A equipe brasileira masculina de ginástica artística estreia nos Jogos Olímpicos neste sábado, a partir das 10h30, com o que tem de melhor. Campeão olímpico nas argolas em Londres-2012, Arthur Zanetti terá a responsabilidade de fazer as primeiras acrobacias na Arena Olímpica do Rio. Será o momento de colocar a preparação "offline" à prova e tentar ser bem sucedido em duas missões: garantir vaga na final por aparelho e somar pontos importantes para o grupo.
O páreo será duro do início ao fim. O grego Eleftherios Petrounias, atual campeão mundial das argolas, se apresentará pouco depois de Zanetti. Os dois ginastas estão na mesma subdivisão e, por isso, também têm treinado juntos há cerca de uma semana no Parque dos Atletas, na Barra da Tijuca. Foi uma ótima oportunidade para espiar o rival. "Não tem como esconder nada, todo mundo está junto. Eu não fico olhando muito os adversários, mas todo mundo olha um pouco", afirmou o técnico Marcos Goto.
Ninguém pode colocar as expectativas de Zanetti em palavras desde que o ginasta chegou à Vila Olímpica, no dia 29 de julho, quando a "lei do silêncio" entrou em vigor. O atleta não deu uma entrevista sequer na véspera da competição e está proibido de usar as redes sociais. Para falar com os pais e com a namorada, só o telefone foi liberado. Ele também não participou das festividades do Time Brasil. Fora da cerimônia de abertura para descansar para a estreia, a promessa é que esteja presente no encerramento.
As restrições também são seguidas por Diego Hypolito, que passou a treinar com Marcos Goto na reta final para os Jogos do Rio. Em sua terceira Olimpíada da carreira, o ginasta vai se apresentar nos saltos e é candidato ao pódio no solo. Na avaliação do novo técnico, "tem se comportado bem". A decisão de escalar dois especialistas - Zanetti e Hypolito - expõe a tática brasileira: buscar o maior número de finais e medalhas possível. A classificação da equipe fica em segundo plano.
São cinco atletas inscritos por país, quatro competem e as três melhores notas são usadas na pontuação. Mas o Brasil terá apenas três competidores - Sérgio Sasaki, Arthur Nory Mariano e Francisco Barretto Júnior - nas barras paralelas, na barra fixa e no cavalo com alças. Assim, o sucesso coletivo depende do bom desempenho do trio.
"A gente tem três aparelhos descobertos. Vai ser difícil a gente ir para a final por causa da estratégia de colocar o Diego para tentar uma medalha no solo. Mas se a gente for para a final, vai comemorar muito", afirmou Renato Araújo, treinador-chefe da seleção brasileira masculina de ginástica artística. Ele mantém os pés no chão: "Sabemos o nosso teto, não estamos disputando com Japão e China, a gente sabe até aonde pode ir".
Tudo o que podia ser feito nos últimos quatro anos passará a ser avaliado a partir deste sábado. A equipe vinha fazendo treinos reduzidos nos dois últimos dias para fazer os ajustes finais na séries. Acostumados com o ginásio de aquecimento, Renato acredita que essa familiaridade pode reduzir a ansiedade do grupo. "Parece que a gente está em nosso local de treino com vários convidados, isso ajuda a deixar o grupo mais relaxado", avaliou.
A rotação do Brasil começa nas argolas, vai para os saltos, segue nas barras paralelas, barra fixa, solo e, por fim, cavalo com alças. Na subdivisão 1, terá a companhia de Japão, Coreia do Sul, Holanda e dois combinados de ginastas de variadas nacionalidades. A apresentação do terceiro agrupamento terminará por volta das 21 horas. Até lá, os brasileiros terão de controlar os nervos.
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