Centésimo jogo do novo herói da massa

Gláucio Castro - Hoje em Dia
12/04/2014 às 09:47.
Atualizado em 18/11/2021 às 02:05
 (Douglas Magno/AFP - 10/04/2014)

(Douglas Magno/AFP - 10/04/2014)

“Me vi muitas vezes sem uma luz no fim do túnel”, revela o atacante Guilherme. “Sofri muito”, acrescenta o jogador, com voz embargada. Prestes a completar três anos no Atlético, o armador conseguiu, enfim, trocar as vaias pelos aplausos.   Na decisão Deste domingo (13), às 16h, contra o Cruzeiro, clube que o revelou, Guilherme completa 100 partidas com a camisa alvinegra. O momento para alcançar a marca expressiva não poderia ser melhor, mesmo ainda sem saber se vai começar o jogo como titular.   Num time recheado de estrelas, como o goleiro Victor, o meia Ronaldinho Gaúcho e os atacantes Diego Tardelli e Jô, não há outro jogador que venha recebendo mais elogios das arquibancadas do Estádio Independência.   A vitória de 1 a 0 sobre o Zamora, na última quinta-feira, teve mais uma vez a marca de Guilherme. Além do passe para o gol de Jô, ele teve outra atuação irretocável. Quando o árbitro chileno Roberto Tobar apitou o fim do duelo, o nome do armador ecoou como um tsunami no Gigante do Horto. Ainda emocionado, mesmo uma hora após a partida, o jogador falou da sua superação.   Você caiu nas graças da torcida. Mas como foi sair de campo vaiado tantas vezes e vendo seu futebol ser questionado? É difícil falar. Aliás, não é difícil. É muito fácil resumir o que eu passei, porque eu sofri muito e por muito tempo. Só Deus, a minha família, esposa e filha sabem tudo que eu passei. Estou vivendo um momento muito especial, de muita felicidade. Acima de tudo, tenho conseguido demonstrar aquilo que esperavam de mim, mesmo que de uma forma tardia. Mas algumas situações, como as lesões, me prejudicaram muito.   O que passava pela sua cabeça? Eu pensei em tudo que você possa imaginar na vida. Pensei muita coisa. Mas não adiantava muito ficar pensando e sofrendo. Tinha que enfrentar o período parado de mais de 15 ou 20 dias com muita fé em Deus e força de vontade. Foi um momento triste que eu passei, por isso tenho que valorizar muito este bom momento que estou vivendo agora.   Chegou em pensar em sair do Atlético? Me vi muitas vezes sem luz no fim do túnel, em casa, sem saber o que fazer e para onde correr. Eu sempre fui muito correto com minha família, com meu trabalho e me vivia sem ter para onde correr, mas Deus é maravilhoso e as coisas mudaram.   Acha que sua passagem pelo Cruzeiro contribuiu para as críticas? A falta de paciência, que era muita no início, sem dúvida tem a ver com minha passagem pelo Cruzeiro, é óbvio. Mas eu entendo o torcedor. Não é fácil você aceitar de cara um ex-rival.   Qual seu desafio de agora em diante? Meu maior desafio neste ano era não viver apenas daquele gol contra o Newell’s (pela Libertadores de 2013) e eu tenho conseguido isso com boas atuações e sendo produtivo para a equipe. O meu objetivo é conseguir continuar assim no restante da temporada.   No Atlético, quais gols você escolhe como mais importantes? Lembro muito da semifinal e final da Libertadores do ano passado, pela importância e pelo que representaram para o clube. São os que mais marcaram, mas se eu parar para pensar com mais calma certamente vou lembrar de muitos outros.   Como armador, qual é a sensação de dar um passe perfeito para um companheiro e vê-lo perder debaixo das traves? Fazer o gol não é tão simples quanto parece. Tem todo o movimento, a questão da marcação perto. É na cara do gol, mas não é assim tão na cara. Tem toda a dificuldade do campo e só a gente sabe que existe. Mas é gratificante poder ajudar.   Prefere jogar como armador ou atacante? Eu fui revelado como atacante e hoje jogo mais recuado. Então, só tenho que desfrutar do dom que Deus me deu e da inteligência para continuar fazendo o meu papel. Estou bem à vontade atualmente. Nos outros anos eu jogava muito pelos lados do campo, o que acabava acarretando em um desgaste excessivo na minha condição de jogo. O posicionamento não batia com meu ritmo de jogo, então eu sofria bastante. Mas estou conseguindo desempenhar bem esta função.   Qual a parcela do técnico Paulo Autuori no seu atual momento? A parcela dele é muito grande. Eu não posso dizer que o meu mau rendimento era exclusivo das lesões. Não foi só isso. Muitas vezes eu estive à disposição e não jogava. Agora, quando o Ronaldo fica de fora, o Tardelli ou o Jô vai para a Seleção, estou sempre jogando, o que dá mais confiança. Ele tem passado esta confiança e dado condições para todos jogarem.   Tem espaço para você e o Ronaldinho ao mesmo tempo no time? A gente ganha mais no meio de campo. É mais qualidade técnica, mas muda alguma coisinha no comportamento do time. A gente perde um pouco de velocidade, mas não acho que o Atlético fica menos potente ou menos forte por isso. Deu certo contra o Santa Fe, mas as vezes depende também do posicionamento do time adversário. Mas isso é com o Autuori. Se precisar nós estamos pronto.   A final contra um ex-clube tem um gostinho especial para você? Não tem um gosto a mais enfrentar o Cruzeiro, mas vou atingir uma marca importante na minha carreira, ainda mais num momento tão bom que eu estou vivendo. Espero que a gente consiga sair com a vitória e o título no domingo.

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