A indefinição quanto à concessão do Maracanã caminha para um impasse. O consórcio que ganhou o direito de gerir o complexo esportivo, por 35 anos, pretende continuar à frente do estádio. O governo estadual prevê, porém, que será inviável a administração do Maracanã pelos gestores privados.
O Consórcio Maracanã S.A., formado pelas empresas Odebrecht, IMX e AEG, avalia que ainda seja possível manter a concessão para a exploração do complexo, mesmo sem os projetos que seriam erguidos no espaço onde estão hoje o estádio de atletismo Célio de Barros e o parque aquático Júlio Delamare.
Na semana passada, o governador Sérgio Cabral anunciou que estava cancelando as demolições dos dois estádios, previstas no contrato com o consórcio e onde seriam construídos centros comerciais e de entretenimento e estacionamentos. Além das suspensões das duas demolições, Cabral anunciou nesta segunda que manterá o prédio da escola Friedenreich, também instalada no complexo, a última estrutura que ainda corria risco de vir abaixo.
O pool de empresas pretende utilizar os 20 dias dados pelo governador para elaborar um novo plano de negócios com objetivo de viabilizar economicamente o complexo, uma vez que suas principais fontes de receitas ficariam restritas ao estádios do Maracanã e do Maracanãzinho.
No Palácio Guanabara, no entanto, é dado como mais provável o retorno do estádio para a administração estadual. Há um entendimento de que o negócio não será sustentável para o consórcio e que a concessão será cancelada.
Os grandes clubes cariocas aguardam com atenção uma definição do futuro do Maracanã. O Flamengo é aquele com maior interesse no retorno do estádio para as mãos do governo estadual. O clube rubro-negro ainda não fechou um contrato de longo prazo com o consórcio e tem feito seus jogos em Brasília justamente pela insatisfação com os custos de se jogar na remodelada arena. O clube já até trabalha com a possibilidade de deslocar para o Maracanã jogos já marcados para o Mané Garrincha.
O Fluminense, por sua vez, se sente em uma posição confortável com qualquer cenário, pois o seu contrato de 35 anos com o administradores particulares o isenta de qualquer gasto. O R$ 1 milhão líquido arrecadado no clássico com o Vasco é um dos motivos da satisfação tricolor.
Com os protestos contra os gastos na reforma do estádio (R$ 1,2 bilhão) para a Copa do Mundo de 2014 e a "elitização" do público com os ingressos muito caros, é possível que a decisão do governador seja pautada pela necessidade de recuperar a popularidade. A última pesquisa da CNI/Ibope mostrou que seu governo tem neste momento apenas 12% de aprovação.
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