A primeira fase da Copa na Rússia exigiu dos jogadores estratégias de médio prazo, afinal tratavam-se de três confrontos. Como em um jogo de pôquer, cartas valiosas poderiam ser escondidas de acordo com a ocasião, como fez a França no seu último jogo com a Dinamarca. Valeram ainda tentativas cênicas de se manter a ordem, fingir que estava tudo bem, como no caos instaurado na Argentina.

Neste sábado, com o início das oitavas de final e seus confrontos “tudo ou nada”, o jogo deve ficar às claras e tem de ser rápido e letal, sem muitas chances de erro, até porque o peso dos opositores é gigantesco. Ou seja: Argentina x França, às 11h; e Portugal x Uruguai, às 15h, terão a dinâmica do bom e velho truco mineiro. Em uma “mão” mais do que especial, onde todas as manilhas (como são chamadas as cartas mais valiosas do jogo) foram distribuídas no baralho e estão de posse dos times.

O primeiro jogo do dia opõe uma equipe com o Zap – a Argentina de Lionel Messi– contra uma equipe que, na ausência do quatro de paus, se equilibra com um desejável Espadilha (o atacante Griezmann) e uma bela porção de naipes valiosos para compensar, como Paul Pogba, Mbappé e Kante.

O time sul-americano, por sua trajetória até agora, comprova uma máxima do jogo de cartas: não adianta ter um Zap solitário nas mãos, sem ter uma boa retaguarda. Apesar de classificada, a Argentina vem mostrando uma ausência de sintonia coletiva impressionante. Faltaram aquelas necessárias jogadas combinadas, as piscadelas por vezes nada discretas que garantem a vitória, seja no truco, seja no campo de futebol.

A equipe francesa não passa pelo mesmo problema: é um dos times mais azeitados da competição até agora, com suas duas vitórias e o empate malandro (com boa parte dos titulares descansando) contra a Dinamarca. Mas é possível dizer que seu Espadilha, Griezmann, não tem feito uma Copa brilhante. Dependendo de sua atuação neste sábado, corre o risco de passar para a história desta Copa apenas como o responsável pelo primeiro tento marcado com a ajuda do VAR, na primeira rodada, contra a Austrália.

CR7 de Copas
Na outra mesa, estão dois times que fazem campanhas equilibradas: Portugal e Uruguai. Os europeus têm como trunfo a segunda carta mais valiosa do futebol mundial, Cristiano Ronaldo, o CR7 de Copas, que aliás tem feito temporada de Zap, depois de levar seu Real Madrid à 13ª conquista de Champions. No resto da mão, temos indiscutivelmente naipes bem menos valorosos, entre eles Quaresma, autor de um dos gols mais bonitos do torneio até agora.

Mas não custa lembrar que, mesma desfalcada de seu craque, os lusos levantaram a última Eurocopa. Já o Uruguai faz campanha de campeão, com três jogos, três vitórias e nenhum gol sofrido. E ainda tem na garganta a garantia de gritar “Nove!”, número usado por seu craque, o artilheiro Suárez, que na alegoria com o truco, se mostra um excelente sete de ouros. Com tantas cartas na manga, fica difícil não eleger a rodada deste sábado como a mais “pesada” das oitavas da Copa da Rússia.

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