'O fair play financeiro da CBF é um dos maiores engodos do futebol brasileiro’

Alberto Ribeiro - Hoje em Dia
17/03/2015 às 07:32.
Atualizado em 18/11/2021 às 06:22

(Lucas Prates)

Nascido em Campinas (SP), Paulo André chegou a Belo Horizonte há um mês e meio para defender o Cruzeiro. Tempo suficiente para que ele passasse a se sentir um autêntico mineiro a descobrir as coisas boas da capital. O pão de queijo é uma das iguarias mais apreciadas por ele. “O doce de leite de Viçosa (Zona da Mata) também é bom demais”, brinca. Aos 31 anos, o experiente zagueiro, que volta à equipe contra o Mineros de Guayana, quinta-feira (19), na Venezuela, pela Libertadores, continua ativo como um dos líderes do Bom Senso F.C. e não poupa críticas ao fair play financeiro, que será adotado pela CBF no Campeonato Brasileiro.   Não é comum um jogador brasileiro, quando chega a um novo clube, postar foto em uma livraria...   Sempre que chego numa nova cidade procuro visitar os lugares que aprecio. Encontrei em Belo Horizonte as cafeterias, livrarias, bons restaurantes. Sem dúvida, isso me ajuda na adaptação à cidade, a ficar mais à vontade e produzir melhor dentro do meu trabalho.   O que gosta de ler?   Eu leio de tudo. Desde romances até livros filosóficos, de psicologia. Gosto de autobiografias, ou seja, dependendo do momento, da minha cabeça, procuro uma distração, e os livros são ótimos parceiros.   Quais as janelas que os livros abriram pra você?   Eu aprendi muito cedo com a minha mãe que conhecimento nunca é demais, que ninguém toma da gente. Os livros, os filmes, todo esse lado cultural acabou expandindo os meus horizontes e eu consegui me tornar um ser humano melhor, um profissional melhor. Quanto mais conhecimento você adquirir, mais enriquecedor conseguirá ser dentro da sua atividade.   BH tem muitas opções de música ao vivo. Já foi a algum lugar? Qual seu estilo musical?   Ainda não pude ir a nenhum show por falta de tempo, pois os jogos são numerosos. Eu gosto de MPB, sertanejo, pop-rock, estou no lugar certo para poder apreciar esses shows ao vivo. Inclusive, estou sabendo que o Samuel Rosa (do Skank) vai me convidar para um show deles. Estou maluco pra ir, vamos ver se a gente consegue encaixar o calendário.   O está achando de BH?   Eu já tinha alguns amigos mineiros e sempre me dei muito bem com eles. BH é uma grata surpresa, principalmente pela hospitalidade das pessoas. Estou muito feliz aqui, é um lugar muito tranquilo e receptivo.   Você já tem algum cantinho preferido na cidade?    Por enquanto, é a minha casa, onde fico pouco tempo por causa das viagens e concentrações. Mas já tem alguns restaurantes que estão na minha lista dos favoritos, que gosto bastante e sempre que dá eu frequento.   E a comida mineira?
Já experimentei bastante pão de queijo. Estou gostando da diversidade, cada lugar tem um estilo, uma proposta. Mas o doce de leite de Viçosa tá ganhando. É bom pra caramba.   Como está sendo a adaptação no Cruzeiro?   Realmente, me surpreendi com a receptividade da torcida. Nas redes sociais tem sido muito calorosa. Os companheiros me acolheram muito bem, isso facilitou muito no início, na fase de adaptação. Eu espero que continue assim, a gente se entendendo bem para alcançar nossos objetivos, os títulos, as vitórias, que são fundamentais para que a minha história aqui possa ler longa e bonita.   O que esperar deste time, ainda em formação?   Um time jovem, mas extremamente qualificado. Estamos na busca da melhor forma, tentando encontrar soluções e corrigir os erros, para que a gente atinja os nossos objetivos no Mineiro e Libertadores.   O que falar do técnico Marcelo Oliveira?   É um grande treinador. Os resultados falam isso por si só. Tem caráter e senso de liderança ímpares. Para mim, é gratificante trabalhar com ele. Sem dúvida nenhuma ele está dentro dos três maiores treinadores do Brasil e será cotado para a Seleção num futuro não muito distante.   Como líder do Bom Senso, que avaliação faz do fair play financeiro (clubes poderão perder pontos no Brasileiro se atrasarem salários)?   É um dos maiores engodos da história do futebol brasileiro. O modelo apresentado pela CBF é o mesmo testado pela Federação Paulista, que fracassou. Em três anos, mais de 40 clubes sofreram ações trabalhistas por atraso de salários e apenas quatro foram denunciados. Não funcionou, pois nenhum atleta irá denunciar o clube, com risco de perder os pontos que ele mesmo lutou tanto para conquistar em campo. A provável retaliação da torcida e do próprio clube inibe a denúncia. Além disso tudo, exclui a fiscalização sobre o direito de imagem, que representa importante parte dos ganhos de um profissional de futebol.

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