Copa dos Campeões: imortalizada no hino do clube, conquista do Atlético completa 80 anos

Frederico Ribeiro e Alexandre Simões
esportes@hojeemdia.com.br
03/02/2017 às 21:30.
Atualizado em 15/11/2021 às 22:41

O hino oficial do Atlético, escrito por Vicente Motta em 1968, reservou a quarta estrofe da letra para exaltar, até então, os maiores feitos do Atlético além das Minas Gerais. Um deles completa, nesta sexta-feira (3), exatos 80 anos. Em 3 de fevereiro de 1937, ao derrotar o Rio Branco-ES por 5 a 1, o Galo se tornava campeão da Copa dos Campeões, que foi a primeira competição interestadual profissional a ser realizada no Brasil.

A competição que visava reunir os vencedores dos estaduais do ano anterior promoveu apenas confrontos entre os campeões mineiro, paulista, capixaba e carioca. O Atlético, que havia conquistado seu primeiro troféu da era profissional em Minas, após quebrar um possível tetra do Villa Nova, representou o estado no torneio organizado pela extinta Federação Brasileira de Futebol (FBF), que logo depois se incorporou à Confederação Brasileira de Desportos (CBD), a entidade filiada à Federação Internacional de Futebol Associado (Fifa)

Foram seis jogos disputados, com quatro vitórias, um empate e uma derrota. A mais impactante delas foi diante do Fluminense, considerado favorito. Após perder por 6 a 0 no Rio de Janeiro, o Galo ia devolvendo a goleada no antigo estádio Antônio Carlos (atual Diamond Mall) por 4 a 1, justificando sua fama de "vingador", outro adjetivo imortalizado no hino.

A partida, marcada pelo nervosismo, teve um grande tumulto, iniciado por uma troca de agressões após uma disputa de bola entre Tristão, do Fluminense, e Rezende,do Atlético. Até associados alvinegros, que invadiram o gramado com a confusão, participaram da briga, que teve um final inusitado. Depois dos ânimos acalmados, o time do Fluminense, virado para as sociais do estádio, fez uma saudação ao público, sendo aplaudido.

A taça foi conquistada de forma antecipada e o Atlético finalizaria o torneio com nova vitória diante da Portuguesa, em São Paulo, por 3 a 2. A façanha foi bastante enaltecida à época pela imprensa. Tal reação da mídia serviu, inclusive, como argumento quando o clube chegou a cogitar, em 2010, ir até a CBF para transformar aquele torneio em um Campeonato Brasileiro, o que tornaria o clube bicampeão nacional. 

A entidade máxima do futebol nacional, há sete anos, passava a considerar os vencedores da Taça Brasil e Torneio Roberto Gomes Pedrosa como campeões do Campeonato Brasileiro. O Galo, entretanto, não chegou a fazer nenhum pedido formal à CBF. A chance de fracassar na apelação, inclusive, era real, pela Copa dos Campeões não ter sido um torneio com continuidade (não houve outra edição) e por só ter reunido times de uma região do Brasil.

Em 2015, em entrevista ao Hoje em Dia, o jornalista Odir Cunha, responsável por elaborar o "Dossiê pela Unificação dos Títulos Brasileiros a partir de 1959", aprovado pela CBF em 2010, comentou sobre as chances de o título do Galo também entrar na lista.

"O pessoal ligado ao Atlético não pode esperar que a CBF vá se envolver neste trabalho porque eles não têm essa preocupação. A CBF é uma entidade muito mais política do que histórica. O esforço do clube deve partir de pesquisadores. A proposta é factível pelo que estudei. Havia representantes de quatro estados que eram considerados os mais forte. Foi um torneio representativo, foi um título nacional importante porque foi inédito naquela época. Ocorre que foi organizado por uma entidade que não existe mais e isso pode dificultar um pouco", disse.Editoria de Arte / N/A

ESQUADRÃO COM ÍDOLOS ETERNOS

O primeiro “esquadrão atleticano”. Assim pode ser definido o time campeão dos campeões em 1937. A equipe era formada por alguns dos maiores ídolos da história doclube em todos os tempos. O craque do time era o centroavante Guará, que tinha o apelidado de “Perigo Louro”. Ele segue, após tanto tempo, como o quarto maior artilheiro da história do Galo, com 168 gols marcados em cerca de 200 jogos. 

Mas se destacavam outros jogadores, como o goleiro Kafunga, um dos jogadores mais notáveis da história alvinegra. O goleiro havia chegado ao Atlético dois anos antes e seguiu na meta atleticana por 20 temporadas. 

Além destes, também se destacava o centro-médio Zezé Procópio, revelado pelo Villa Nova e que depois alcançou grande projeção no futebol brasileiro, defendendo inclusive a Seleção. No ataque, Guará tinha a companhia de outros craques, como o ponta-direita Paulista, que foi o artilheiro do Atlético no Torneio dos Campeões, com 8 gols, o meia Nicola e o ponta-esquerda Rezende.

Uma curiosidade que marca o período da disputa do Torneio dos Campeões, pelo Atlético, é uma briga do clube com os rivais América e Palestra Itália, hoje Cruzeiro.Os três clubes da capital tinham firmado um pacto em que se comprometiam a não assediar jogadores do rival sem uma comunicação prévia e a autorização para a negociação.

Mas América e Palestra Itália não cumpriram o combinado. O Coelho acertou a contratação do jogador Homero e os palestrinos firmaram compromisso com Lelo. A atitude gerou revolta no Atlético, que recorreu à Justiça comum a ação sumária, cobrando uma multa de 20 mil contos de réis dos rivais.

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