Nomeado diretor de futebol na última semana, Paulo André, se despediu oficialmente, nessa segunda-feira (29), do Cruzeiro. A gestão da SAF, agora com Pedro Lourenço como gestor, sofrerá mudanças, e um dos cargos a mudar será o do profissional, que passa a ser de Alexandre Mattos.
Paulo André agradeceu a oportunidade de trabalhar, escreveu uma longa carta de despedida no Cruzeiro e desejou sorte ao clube nessa nova jornada. O Cruzeiro também comunicou a saída do diretor, que ainda seguirá provisoriamente na transição para a chegada de novos funcionários.
Carta de despedida de Paulo André
Eu estava buscando a melhor maneira de me despedir ao encerrar esse meu segundo ciclo no Cruzeiro (2015 - 2022/24) e no meio de tantas histórias, pessoas para citar e agradecimentos a fazer, não conseguia definir se a mensagem seria para o torcedor, para os colaboradores ou para as pessoas que estiveram comigo nessa jornada. Foi quando me dei conta de que a mensagem deveria ser para uma pessoa, aquela que ama o Cruzeiro.
No papel de responsável pela estratégia esportiva dessa reconstrução, o nosso mantra desde o dia um foi repetir às estrelas: “Ninguém é maior que o Cruzeiro”, e essa clareza nos possibilitou colocar as pessoas no centro do nosso projeto e dar-lhes o devido protagonismo sem nenhum medo de ser feliz.
Só assim poderíamos cumprir o nosso segundo mantra que era “Todos os colaboradores e categorias são fundamentais e importantes”, pois ao integrar a equipe sub20 às rotinas do futebol profissional, ao compartilhar o espaço de refeitório entre todos, ao abrir as portas de casa à equipe feminina e recebe-las como Cruzeiro, ao integrar as áreas de saúde e performance, operações e logística do futebol, análise de desempenho e scouting, etc., e ao garantir uma metodologia única e atendimento padrão desses serviços “meio” à todas as categorias, cumprimos nosso objetivo e começamos a fundamentar as bases do crescimento. Dessa forma implementamos na prática que nem nós, colaboradores e diretoria, nem os jogadores, pertencíamos a castas, categorias ou setores distintos do clube, todos éramos Cruzeiro.
Ao fazer crescer o senso de pertencimento, aumentamos também a responsabilidade e a importância que passamos a dar a cada decisão diária, a cada compra, a cada manutenção, a cada reunião interdisciplinar que entrávamos, pois sabíamos que falávamos em nome do Cruzeiro. O terceiro mantra era uma forma de garantir o distanciamento das práticas temerárias anteriores e, por isso, passou a fazer parte da nossa rotina o “fortalecer a instituição por meio de pessoas, processos e sistemas” e evidenciar que a soma dos nossos conhecimentos e experiências compartilhados seria o nosso diferencial competitivo, o nosso legado que, se praticado, sustentaria (ará) as bases desse Cruzeiro tão combatido, jamais vencido de volta aos seus dias de glória.
Ao chegar naquele Cruzeiro de Dez/2021, uma das nossas prioridades era “Resgatar os valores e a identidade do clube e de suas equipes”, pois queríamos recuperar o orgulho dos cruzeirenses e o respeito das pessoas, devolvendo ao Clube sua credibilidade e grandeza. E alcançamos esse desafio. Assim como acreditamos que o resultado esportivo de longo prazo é a consequência da soma de infinitas decisões diárias, acreditamos que os valores e a identidade do clube também o são e, por isso, não podem ficar restritos aos planos estratégicos ou às paredes, eles precisam ser respirados e praticados diariamente por todos que de fato se importam com o Cruzeiro.
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