Chile deve receber cerca de 700 mil turistas na Copa América

Gláucio Castro - Hoje em Dia
Publicado em 11/06/2015 às 08:05.Atualizado em 17/11/2021 às 00:26.

Do frio da Patagônia ao calor do Deserto do Atacama, o Chile é um país conhecido pela gama variada de atrações turísticas. Mas, a partir dessa quinta-feira (11), o país vizinho será também a terra do futebol sul-americano.

Mas nem tudo são flores. Logo na semana do início da Copa América, um estudo da Universidade de Santiago apontou que os índices de poluição em Santiago, Rancagua, Temuco (onde o Brasil estreia) e Concepción estão acima dos toleráveis.

“É um sério perigo para a saúde dos atletas e dos torcedores. Deve-se considerar que cada seleção chega com vários dias de antecedência. Então, durante ao menos uma semana, estarão treinando com altos níveis de contaminação e chegarão com os pulmões complicados em seus compromissos oficiais”, alerta Luis Díaz Robles, engenheiro ambiental que assina o comunicado

Como o estudo só foi divulgado agora, cerca de 700 mil visitantes já tinham comprado passagens e são esperados no país. Apesar do otimismo do governo local, não há estimativas de quanto os turistas devem gastar.

Unir futebol com turismo é o principal objetivo da multidão que começou a chegar ao Chile desde a última semana. Oito cidades em praticamente todas as regiões serão utilizadas durante a disputa.

O visitante mais disposto pode começar o tour pelo clima árido e quente do Deserto do Atacama, na cidade de Antofagasta, passando pelo Vale Nevado, próximo a Santiago, e terminar a viagem na poluída Temuco, que receberá a estreia da Seleção Brasileira contra o Peru, no domingo.

Na cidade nesta época do ano, os termômetros atingem facilmente temperaturas em torno dos cinco graus. Um contraste com os mais de 40 graus do Atacama durante o dia, onde também faz frio à noite.

A capital Santiago, sempre “vigiada” pela imponente Cordilheira dos Andes coberta de neve neste período do ano e palco do segundo e terceiro jogo do time de Dunga nesta primeira fase, também tem várias atrações. O centro histórico, o mercado central e o Palácio La Moneda, sede do governo local, além da saborosa culinária e carta de vinhos variada estão entre as principais atrações chilenas.

Atrasos e preocupação

Assim como ocorreu no Brasil durante a preparação para a Copa do Mundo, as reformas dos estádios chilenos extrapolaram prazos e fizeram os organizadores perderem noites de sono.

Por causa do atraso, o Estádio Ester Roa, em Concepción, não receberá jogos nesta primeira fase, o que obrigou a transferência de uma partida da Seleção Brasileira para Santiago.

Os comandados de Dunga acabaram sendo beneficiados, já que farão dois jogos em Santiago, diminuindo o número de deslocamentos.

As obras nos nove estádios em oito cidades diferentes custaram cerca de R$ 280 milhões, bem menos do que os R$ 8 bilhões gastos no Brasil para o Mundial de 2015. Sete deles passaram por reformas e o Sausalito, em Viña del Mar, e Ester Roa, em Concepción, foram praticamente reconstruídos para a Copa América. (G.C.)

Copa dos contrastes dentro e fora das quatro linhas

Se dentro das quatro linhas a Copa América colocará frente a frente alguns dos melhores jogadores em atividade no Mundo, no que diz respeito à economia das 12 nações envolvidas na competição, a situação não é nada animadora. Apenas dois países aparecem na lista dos mais desenvolvidos do Mundo: Chile e Argentina.

Segundo dados do Banco Mundial, o Brasil ocupa a 79ª posição no ranking que mede o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), bem perto do Peru, na 82ª colocação. Esta é uma das melhores maneiras de avaliar o grau de desenvolvimento econômico e a qualidade de vida da população entre os 187 analisados.

Pelos índices de IDH, um país tem números de desenvolvimento humano muito alto quando aparece até a 49ª posição, caso da Noruega, Austrália, Suíça, Holanda e EUA, que encabeçam a lista. Da 50ª a 102 colocação, a nação é considerada como alto índice de desenvolvimento. É aqui que o Brasil se encaixa. Da 103ª à 144ª, médio desenvolvimento. A partir daí o nível de desenvolvimento é considerado como baixo.

O momento ruim da economia dos países da América pode explicar o fato de as maiores estrelas da competição atuarem atualmente no futebol europeu. Dos 23 convocados para defender a Seleção Brasileira nesta edição da Copa América, apenas os goleiros Jefferson, do Botafogo, Marcelo Ghroe (Grêmio), o meia Eilas do Corinthians, e o atacante Robinho, do Santos, jogam no Brasil.

A situação não é diferente nos outros países que têm suas principais estrelas também atuando no exterior.

O nível de desenvolvimento dos países que disputam esta edição da Copa América está diretamente ligado à qualidade de suas equipes. Os mais bem colocados na lista do IDH, como Chile, Argentina, Brasil e Uruguai são também os principais candidatos a deixar Santiago com o caneco na mão no dia 4 de julho. Já a Bolívia, pior colocada no ranking, só leva a taça em caso de uma zebra.

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