Há exatos 30 anos, virada sobre o Galo evitava rebaixamento do Cruzeiro

Gláucio Castro - Hoje em Dia
10/04/2015 às 07:17.
Atualizado em 16/11/2021 às 23:35

(Arquivo Hoje em Dia)

O momento era conturbado. O clube que imortalizou Tostão e Dirceu Lopes na década de 1960 vivia profunda crise nos anos 80. O período conhecido como “Era Bendelack/Tobi”, numa ironia às contestadas contratações da época, teria sido ainda mais amargo não fosse a virada heroica do Cruzeiro sobre o Atlético em 10 de abril de 1985, há exatos 30 anos.   Se o Galo tivesse vencido aquele clássico no Mineirão, teria empurrado o rival para a Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro – situação que se repetiria na famosa goleada celeste por 6 a 1 sobre o alvinegro em 2011, que manteve a Raposa na elite nacional.   Naquela noite de 1985, a guinada azul contou com a estrela de um jovem de apenas 21 anos. “Eu tinha dado passe para o primeiro gol e feito o segundo, estava em uma noite inspirada. Quando o juiz apitou pênalti para a gente no minuto final, eu falei ‘deixa que eu bato’ e peguei a bola”, relembra o ponta-esquerda Edu Lima, autor do gol da vitória aos 45 minutos do segundo tempo. Aliada a outros resultados, a virada por 3 a 2 salvou o Cruzeiro da degola. “Foi uma alegria difícil de descrever”, conta Edu.    De fato, era um feito digno de comemoração: o Atlético vivia grande momento e tinha vários jogadores de Seleção Brasileira, como João Leite, Luisinho, Nelinho, Éder, Paulo Isidoro e Reinaldo. Já o Cruzeiro não contava mais com o esquadrão dos anos anteriores e passava por um processo de reestruturação comandado pelo novo presidente, Benito Masci.   “Eu era garoto uns anos antes, e tinha visto todos aqueles caras disputando a Copa do Mundo de 1982 com uma das maiores Seleções de todos os tempos. De repente, me vi frente a frente com eles, e a gente tinha essa missão dificílima. Estes fatores serviram de motivação para o grupo”, relembra o ex-jogador de 50 anos, que hoje vive com a família em Salvador (BA), onde atuava como comentarista de rádio e TV.   Outro que estava no Mineirão naquele duelo histórico era Douglas. Para o ex-volante cruzeirense, a motivação da equipe azul para superar jogadores de tanta qualidade, somada à possibilidade de livrar o clube do rebaixamento, foram decisivas para a virada.    “A gente passava por uma grande reformulação, e o Atlético tinha mesmo um time muito bom. Mas a nossa vontade naquela ocasião falou mais alto. Clássico é assim. Nem sempre o time que está mais forte vence. É um jogo de superação, onde o fator psicológico também conta muito”, avalia Douglas, que depois de pendurar as chuteiras virou fazendeiro em Bambuí, no Sul de Minas.   Heróis amenizam queda de rendimento do time em 2015   Neste domingo, o Cruzeiro visita o Atlético pela semifinal do Campeonato Mineiro. E nada melhor que um duelo decisivo para motivar as equipes após os momentos de instabilidade neste início de temporada.   Para Edu Lima e Douglas, a queda de rendimento da Raposa após o bicampeonato nacional não preocupa. “O Cruzeiro tinha um jeito bem característico de jogar. Mexeram na espinha dorsal, e quando se perde tantos atletas importantes, é difícil manter o padrão e estilo de jogo. O Marcelo Oliveira vai ter que encontrar uma nova maneira de jogar. Ele precisa de tempo”, avalia Douglas.   O ex-volante aprova as contratações feitas pela diretoria, mas acredita que a vinda do cobiçado Lucas Lima, do Santos, seria fundamental. “O Arrascaeta está evoluindo aos poucos. Penso que o Lucas encaixaria muito bem. Temos que ter opções, porque a temporada é longa”, conclui.   Ainda mais confiante, Edu acredita que o Cruzeiro vai longe na Libertadores. “Aos poucos, o time vai se ajeitando de acordo com a característica dos novos jogadores. O que me anima é que ainda não vi nenhum outro time se destacando nesta edição do torneio. Não tem ninguém desequilibrando”, afirma.

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