Construindo uma vida nova: engenheiro encontra no rugby paralímpico a força para superar restrições

Guyanne Araújo - Hoje em Dia
Publicado em 22/11/2014 às 11:43.Atualizado em 18/11/2021 às 05:07.
 (Frederico Haikal/Hoje em Dia)
(Frederico Haikal/Hoje em Dia)
Superação e super ação. Juntas ou separadas, as letras formam palavras carregadas de significados diferentes. Contudo, as simbologias de ambas são alguns dos ingredientes marcantes no vocabulário e na vida do engenheiro civil Esdras Bastos Vinhal. 
 
A manhã de 31 de julho de 2009 se iniciava normalmente, mas ficou marcada na memória, já que reservara um futuro diferente para Esdras. Naquele dia, após trancar seu carro e assumir a direção de uma Kombi no local de trabalho, um acidente automobilístico acabou mudando sua vida de forma radical.
 
“Eu estava com minha empresa prestando serviço para o consórcio que fazia uma obra do Vila Viva (programa habitacional da prefeitura), quando a Kombi perdeu o freio em uma descida muito forte. Caímos, e sofri uma lesão. Fiquei tetraplégico, com restrições nos movimentos dos braços e mãos”, recorda o engenheiro.
 
Cinco anos e meio já se passaram desde aquele dia. Sem ação e sem norte em um primeiro momento, Esdras comenta que passou um primeiro ano difícil. Porém, reabilitou-se e salienta que não teve sequer depressão. E quis o destino que ele encontrasse força em um esporte que o motivasse: o rugby.
 
“Eu era sedentário antes do acidente. Tinham montado um time de rugby de cadeiras de rodas, e a amiga da minha esposa falou para ela. Fui para conhecer o esporte em 2011, minha esposa foi comigo, me incentivou, e daí nunca mais parei”, conta Esdras. 
 
O esporte acabou se tornando também um grande benefício para seu corpo, com ganho de força, agilidade e equilíbrio. Treinando três vezes por semana, Esdras integra um time de alto rendimento – a Associação Esportiva Minas Quad Rugby – e faz parte da elite do rugby nacional paralímpico, motivo de muito orgulho para o engenheiro.
 
“Participamos de várias competições. Representa hoje para mim, além da saúde física, a parte mental. Vejo outras pessoas com comprometimentos motores piores e fazendo coisas incríveis. Um incentiva o outro”, destaca.
 
Dificuldades
 
O engenheiro ainda ressalta os desafios diários e conta que os próprios atletas abriram uma associação para tentar conseguir verba e manter a equipe, acumulando funções administrativas. “Aqui no Brasil é bem difícil, falta incentivo do governo para a prática esportiva de pessoas com deficiência. Cada atleta tem que manter a sua cadeira, porque a cadeira de jogo é própria e é cara, em média R$ 15 mil”, relata. 
 
O engenheiro conta que a associação vem fazendo rifas para custear as despesas, inclusive para as viagens e competições. “Estamos com várias ideias para alavancar o time, como sócio-torcedor, desenvolvendo camisa, chaveiro e boné. Também estamos tentando fazer algumas parcerias e patrocínios”, conta, empolgado.
 
PERFIL
 
Esdras Vinhal
engenheiro civil
 
Nascimento: 20/03/1970
Prato preferido: Churrasco
Livro de cabeceira: “Nosso Lar”
Filme: “Um dia”
Frase: “Que esse país seja livre, de senhores de engenho, capitães do mato, escravos, correntes e preconceituosos. Percebamos que somos um só povo”
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