Com carreira marcada por lesões e passagens por grandes clubes, Kerlon busca retomada no Villa Nova

Gláucio Castro - Hoje em Dia
Publicado em 18/01/2016 às 07:29.Atualizado em 16/11/2021 às 01:03.
 (Lucas Prates)
(Lucas Prates)

“Eu só peço a Deus para não ter mais lesões e poder dar sequência ao meu futebol”. A declaração do meia-atacante Kerlon em tom de desabafo não deixa dúvidas: a série de graves contusões sofridas ao longo de dez anos de carreira sempre foi o seu grande adversário. Somente cirurgias foram cinco (três no joelho e duas no tornozelo).

Livre deste fantasma desde 2012, o “Foquinha” é um dos reforços do Villa Nova para o Campeonato Mineiro de 2016. No início deste ano, o jogador revelado no Cruzeiro trocou a paradisíaca Ilha de Malta, no Mediterrâneo, onde defendia o Sliema Wanderers, por Nova Lima. Se por um lado Kerlon não terá mais as paisagens deslumbrantes da antiga colônia inglesa, ele ganhará outra chance para provar que ainda tem futebol para mostrar.

“Tive sérios problemas de contusão ao longo da minha carreira. Em Malta, eu voltei a jogar bem e a ver que eu ainda tenho condições de jogar futebol. Voltei a acreditar em mim. Vi que ainda tenho lenha para queimar. E agora estou dando continuidade”, comemora o criador de um dos lances mais característicos do mundo da bola.

Quando se via encurralado pelos zagueiros adversários, Kerlon levantava a bola e a equilibrava na cabeça como se fosse uma foca. A jogada chegou a ser alvo de críticas, já que alguns jogadores a classificavam como uma atitude antidesportiva. Em um clássico contra o Atlético, no Mineirão, o atacante tentou a jogada e foi violentamente atingido pelo lateral Coelho, que acabou expulso.

"É um recurso que eu tenho dentro de uma partida, mas não é todo dia, não é toda hora que vou fazer. O que não pode é a pessoa achar que vai me ver jogar e fazer aquilo toda hora, da mesma forma que você não dá um elástico toda hora, não dá um chapéu toda hora, ou um passe de letra. É o momento. Se tiver oportunidade no jogo, eu vou fazer, é claro”, explica.

O Leão do Bonfim é o décimo clube da carreira de Kerlon, que despontou em 2005 na base da Raposa e terminou aquele ano como artilheiro e melhor jogador da Seleção Brasileira no Sul Americano Sub-17 disputado na Venezuela.

Logo o bom futebol do atacante despertou a atenção de vários clubes, inclusive da Europa. Kerlon foi negociado com a Internazionale, de Milão, comandada na época pelo português, José Mourinho, tido como um dos melhores técnicos do Mundo. Como companheiros de clube, ele tinha nada menos que Maicon, Balotelli e Materazzi, além de Mancini, com quem se reencontrou no Alçapão do Bonfim.

“Eu tive uma passagem muito rápida lá. Fui transferido do Cruzeiro direto para a Inter e, depois, emprestado para o Chievo Verona. Acabou que eu não tive tanta convivência, mas dá para perceber o profissionalismo deles. A maneira de atuarem e de tratar o futebol. Foi um aprendizado”, relembra Kerlon.

Mas não foi apenas no futebol que o ex-cruzeirense aproveitou as temporadas no exterior. “As culturas e as línguas de outros países são coisas magnificas que o futebol nos proporciona”, afirma o jogador, que fala italiano fluentemente e também se comunica com bastante segurança em inglês e espanhol.

De Taça Minas Gerais a rótulo de refrigerante no Japão

O idioma era um mistério. A comida e a cultura também eram bem diferentes. Mas foi no Japão que Kerlon voltou a ter alegria no futebol. Após uma passagem apagada pelo Nacional de Nova Serrana para a disputa da Taça Minas Gerais, o atacante encantou os orientais com sua habilidade e estampou até o rótulo de um refrigerante local.

“Foi uma das boas passagens que eu tive. Fiquei um ano e meio jogando direto, sem lesões. Fui várias vezes o melhor em campo, fiz gols e dei assistências”, relembra Kerlon. Foi também na terra dos olhos puxados, no entanto, que ele sofreu a última contusão, no fim de 2012.

De lá para cá, o jogador se tornou evangélico – a todo momento, faz questão de agradecer a Deus pelo período de três anos sem contusão – e vem recuperando a tranquilidade para entrar em campo sem a preocupação de voltar ao departamento médico. “As lesões ficaram para trás”, garante.

Mesmo recuperado, Kerlon pede um pouco de paciência nesta volta ao futebol mineiro. “O jogador precisa de continuidade, precisa de confiança. Você não pode jogar pedra no jogador porque ele jogou mal aquele jogo. Você precisa de uma sequência de pelo menos cinco jogos”, defende.

Com carreira marcada por lesões e passagens por grandes clubes, Kerlon busca retomada no Villa Nova
 

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