(JORGE SAENZ)
Na raça, como se pede na Libertadores. Após ver sua classificação ser colocada em xeque, com os jogadores celestes nervosos e errando muito no primeiro tempo e, depois, quando Bruno Rodrigo foi expulso aos 33 minutos da etapa final, o Cruzeiro teve sua redenção ao encontrar forças para bater o Cerro Porteño por 2 a 0, em duelo realizado nesta quarta-feira (30), no estádio La Olla, em Assunção, no Paraguai. Dedé e Dagoberto foram os heróis da partida. A Raposa está nas quartas de final do torneio continental e mais forte do que nunca. O adversário do time estrelado nas quartas de final será o San Lorenzo, o “time do Papa”. O primeiro encontro entre as equipes ocorrerá já na próxima quarta-feira (7), no Novo Gasômetro, e a decisão pela vaga nas semifinais sairá no Gigante da Pampulha, na semana seguinte. Ineficiente O primeiro tempo do Cruzeiro foi quase que um anti-clímax para o torcedor estrelado que ansiava pela vaga nas quartas de finais da Copa Libertadores. Quando o time estrelado pisou no gramado do estádio La Olla, tinha a necessidade de ao menos marcar um gol, já que o empate sem tentos classificava os paraguaios. Porém, o que se viu durante os 30 primeiros minutos foi a equipe “Azulgrana” atuando de forma consistente, que administrava o resultado, mas não deixava de assustar uma Raposa acuada, que nem de longe criava alguma expectativa em seus torcedores. Como disse o técnico celeste Marcelo Oliveira após a partida, na etapa inicial parecia que o Cerro disputava uma final de Mundial e o Cruzeiro apenas treinava. Se existia uma expectativa da torcida celeste naquele momento, era de medo. Muito por sua defesa, que estava perdida em campo. Mal posicionada, era facilmente batida. Aos 8, por exemplo, Dedé deu um “bote cego” e a bola sobrou para Corujo, que só não marcou porque Fábio teve uma grande intervenção, uma defesa daquelas que o tornou um dos maiores ídolos da história celeste, à queima roupa, de puro reflexo. Aos 17, um cruzamento pela direita caiu nos pés de Ángel Romero, que estava livre em meio aos beques estrelados. O artilheiro paraguaio só não balançou a rede porque a trave foi sua inimiga. O ataque estrelado, por sua vez, era inútil. Muito pela falta de produtividade de seu setor criativo. Anulado pelo meio, o Cruzeiro não conseguia encontrar forças para ultrapassar a boa dinâmica elaborada por “Chiqui” Arce, além de pecar muito nos passes errados, conseguindo poucas vezes dar mais que três toques sem perder a bola. Tanto foi que somente três bolas foram chutadas rumo ao gol de Roberto Fernandez durante a etapa inicial. Todas para fora. Melhorar era preciso... Aguerrido Como era de se esperar, o Cerro Porteño recuou suas linhas, afinal, o placar lhe era favorável. “Chiqui” provou no Mineirão que sabia como preencher os espaços, anulando, assim, a movimentação constante do meio estrelado, a principal característica dos comandados de Marcelo Oliveira. Era um plano de jogo bem definido. O que não parecia bem elaborado era a dinâmica celeste. Ainda que tivesse um segundo tempo inteiro para seguir ao ataque, o Cruzeiro passou a insistir muito pelo meio-campo, que estava congestionado. Com isso, a bola sempre batia na barreira paraguaia e voltava para um perigoso contra-ataque. Em um desses, Bruno Rodrigo deu um bote na hora errada e recebeu o segundo amarelo. Se já estava difícil com onze em campo, com dez a história ficou ainda mais complicada. Quando o desespero começava a aflorar, veio o alívio. Aos 35, o Cerro Porteño fez a besteira de cometer uma falta na intermediária, se esquecendo da forte bola aérea celeste. Everton Ribeiro cruzou em curva e na área achou Dedé, que subiu no “terceiro andar” para mandar a pelota para o barbante. O grito gutural saiu da garganta do torcedor estrelado. As lágrimas também. E o placar apontava 1 a 0. Dagoberto, que entrou já no final da partida, mostrou sua experiência para igualar numericamente os jogadores em campo ao provocar Corujo e fazer com que o paraguaio caísse em sua “pilha” e fosse expulso ao dar um chute fora de lance de jogo no atleta celeste. Mais que tirar um adversário de campo, ele mostrou frieza ao aproveitar um descuido da zaga paraguaia para balançar o barbante, já aos 47 minutos da etapa final. O Cruzeiro avança às quartas e prova que tem poder de superação, o que costuma ser determinante no certame. FICHA TÉCNICA CERRO PORTEÑO 0 X 2 CRUZEIRO CERRO PORTEÑO: Roberto Fernandez; Carlos Bonet, Danilo Ortiz, Luis Cardozo, Júlio Alonso; Matias Carujo, Fidencio Oviedo, Julio dos Santos, Óscar Romero; Dani Güiza (Beltrán) e Ángel Romero (Diego Godoy). Técnico: Francisco Arce CRUZEIRO: Fábio, Ceará, Dedé, Bruno Rodrigo, Samudio; Henrique, Lucas Silva, Everton Ribeiro, Ricardo Goulart; Júlio Baptista (Borges) (Léo) e Willian (Dagoberto). Técnico: Marcelo Oliveira Gols: Dedé (aos 35') e Dagoberto (aos 48' do 2º tempo) Data: 30 de abril de 2014 Motivo: Jogo de volta das oitavas de finais da Copa Libertadores Estádio: La Olla Cidade: Assunção (Paraguai) Árbitro: Dario Ubriaco (URU) Auxiliares: Maurício Espinosa (URU) e Carlos Changala (URU) Cartões amarelos: Samudio e Dedé (Cruzeiro) Cartão vermelho: Bruno Rodrigo (Cruzeiro); Corujo (Cerro Porteño) Obs: Luan recebeu cartão amarelo ainda no banco de reservas, por reclamação. Güiza foi expulso já no final da partida.