da modalidade, que é disputada com raquetes, é pouco conhecida no Brasil e se assemelha ao tênis e ao vôlei.
"Meu pai criou um projeto social de badminton na favela para ajudar que as pessoas não fossem pelo mau caminho, as drogas e esse tipo de coisas", relatou Coelho.
"Meus amigos entraram neste tipo de vida e alguns deles morreram", acrescentou.
"Eu cheguei até aqui e para alguns deles (do projeto) sou como um herói. Estão tentando seguir o mesmo caminho que eu", indicou.
Coelho indicou que a primeira participação brasileira no badminton, nas Olimpíadas do Rio-2016, gerou um interesse que continua no país na atualidade.
"Agora as pessoas estão seguindo mais (o badminton no Brasil) e está se tornando mais popular", afirmou Coelho, que já pensa nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020.
"Sonhava com isso quando era criança, mas nunca esperei", admitiu.