Ciclista mineiro pedala 3.162 km em apenas 25 dias

Felippe Drummond Neto - Hoje em Dia
11/03/2013 às 08:29.
Atualizado em 21/11/2021 às 01:46

(Arquivo Pessoal)

A aventura do ciclista mineiro Élber Mourão terminou da melhor forma possível. Depois de pedalar 3.162 quilômetros de Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), até a cidade de Cochabamba, na Bolívia, em apenas 25 dias, o sargento do Corpo de Bombeiros voltou para casa são e salvo e com várias histórias para contar.

O desafio começou em 2 de fevereiro e terminou no dia 26. Com o sentimento de missão cumprida, o atleta comemora o feito, lembrando de algumas dificuldades que passou durante a viagem. “Graças a Deus, tudo correu como planejado. Até mesmo os imprevistos que tive não me pegaram de surpresa. O mais grave foi quando um pneu furou e acabou me atrasando quase duas horas. Além disso, consegui estragar duas câmeras no caminho e acabei não registrando algumas coisas”, relata.

Do trajeto total, Mourão percorreu, aproximadamente, 600 quilômetros na Cordilheira dos Andes, onde o ar é rarefeito. Porém não sentiu tanta diferença em pedalar na altitude. “Pedalei a 4 mil metros, mas não tive problema nenhum. A única hora em que senti um problema físico foi nos cinco primeiros dias. Minhas pernas doíam muito, mas, aos poucos, elas se acostumaram ao cansaço diário e pararam de incomodar”, relata o ciclista.

Ele observa que, já próximo da chegada, temeu não conseguir alcançar o objetivo. “Eu tinha estudado todo meu trajeto e tinha certeza de que todas as estradas que pegaria seriam asfaltadas. Mas acabei sendo pego de surpresa, quando já estava na reta final. Meu pneu estava muito gasto e precisaria pedalar 130 quilômetros em estrada de terra, na subida. Quase desisti”, recorda. “Mas pensei: cheguei até aqui, não vai ser uma estrada de terra que vai me derrotar”, completa.

Exemplo

Élber Mourão destaca que o grande objetivo da viagem é mostrar que é viável trocar os carros e motos por alternativas que trazem melhor qualidade de vida individual e coletiva. “Todos saem ganhando com mais bicicletas rodando nas ruas. As pessoas teriam mais saúde, e a sociedade terá uma cidade menos congestionada, menos poluída e com menos acidentes”, frisa.

Agora o bombeiro espera realizar o sonho de conhecer a Europa, sem deixar a bicicleta para trás.

“Antes de definir que iria para a Bolívia, eu queria fazer um trecho tão longo ligando as principais capitais da Europa. Não consegui patrocínios suficientes. Para o próximo desafio, gostaria de realizar esse sonho de ir para a Europa pedalando”, disse.

Paixão pelo esporte e pela geografia impulsiona desafios

Além de ciclista e sargento do Corpo de Bombeiro, Élber Mourão também é geógrafo. É exatamente o gosto pela ciência que ele “culpa” por levá-lo a fazer aventuras como essas. “Minha maior paixão é pegar minha bike e sair pedalando. Quando faço isso, acabo juntando uma outra paixão que tenho, a geografia. Amo mapas, adoro estudá-los. Sempre que olho para um, eu imagino um roteiro legal para fazer. Quando a oportunidade aparece, vou com tudo”, enfatiza.

Em meio às dificuldades que encarou nos 25 dias de pedal, o ciclista também garante que se divertiu bastante, principalmente quando a estrada era muito sinuosa. “Sempre queria saber o que teria depois das curvas. Além disso, sou muito curioso e adoro conhecer novas culturas. Então, a cada virada, poderia ter um povoado diferente que eu fazia questão de visitar”, comenta Mourão.

Ele lembra que, por pouco, não conseguiu registrar mais imagens da viagem. “Levei uma câmera comum, mas ela estragou quando eu estava ainda em Araxá. Comprei outra, que durou até Santa Cruz de la Sierra. Aí, como não tinha dinheiro, troquei com um morador da cidade por uma usada que aguentou até o último dia”, disse o atleta.

Ele elegeu os quíchuas (povos indígenas) como os mais interessantes. “Não só a cultura deles é diferente da nossa, mas eles também são muito estranhos, diferentes de tudo que eu já tinha visto. São todos pequenos, se parecem com miniaturas de índios. Além disso, é muito difícil se comunicar com eles, já que não falam espanhol e sim uma língua própria”, observa o viajante mineiro.

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