Junte um motor 1.600cc de VW Fox original, sem preparação, suspensões e freios de série e pneus radiais de rua a um chassi tubular em aço e o resultado é um carro de corrida. Aliás, um monoposto que serviu para lançar feras como Emerson e Wilsinho Fittipaldi e Nelson Piquet rumo ao estrelato. Quatro décadas depois, em plena era dos simuladores e das categorias que exigem engenheiros, telemetria e gastos nada modestos, é nela a aposta para voltar a revelar campeões e impedir a seca de talentos verde e amarela no exterior. E com um dos precursores como padrinho e consultor. Wilson Fittipaldi estará em Curvelo entre os dias 3 e 5 de março para passar toda a sua experiência aos pilotos que disputarão a primeira etapa da Copa Centro-Oeste/Minas de Fórmula Vee.
"Eu não diria que é um caminho, mas o caminho para voltarmos a ter mais gente na F-1 ou na Indy. Como o equipamento é igual e as dicas de acerto são repassadas a todos, quem manda é o piloto, não o carro. Comparado com um F-3, por exemplo, o F-Vee é muito mais instável, o limite está bem mais próximo, o carro não tem asas e a aderência dos pneus é menor. Mas é assim que se aprende a lidar com o imprevisto, a chegar ao limite", destaca Wilsinho, que disputou 35 GPs com a Copersucar (que desenvolveu com o irmão, Emerson) e a Brabham na Fórmula 1, entre 1972 e 1975.
Hoje com 73 anos, ele admite que não imaginava que o conceito que o ajudou a aprender os fundamentos da pilotagem de um fórmula se mantivesse atual depois de tanto tempo. Mais do que isso, a categoria se tornou uma opção barata para quem quer acelerar em todo o mundo – Estados Unidos, Inglaterra, Canadá e África do Sul são apenas alguns dos exemplos.
E a ideia é fazer com que a F-Vee se dissemine ainda mais pelas pistas brasileiras, servindo tanto à meninada saída do kart quanto a quem busca a emoção da velocidade como hobby. "Um chassi custa não mais do que R$ 13 mil, e o carro completo sai por menos de R$ 40 mil. As pastilhas de freio custam R$ 15 e um jogo de pneus é capaz de durar uma temporada inteira. Queremos que sejam criados campeonatos em vários estados para, no fim da temporada, reunir os melhores numa grande final em Interlagos. E já trouxemos ingleses, norte-americanos e sul-africanos para andar no Brasil. Queremos iniciar o caminho inverso, com as equipes desses países recepcionando nossos pilotos para correr fora de forma barata", diz Sérgio Góes, um dos administradores da categoria, que promete novidades para este ano. "Estamos desenvolvendo um carro mais potente que, num segundo estágio, vai ganhar asas e pneus mais largos e será um segundo passo para quem está começando".