CBF tem reunião marcada para discutir o inusitado horário de jogos às 11h

Gláucio Castro - Hoje em Dia
Publicado em 27/09/2015 às 08:40.Atualizado em 17/11/2021 às 01:52.

Vinte e nove minutos do segundo tempo do duelo entre Goiás e Joinville, no Serra Dourada. Quando o árbitro Raphael Clauss interrompeu a partida no último domingo para o tempo técnico da etapa final, os termômetros marcavam 44,5 graus no interior do estádio, com umidade relativa do ar em oito por cento. Clima de deserto em pleno Campeonato Brasileiro.

As altas temperaturas registradas de Norte a Sul do país podem fazer a CBF rever o inusitado horário dos jogos às 11h, que caiu do gosto popular. Apesar de a entidade não confirmar, o diretor geral de competições da CBF, Manoel Flores, deve se reunir nos próximos dias com o médico da Comissão Nacional dos Médicos de Futebol, Jorge Roberto Pagura, para avaliar a situação.

O mais provável é que a partir da 32ª rodada, que ainda não teve os horários definidos, não ocorram mais partidas pela manhã. Até lá os seis confrontos agendados para às 11h estão confirmados e não terão mais Atlético e Cruzeiro em campo.

“É desumano para os atletas serem submetidos a uma situação como esta. Baseado em normas de todos os organismos internacionais de esportes, uma partida de futebol nessas condições é completamente inviável. É um risco muito grande para os jogadores”, alerta o fisiologista Turíbio Leite de Barros, com 30 anos de atuação na área esportiva.

Um dos integrantes do Bom Senso Futebol Clube, movimento que defende os jogadores, o ex-lateral-direito Ruy, que passou por América e Cruzeiro, diz que o Bom Senso também é totalmente contra à realização dos jogos, mas não pode fazer muito além da pressão. Na última semana, a CBF negou um pedido da Federação Nacional dos Atletas Profissionais que queria a interrupção dos jogos antes da 32ª rodada.

“O jogador vai chegar ao seu limite. Ele vai ficar desidratado, perde muitos sais, desgasta mais e pode até ter uma convulsão”, completa Turíbio Leite.

Na última quarta-feira, oito atletas desmaiaram em campo na goleada do Piauí sobre o Viana, na última rodada da primeira fase do Campeonato Brasileiro Feminino de Futebol. O jogo foi disputado às 15, com mais de 40 graus.

44,5 graus marcavam os termômetros há uma semana no segundo tempo do jogo entre Goiás e Joinville no Serra Dourada

‘Matinê’ rendeu recordes de público nas arquibancadas

Terror da maioria dos atletas, fisiologistas, treinadores e preparadores físicos, o horário das 11 horas caiu no gosto dos torcedores e lotou estádios país afora. A média de público nas 28 partidas disputadas pela manhã foi de 25.321 pagantes por jogo.

Setecentos e oito mil torcedores compraram ingressos para os confrontos ocorridos neste horário, números que vão aumentar bastante de hoje até a 31ª rodada, que pode ser a última com confrontos pela manhã. A vitória do São Paulo sobre o Coritiba, na 13ª rodada, foi o recorde de público até agora deste horário, com 59.482 pagantes. Mas os mineiros não ficaram atrás.

O Atlético levou 55.987 torcedores na vitória de 1 a 0 sobre o Joinville, na nova rodada. Já os cruzeirenses tiveram 39.042 celestes na goleada de 5 a 1 diante do Figueirense e 33.643 na derrota de 1 a 0 para a Chapecoense. A ideia deu tão certo que a partir da 15ª rodada a CBF decidiu passar de um para dois jogos às 11h no domingo.

Neste domingo, Santos e Internacional se enfrentam na Vila Belmiro e Atlético-PR e Ponte Preta duelam em Curitiba. Na Baixada Santista, a máxima prevista para este domingo é de 31 graus. Já os atletas do Atlético-PR e Ponte encontrarão uma situação mais agradável: máxima de 25 graus e possibilidade de chuva de 90%.

Na semana que vem, o Flamengo recebe o Joinville, em pleno Maracanã, às 11h, com mais uma previsão de termômetros nas alturas. Esta semana, os termômetros no Rio de Janeiro ultrapassaram os 40 graus, com sensação términa de 45.

“Somos totalmente contra. Se fosse nove horas da manhã seria até melhor, porque estamos acostumados a treinar neste horário. Quando termina o jogo a uma da tarde o horário era desumano ”, resume o ex-lateral e um dos líderes do Bom Senso Futebol Clube, Ruy.

25 mil torcedores foi a média de público nos 28 jogos disputados no horário das 11h, que caiu nas graças do torcedor

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