(Reprodução/ Flickr)
Para o coordenador de produção Esmeraldo dos Santos, o vencedor da decisão entre Santos e Audax era apenas um detalhe. Ele queria mesmo ver a hora em que o campeão levantaria a taça, até porque foi um dos artesãos que ajudaram a produzir o troféu do Campeonato Paulista. "A gente se sente como parte da festa. É motivo de orgulho como se a gente fosse campeão de alguma forma. É difícil explicar", disse o corintiano.
Resultado de oito meses de trabalho, desde o desenho inicial até o "OK" final da Federação Paulista de Futebol (FPF), a taça é uma peça exclusiva, uma obra de arte feita a mão para celebrar os 75 anos da entidade. Neste domingo, os jogadores tiveram de levantar 18 quilos feitos em latão, com banho de ouro 24 quilates, uma das combinações mais nobres do mercado. "Falo para todo mundo que coloquei minha mão lá, mas tem gente que nem acredita", contou Noésia Melo, encarregada de acabamento.
Esmeraldo e Noésia são alguns dos funcionários da Prataria Rebouças, fornecedora dos troféus da FPF desde a época de Eduardo José Farah nos anos 1990. Uma das histórias que Adelaide Cuellas, uma das fundadoras, e Soraia, sua filha, adoram contar para ilustrar a tradição do negócio familiar não se refere diretamente ao futebol. Quando a rainha Elizabeth II visitou o Brasil, em 1968, dona Adelaide recebeu uma consulta do governo estadual sobre um presente para a realeza. Em 10 minutos, teve a ideia: uma peça com o desenho de frutas brasileiras. O presente fez tanto sucesso que a rainha quis experimentar cada uma das frutas.
Em linhas gerais, o trabalho de produção é dividido em várias etapas. O primeiro é o desenho na tela do computador a partir do desejo do comprador. O designer Patrick Phillip conta que foi tratado como celebridade na final de 2014 quando assistiu à decisão em um bar em São Paulo, com anúncio no microfone e tudo. Ele é o responsável pelo desenho. Depois vem a produção de uma chapa de metal e, em seguida, um molde de madeira. Uma das etapas mais cuidadosas é repuxar o latão, ou seja, moldar o material em altas temperaturas. No final, a solda elimina as junções e o polimento deixa o brilho. "É um trabalho artesanal, como uma obra de arte mesmo", disse o repuxador Laércio dos Santos Pereira.
Para a federação, a taça está inserida em processo maior, de uma nova identidade visual, para todos os campeonatos, desde a logomarca, passando por cores, slogan, hino e outras ativações. "É um processo de atualização da comunicação e do marketing da FPF. Queremos dar uma nova cara ao Campeonato Paulista, mas sem perder sua tradição e história", afirmou Daniel Comerian, diretor de marketing da FPF.