Quando se fala de Guará no clássico entre Atlético e Palestra Itália, que completa 99 anos do primeiro jogo nesta sexta-feira (19), é impossível deixar de destacar o confronto do dia 4 de junho de 1939, num confronto disputado no Estádio de Lourdes, onde hoje está localizado o Shopping Diamond Mall.
Logo aos 10 minutos de jogo acontece o lance conhecido como “Cabeçada Fatal”, um choque entre Guará e Caieira numa disputa de bola pelo alto. Guará fica 3 dias em estado de choque e um mês inconsciente no Pronto Socorro. Ele se recupera, mas não para o futebol. O Perigo Louro nunca mais foi o mesmo.
Guará foi o maior ídolo atelticano na segunda metade dos anos 1930, com gols e lances sensacionais que encantaram os torcedores
Esta tragédia aconteceu quando o centroavante, maior nome do futebol mineiro na época, tinha apenas 23 anos e um grande futuro pela frente. Toda essa qualidade fez ele ganhar o apelido de Perigo Loiro.
Guará era tão impressionante, que quando escreveu o prefácio do livro “Cabeçada Fatal”, de Antônio Tibúrcio Henriques, no final dos anos 1960, Ary Barroso, mineiro de Ubá, assim como o craque atleticano, resumiu em uma frase o que era o centroavante atleticano: “a frase teve inveja de Guará e condenou-o”.
Números
Guará era um artilheiro espetacular. Seus números no clássico mostram isso. Em 28 confrontos contra o Palestra Itália, pois ele nunca jogou contra o Cruzeiro, marcou 23 gols, com a impressionante média de 0,82.
Ele viveu o auge a partir da metade dos anos 1930. Foi campeão mineiro pelo Atlético em 1936, 1938 e 1939. Mas seu nome está marcado na história do clube é por outra competição.
Em 1937, ele foi o grande nome do esquadrão atleticano que venceu o Torneio dos Campeões dos Campeões do Brasil, conquista imortalizada no hino do clube.
Além de campeão, Guará foi o artilheiro dos Estaduais de 1936, com 22 gols; e de 1938, com 18 bolas na rede.
Hat-trick em 6 a 1
Nos 28 jogos contra o Palestra Itália, Guará alcançou o hat-trick por duas vezes. O primeiro deles foi num jogo especial. Em 21 de junho de 1936, os dois clubes se enfrentaram no Estádio do Barro Preto, pelo Campeonato da Cidade.
O Atlético goleou por 6 a 1, com três gols de Guará. Depois essa partida foi anulada, se transformando em amistoso, porque o Palestra Itália abandonou a competição.
O outro hat-trick foi também no Barro Preto, num 3 a 0 do Atlético, em amistoso disputado menos de dois meses antes da “Cabeçada Fatal”, que praticamente marcou o fim da carreira de Guará, pois ele nunca mais foi o mesmo, embora tenha jogado até o início dos anos 1950.
Em 19 de novembro de 1978, Guará morreu em Belo Horizonte. Mas segue eternizado, pois dá nome ao principal prêmio do futebol mineiro, o Troféu Guará, dado pela Rádio Itatiaia aos destaques de cada temporada.