Cruzeiro opta por 'mordaça institucional' e veta entrevista de jogadores por turbulência no clube

Guilherme Piu
25/11/2019 às 16:38.
Atualizado em 05/09/2021 às 22:48
 (Vinnicius Silva/Cruzeiro)

(Vinnicius Silva/Cruzeiro)

O momento péssimo do Cruzeiro, que luta desesperadamente contra o rebaixamento, gerou mais uma situação constrangedora. A diretoria do clube informou na tarde desta segunda-feira (25) que os jogadores não concederão mais entrevistas durante a semana e após os jogos. A decisão deve ser preservada até o último jogo da Raposa no Campeonato Brasileiro, contra o Palmeiras, no dia 8 de dezembro.

"Devida a essa sequência péssima de resultados, uma pressão muito forte que recai sobre todos aqui no Cruzeiro, principalmente aos jogadores que são os principais responsáveis pelos jogos, evidentemente. Após a partida contra o Santos, a diretoria e a comissão técnica estiveram reunidas e decidiram que, nesse período agora, talvez até o jogo contra o Grêmio, ou talvez até contra o Palmeiras, a gente vai preservar de qualquer tipo de entrevista. A partir de hoje eles não falarão com vocês. A gente sabe que há uma dificuldade por parte de vocês, mas também há de nossa parte. Temos que equilibrar essa situação. Eles ficarão preservados. As notícias que tiverem de diretoria, ou presidente, ou Zezé Perrella, ou o Marcelo Djian ou eu estaremos aqui para falar. O Abel (Braga) vai manter suas entrevistas normalmente. Essa será a decisão tomada pela diretoria", disse Valdir Barbosa na Toca II.

Questionado se os jogadores estariam "virando as costas" para a torcida com essa "mordaça", Valdir foi categórico. 

"Eles não estão virando as costas para o torcedor porque eles vão à campo para jogar. Então, ninguém está virando as costas para o torcedor por não estarem falando com a imprensa", disse.

O dirigente ressaltou ainda que as entrevistas não mais aconteceriam, mas que se o jogador quiser convocador o torcedor não haverá qualquer problema.

"Eu disse que eles não fariam entrevista coletiva. Fazer pronunciamento chamando a torcida para o jogo não tem problema nenhum. Eles podem vir quantos forem necessários, tanto no nosso site quanto para a imprensa de uma forma geral", completou.

Sobre o silêncio dos atletas o dirigente afirmou que a decisão foi totalmente tomada pela diretoria e comissão técnica. E que os jogadores, até aquele momento, sequer sabiam do que havia sido definido.

"A decisão é da diretoria e comissão técnica. Eles (jogadores) não têm nada a ver com isso. Nem comunicamos ainda o capitão da equipe a nossa decisão", afirmou Valdir Barbosa.

O Cruzeiro deixará liberado para o jogador que queira após as partidas, ainda na beirada do gramado, conceder entrevistas para as rádios que fazem a cobertura no campo. As entrevistas para a TV são protocolares e contratuais, portanto seguem mantidas. O que não mais acontecerá e até segunda ordem são as entrevistas em zonaas mistas dos estádios ou outras áreas que não o próprio gramado ou adjacências.

E ainda de acordo com o diretor de comunicação essa decisão pela "mordaça institucional" não acontece pelo caso envolvendo o meia Thiago Neves e o técnico Abel Braga. O camisa 10 após o jogo chegou a dizer que estava jogando com dor nas panturrilhas e em um dos joelhos. Perguntado na coletiva após a derrota para o Santos sobre o assunto, o treinador cruzeirense disse que desconhecia o problema.

"Não pesou em nada (conflito de informações). Após os jogos na saída do campo eles  (jogadores) têm compromisso de entrevistas que é contratual (para a TV detentora dos direitos de exibição do campeonato). Aqueles que quiserem falar na saída, podem falar. A partir da zona mista, entrevista coletiva aqui, ou mesmo lá no Mineirão, não teremos", explicou. 

Veja outras respostas do diretor de comunicação do Cruzeiro

Onde o torcedor conseguirá notícias dos jogadores? 

"As notícias do clube serão dadas normalmente, não haverá nenhuma restrição. O que não haverá é entrevista para que eles possam ter um poquinho de tempo para fugir da pressão externa que é muito forte. Ninguém aqui está tremendo ou está com medo. Mas é importante que eles tenham mais tranquilidade em um momento tão decisivo. Quinta-feira contra o CSA é uma decisão de campeonato. Ninguém pode tirar isso de cabeça. Por mais que a pessoa tenha habilidade, alguns têm outros menos, as entrevistas sempre escapam alguma coisa até de forma indesejada pelo entrevistado. Isso pode nos causar transtorno, causa ressonância negativa para o grupo, para a imagem dos jogadores. A gente sabe da obrigação deles, mas nesse momento o clube pensando em deixa-los mais tranquilos com relação a esse tipo de coisa, preservá-los"

Interpretação dos torcedores sobre o silêncio dos atletas

"Se vocês (imprensa) têm a audiência que tem, a penetração que tem, e eu estou dizendo aqui repetidas vezes que a decisão foi tomada pela comissão técnica e diretoria, se todos levarem a notícia como ela está sendo transmitida nesse momento, eu acho que não há dúvida quanto ao torcedor interpretar. Porque o torcedor interpreta e fica sabendo daquilo que é levado pela mídia. Se é levado como eu estou dizendo, e é assim que está ocorrendo, acho que não há dúvida"

Decisão tomada pelo desencontro de informações entre Abel Braga e Thiago Neves?

"Não houve desencontro, porque em algumas situações que não são consideradas relevantes, talvez elas não são levadas ao presidente ou treinador. Ela foi levada ao Leomir pelo o médico, o Leomir conversou com o Thiago (Neves) e ele disse que tinha condições normais de continuar jogando, como continuou. Não foi preciso levar nada para o Abel, por isso ele disse que não estava sabendo". 

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