Há quatro anos, Julio Cesar vivia o pior momento da carreira. A falha no segundo gol contra a Holanda, nas quartas de final da Copa da África do Sul, colocou o goleiro como vilão da eliminação brasileira. Um pesado fardo que aumentou ainda mais no último sábado, contra o Chile. Afinal, em suas contestadas mãos estava a responsabilidade do sonho do hexa.
Mas quis o acaso que o criticado camisa 12 selasse o destino dos canarinhos no Mundial. E, nesta sexta-feira (04), diante da Colômbia, no Castelão, em Fortaleza, o herói nacional escreverá mais um capítulo com a camisa verde e amarela.
Ele entrará para o seleto grupo de goleiros que defenderam a Seleção em dez oportunidades na Copa do Mundo, e fica atrás apenas de Taffarel (18), Gilmar dos Santos Neves e Leão (14 cada).
Contra os “cafeteros”, Julio Cesar terá mais uma vez a chance de liderar a Seleção rumo ao sexto título mundial. O goleiro, principal algoz dos atacantes chilenos, espera superar as investidas de James Rodríguez, atual astro dos colombianos.
“Faltam três degraus. E eu espero ver o Brasil todo em festa pela conquista do título”, avisa o camisa 1.
LONGA HISTÓRIA
Já são 11 anos de uma vida dedicada à Seleção Brasileira. Uma relação que se iniciou em 2003. Então goleiro do Flamengo, Julio Cesar foi convocado para a Copa das Confederações, para ser reserva de Dida.
No ano seguinte, foi chamado pelo técnico Carlos Alberto Parreira para a disputa da Copa América. Atuando como titular, ele conquistou seu primeiro título com a amarelinha.
Julio Cesar também participou das eliminatórias das duas Copas do Mundo seguintes, sendo convocado para ocupar a vaga de terceiro goleiro na edição de 2006, na Alemanha.
Mas foi na África do Sul, em 2010, que ele enfim fez sua estreia em Copas, na vitória brasileira por 2 a 1 sobre a Coreia do Norte, no Ellis Park, em Johanesburgo. Em nove partidas, foram cinco vitórias, três empates e apenas uma derrota.
O único revés, no entanto, ainda traz lembranças negativas para o dono do gol brasileiro. Desde aquele traumático 2 a 1 para a Holanda, Julio Cesar vivia um verdadeiro inferno astral.
Antes considerado o melhor da posição, o goleiro, então titular absoluto da Inter de Milão, chegou a ser dispensado pelo modesto Queen’s Park Rangers, da Inglaterra, e não vinha jogando por time algum até ser contratado pelo pouco conhecido Toronto, do Canadá, em fevereiro desse ano.
“Sair de uma Copa do Mundo tachado de vilão é muito difícil. Tive que me preparar muito fisicamente e psicologicamente. E hoje estou cumprindo isso. Quando você tem um sonho, corra atrás dele”, desabafou o goleiro.
RETRANCA
Pênaltis defendidos na conquista de títulos
Os pênaltis defendidos de forma heroica contra o Chile recolocaram Julio Cesar no rol dos grandes goleiros da Seleção. Mas quem acompanha a carreira do camisa 12 sabe que o desempenho dele no último jogo não foi uma surpresa.
Ele foi fundamental na conquista da Copa América de 2004. Após um empate em 2 a 2 em 120 minutos, o goleiro defendeu uma penalidade cobrada pelo argentino D’Alessandro no canto esquerdo, que decretou a vitória dos canarinhos.
Curiosamente, na Copa das Confederações do ano passado, no mesmo Mineirão, ele foi o principal destaque no confronto com o Uruguai, nas semifinais, quando defendeu uma penalidade de Forlán. Naquela oportunidade, o placar apontava 0 a 0. O Brasil acabou vencendo por 2 a 1.
Mas nem tudo foram flores para o goleiro. Na Copa América da Argentina, em 2011, ele não evitou e eliminação brasileira nas quartas de final, para o Paraguai, na disputa por pênaltis, após empate em 0 a 0 no tempo normal. O time brasileiro errou quatro cobranças.